O edifício do
Cine-Teatro Avenida, construído na década de 1940, e onde se encontra
instalada a sede do nosso jornal, fez anos no passado fim-de-semana que
foi inaugurado, 39 anos, e foi ao longo deste tempo uma das grandiosas
salas de espectáculos de Aveiro, e das mais modernas do país.
Com efeito a sala de
espectáculos possuía uma capacidade para 1.370 pessoas, distribuídas por
uma plateia, dois balcões e quatro frisas, dispondo de uma central
eléctrica privada, de 60 Kws, com refrigeração e aquecimento, uma
central telefónica com 9 linhas e três máquinas de projectar.
A obra teve início em
1944, quando em hasta pública foi vendida uma parte do terreno,
propriedade da Câmara Municipal, pela quantia de 56.700.00 e mais tarde
foi vendido o restante, propriedade de um privado, Bolais Mónica, que
cedeu a sua parte por 45.360.00 tendo logo começado o Arquitecto
Rodrigues Lima a conceber o projecto.
Para a construção
deste edifício foi constituída uma sociedade, a "Empresa Cinematográfica
Aveirense, Ldª, que teve um capital social de 1.500 contos, no início,
dinheiro que foi todo gasto nas complicadas fundações, tendo sido
aumentado por diversas vezes, fazendo parte dessa sociedade Augusto
Fernandes, Joaquim Henriques, Severim Duarte, João da Costa Belo, José
André da Paula Dias, Fernando Henrique Vieira Pinto Bagão, Henrique
Alves Calado, Luís Francisco Cristiano, Manuel Bento, José Cândido
Rodrigues Pereira, Carlos Marques Mendes e Vicente Alcântara, que na
altura se revelou uma peça chave para a concessão do alvará, que estava
altamente condicionada, pois possuía já esse alvará.
Sob a orientação do
Eng.º Ângelo Ramalheira começaram as obras, algo atribuladas pois o
subsolo alagadiço obrigou a que se procedesse à extracção das lamas e
levasse injecções de areia, até uma profundidade de cerca de 20 metros,
tendo a sua construção durado quatro anos.
Foi pois em finais de
1948 que se deu a obra por concluída e em Janeiro do ano seguinte
procedeu-se à sua inauguração, tendo sido apresentado o filme português
«Não há rapazes maus...”, realização de Eduardo Maroto e escrito por
Armando Vieira Pinto, inspirado na obra do Padre Américo e que contava
com a actuação de Raul de Carvalho, Maria Lalande, Assis Pacheco,
Armando Ferreira, Luís de Campos, Maria Emília Vilas, Carlos Otero,
Maria Olguim e Canto e Castro, entre outros nomes famosas da altura.
«Aveiro e os seus
arrabaldes, a capital do nosso distrito na sua projecção representativa
de toda a nossa região sobre o resto do pais, foram sempre, para mim, no
seu admirável conjunto, a minha terra. Esta ideia, a ideia da nossa
terra, sugeriu-me o pensamento de criar aqui, em Aveiro, uma obra que
correspondesse ao grande desenvolvimento que a cidade tem tomado nos
últimos trinta anos» foi esta a abertura do discurso proferido no dia da
inauguração, por Augusto Bagão.
Também no ano da sua
inauguração o Cine-Teatro Avenida brindou os aveirenses com um
espectáculo de Carnaval, com cinema, variedades e baile, estes
abrilhantados por uma Orquestra de Variedades acompanhada pelo cantor
José Segarra.
No ano de 1984, a
Empresa Cinematográfica Aveirense e a Sociedade Figueira Praia formaram
a Aveitur Sociedade de Empreendimentos Turísticos de Aveiro, e que veio
transformar por completo o Interior do edifício, mantendo o aspecto
original exterior.
Com efeito, já com
uma agência bancária e um Bingo, que não se encontra definitivamente
instalado, o edifício vai ter um Clube de Saúde, um bar e uma esplanada
interior, um estúdio de cinema para 350 lugares, e, no antigo Salão
Nobre, que mantém a traça original, ficará a funcionar uma sala de
exposições. |