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AS FLECHAS DO AMOR
(DE ANACREONTE)
Anacreonte, nasceu na Jonia, o paiz das
violetas. As suas odes, respiram viço e alegria como as flores da
terra da Helada.
A sua vida foi toda consagrada aos prazeres.
Rendeu culto a Baco e a Afrodite e com a sua cabeleira branca,
cantou-se no meio dos risos dos festins e dos gracejos das mulheres,
a alegria eterna dos amores felizes.
Cupido foi um dia colher flores e,
descuidoso, nem sequer reparou numa abelha atarefada, nervosa,
vibrante, que bebia nectar no coração de uma rosa. Cupido foi picado
num dêdo. Ouviu-se um grito e logo ele batendo as azas, todo
lacrimoso e dolorido fugiu, voando para junto da bela Citerea.
– Oh! minha Mãe! ai de mim! ai de mim,
que eu morro, minha Mãe!
– Que te aconteceu; anjo dos meus
amores?!
– Nem sei como explicar-te! Uma
serpentesinha alada, a que os lavradores chamam abelha, mordeu-me
num dêdo!
Venus sorriu-se. – Ah! meu filho, se o
dardo da abelha te fez tanto mal, vê lá quanto devem sofrer aqueles
que tu feres com as tuas flechas!»
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