AVEIRO E O "MÔLHO DE ESCABECHE"
Espírito regional - Uma iniciativa brilhante

 

É preciso conhecer a vida da província na sua intimidade, para avaliar a força de vontade, a competência e as qualidades de energia que são necessárias para realizar uma manifestação regional deste quilate. É de elogiar a acção desenvolvida pelo Clube dos Galitos de Aveiro, que até marca — pode dizer-se sem exagero — como expressão de actividade no campo da cultura popular. E não é dos menos importantes este aspecto.

Aveiro tem dado à vida nacional farto quinhão de actividade em vários sectores do trabalho, do comércio, da indústria e do labor intelectual.

Não podemos esquecer que daqui veio um dos maiores espíritos portugueses do século dezanove — José Estêvão Coelho de Magalhães, grande orador parlamentar, homem de nobres ideias liberais, patriota insigne, que mereceu a honra de ter a sua estátua à entrada do Parlamento.

Daqui também nos veio outra grande figura de português, um dos nossos maiores jornalistas, sem dúvida o nosso maior polemista — Homem Christo, que manobra a sua pena com grande brilho, e que foi um dos maiores e mais conscientes propagandistas da instrução popular no nosso País.

Em todas as épocas, a linda cidade de Aveiro tem revelado os seus valores e o seu interesse pelas boas causas.

A iniciativa de educação e recreio do Clube dos Galitos também serve para mostrar que Aveiro continua sendo uma terra amável e progressiva, onde são possíveis simpáticas iniciativas desta espécie.

Eis um bom exemplo regional a considerar por outras terras portuguesas — e que deve ser encarado muito para além deste espectáculo — "Môlho de Escabeche" — que decorre na ribalta.

In: "Povo de Aveiro"  — Júlio Quintinha

 

Padeiros (Quadro XVI)


 

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