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Fica esta vila situada a cinco quilometros apenas da cidade de Aveiro.

As suas tradições, muito honrosas aliás, dão-lhe um grande relevo entre as terras do distrito e os seus costumes caraterisam-na de um modo tão especial que torna inconfundivel e singular o seu viver.

Competimos pela instrução que é a alfa do Progresso e da Civilisação de todos os povos.

Ha nesta vila um grande amor pela escola sendo já bastante resumido o numero de analfabetos. A nova geração, os homens de amanhã, quasi todos sabem ler e escrever, tendo pela instrução uma paixão que nobilita.

O professorado de Ilhavo não se tem poupado a trabalhos, para dar á instruçao o maior Impulso, conscio de que é dela que ha-de nascer o melhor do futuro da sua terra e da sua Patria.

Alem de duas escolas primarias, para cada sexo, com um contingente de mais de 100 alunos cada, ha ainda as escolas particulares, em grande numero, e muitissimo frequentadas tambem.

Apresentam-se anualmente mais de 150 candidatos aos exames de 2.º grau em Aveiro, sem contar o grande numero de crianças que se encontram em colegios das diferentes cidades do paiz e que nêles obteem a instrução e a educação.

Muitissimo mais teriamos ainda a esperar da frequencia das escolas desta vila se, a par da bôa vontade e penoso trabalho do professorado, tivessemos bôas e mais casas de escola, melhor material didatico e maior numero de professores.

A pessima situação das casas de escola afasta ainda muitas crianças da instrução que não querem arriscar a sua saude em pocilgas sem luz e sem ar que ficam a grande distancia das suas habitações. E, contudo, de esperar que, logo que seja remediado este mal, desapareça por completo desta vila esse cancro que tanto prejudica a sociedade portuguêsa – o analfabetismo.

Os liceus, as escolas normais e, sobretudo, as escolas náuticas, são tambem muito frequentadas pelos ilhavenses.


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A frequencia dos ilhavenses na escola de pilotagem, está bem a caracter do povo desta vila, pois que llhavo é uma terra essencialmente maritima. Isto explica-se perfeitamente. A maior parte da sua população (15.000 habitantes, pouco mais ou menos), dedica-se ao comercio maritimo e á navegação. E’, principalmente, do mar que vivem os habitantes desta vila, acentuando-se, contudo, hoje mais do que nunca, a corrente emigratoria para o Brazil e America. Quasi não sai dos portos portuguêses vapor algum, com destino ás terras de Santa Cruz, que não leve a seu bordo emigrantes ilhavenses, como não ha tambem navio algum das praças de Lisboa, Porto e Aveiro, que não tenha, fazendo parte da sua tripulação, alguns dos arrojados marinheiros desta vila. llhavo não tem a recomenda-la os sumptuosos palacios das grandes cidades, mas tem formosas vivendas, sendo quasi todas da mais aceada aparencia.

Com cerca de 4.000 fogos, cada casa é um ninho onde habitam ás veses tres e mais familias, sob a direcção do velho patriarca, que é quasi sempre um simpatico marinheiro, de olhos nostalgicos e faces enrugadas!...

Os nossos arrabaldes são verdadeiramente poeticos. Para o sul estendem-se grandes campos que vão confinar com a Ermida e com a Vista Alegre, onde se realisa o mercado mensal «dos 13» junto da excelente fabrica de porcelana que emprega atualmente nos seus ateliers mais de 300 operarios, todos muito activos e alguns de raras faculdades artisticas. Esta fabrica pertence á família Pinto Bastos sendo hoje seu principal proprietario o sr. Alberto Ferreira Pinto Bastos residente no Paço da Ermida, a um kilometro da Vista Alegre.

Para o ocidente espraia-se o grande areal da Gafanha com a sua mata, e a carreira de tiro da guarnição militar de Aveiro.

A cinco quilometros daqui fica a pitoresca praia da Costa Nova onde, na epoca calmosa, vão passar alguns meses, muitos habitantes de Ilhavo, de Aveiro e de outras terras do paiz.
Nesta praia ha atualmente quatro companhas de pesca que dão trabalho a centenas de braços de muitas famílias.

llhavo é cercado de campos muito ferteis, sendo atravessado pela estrada distrital que conduz a Vagos. A egreja, de 3 naves é ampla, sendo curiosa a capela do Senhor Jesus, padroeiro dos navegantes e que se encontra cercada de ex-votes e quadros marítimos.


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As industrias principais são a «do sal e do peixe, aumentando de ano para ano a do bacalhau.

O comercio progride tambem consideravelmente e pena é que a vila não tenha ainda uma linha ferrea á porta.

Povo trabalhador e pacato, os ilhavenses teem sido pouco atendidos quando tratam de faser valer os seus direitos.

Uma camara pobre de recursos, poucos melhoramentos tem feito e pode fazer na terra.
Atualmente, contudo, alguma coisa se está fazendo: anda em construção uma avenida ligando a rua Nova, com a rua de AIqueidão e o mercado coberto.

Ha aqui dois Clubs e dois jornais. Aqueles são: o Centro Escolar Republicano, onde são administrados alguns rudimentos de desenho a varias crianças, e o Club dos Novos onde os socios encontram sempre excelentes passatempos. Os jornais Brado e Nauta são independentes; simples orgãos locais que pela terra pelejam, quasi alheios á politica. Perto de Ilhavo, no Corgo Comum, ha a redacção dos Sucessos.

Contudo, o que em Ilhavo ha de mais afamado são as suas tricaninhas. A mulher ilhavense é o verdadeiro tipo de mulher formosa, muito simpatica, elegante e extremamente graciosa e adoravel. Calça e traja finamente e uma das mais gentis raparigas de Ilhavo, foi ha anos premiada no concurso nacional de beleza promovido pela llustração Portuguêsa, do Seculo. Raparigas de Ilhavo! deliciosissimos tipos de gregas, já alguem lhes chamou: As ninfas encantadas desta llha dos Amores!

P. S.