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Mapa de Aveiro de 1934 (?)

Breve referência a Domingos Guimarães e ao mapa de Aveiro

De acordo com informações obtidas num dicionário português, eis o que obtivemos acerca de Domingos Guimarães, autor (?) do mapa que reproduzimos e que nos mostra como era a cidade de Aveiro na primeira metade do século XX, na década de 1930.

Domingos Guimarães foi jornalista, crítico e escritor português, natural de Guimarães, onde nasceu em 1869.

Foi o fundador do jornal literário "O Inferno" e um dos directores, juntamente com José Sarmento, do semanário ilustrado "Branco e Negro".

Faleceu em 1934.

O mapa aqui reproduzido, apresenta as dimensões de 294x406 mm.

Inicialmente, quando vimos a gravura onde se encontra o pequeno texto de Domingos Guimarães e que nos mostra o Canal Central e, ao fundo, o largo do «Rocio», pensámos nas décadas de 1920-30, uma vez que já não apresenta a capela de S. João. Um elemento da nossa cidade chamou-nos a atenção para o registo no mapa do Monumento aos Mortos da Grande Guerra. Sabendo-se que este monumento foi inaugurado a 27 de Abril de 1934(1) e que o autor do texto faleceu neste mesmo ano, poderemos afirmar, com reduzidas probabilidades de erro, que o mapa de Aveiro, editado na cidade do Porto, deverá ter sido impresso por esta altura. Quanto ao local de edição não existe qualquer espécie de dúvida, uma vez que o autor ou autores do mapa tiveram o cuidado de indicar, no canto inferior direito, «Bolhão - Porto». Será que este «Bolhão» é o autor do mapa e Domingos Guimarães apenas figura enquanto autor do pequeno texto que enaltece a nossa cidade? Eis uma pergunta para a qual dificilmente poderemos encontrar uma resposta segura. De acordo com ele, Aveiro é uma «terra de encanto, paisagem de maravilha! Nunca os olhos extasiados se fartam de contemplar o famoso país que cinge a cidadesinha clara!». Se ele agora aqui pudesse voltar, não mais poderia utilizar o diminutivo, porque a cidade alargou-se consideravelmente, englobando freguesias que, outrora, ficavam fora da cidade. Mas um aspecto continua sempre válido. Aveiro continua a ser uma terra de encanto, uma paisagem de maravilha, que extasia os estrangeiros que por aqui passam e lhes deixa para sempre uma marca na memória. Não é por acaso que umas senhoras brasileiras, com quem tive oportunidade de conversar, há relativamente pouco tempo, mais precisamente em Setembro de 2016, me disseram que tinham adorado esta cidade e muito apreciado terem percorrido os canais nas «gôndolas» que nele navegam. Achei encantadora a referência às gôndolas e não as corrigi, porque isso fez-me lembrar que não é por acaso que Aveiro é considerada a Veneza de Portugal.

Consultando-se minuciosamente a planta da cidade e para quem sempre aqui viveu e nasceu na década de 1940, poderemos concluir que a nossa cidade não é mais a mesma. Ainda nos lembramos da linha do caminho de ferro que chegava quase à extremidade sul do canal de S. Roque. E também de muitos edifícios que aqui figuram e que, agora, só subsistem nas nossas memórias, tais como a Fábrica de Cerâmica Aveirense, a Fábrica de Mosaicos, na extremidade norte do Canal de S. Roque, a Fábrica Aleluia, ao lado do canal do Côjo e a poucos metros da «ponte de pau», e, sobretudo, do Quartel de Infantaria 19, na Rua Castro Matoso, a mesma rua onde vivíamos e onde, frequentemente, assistimos à cerimónia do arrear da bandeira, uma rua que, nos primeiros anos da nossa vida, ainda era de terra batida ou «macadame« e onde, além do quartel e da casa dos meus avós, apenas existia, na frente, uma enorme quinta, a Quinta dos Farelas, e um enorme casarão, que só muito mais tarde desapareceu. Quinta e casarão deram lugar a novos edifícios e a uma praceta. E, mesmo em frente ao quartel, surgiram também modernos edifícios e uma leitaria, na esquina em frente ao parque. Felizmente, subsistiu até aos nossos dias, graças em parte à intervenção de uma associação interessada na preservação do património aveirense, a Fábrica Jerónimo Pereira Campos, hoje um edifício reconvertido, ao serviço da cidade.

E damo-nos por muito felizes, porque a estação e a linha do caminho de ferro ainda continuam à superfície. Felizmente que, em Aveiro, a linha não foi deslocada para baixo da superfície e a estação destruída, como aconteceu numa cidade mais ao norte, pertencente ao distrito de Aveiro.

Cumpre-nos, antes de terminar, deixar aqui o nosso agradecimento ao colega de profissão, o Dr. José Paracana, que encontrou este documento, o adquiriu e no-lo fez chegar, para o partilhar com toda a comunidade no espaço «Aveiro e Cultura».

Henrique J. C. de Oliveira

Aveiro, 15 de Fevereiro de 2017

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(1) - [1934-04-27 — Na cidade de Aveiro, foi inaugurado o monumento aos Mortos da Grande Guerra, da autoria do escultor José de Sousa Caldas, de Vila Nova de Gaia, construído a expensas da Câmara Municipal de Aveiro (Arquivo, II, pg. 198) – J.] - In Calendário Histórico de Aveiro

 

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