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          Textos de Apoio  | 
         
        
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          Aquilino Ribeiro 
          
          
          (1885-1963) 
            
          
            
              
                | 
              
               
              
              “Eu sou um artista rude, filho da minha terra. Nasce-se com berço 
              às costas como uma geba.  
              
              
              A Beira Alta não tem símile no Mundo. Em poucas dezenas de 
              quilómetros reproduz-se a terra toda: amenidade e braveza, a 
              colina e o vale, a civilização e a selvajaria”  
              
              
              Aquilino Ribeiro, 1952  | 
             
           
          
            
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              Biografia: “Mais não pude”  | 
             
            
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              Aquilino Ribeiro nasce a 13 de Setembro de 1885 em Carregal de 
              Tabosa, concelho de Sernancelhe. Aos dez anos, vai residir com os 
              pais para Soutosa, onde faz a instrução primária. Transita depois 
              para a Lapa, Lamego e Viseu, onde chega a frequentar o seminário, 
              abandonando-o por falta de vocação. Em 1906 muda-se para Lisboa e, 
              em pleno período de agitação republicana, começa a escrever os 
              primeiros artigos em jornais. 
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               Em 
              1907, devido à explosão de uma bomba no seu quarto, é preso por 
              suspeita de republicano. Mas consegue evadir-se e, entre 1908 e 
              1914, divide a sua residência entre Paris e Berlim. Em 1914, com a 
              eclosão da I Grande Guerra, volta a Portugal. Em 1918 publica o 
              primeiro romance, "A Vida Sinuosa", que dedica à memória do seu 
              pai, Joaquim Francisco Ribeiro. A convite de Raul Proença, entra 
              em 1919 para a Biblioteca Nacional. A partir desse ano, escreve 
              incessantemente: "Terras do Demo" (1919), "O Romance da Raposa" 
              (1924), "Andam Faunos Pelos Bosques" (1926), "A Batalha Sem Fim" 
              (1931) e muitos outros títulos. Envolvido em revoltas contra a 
              ditadura militar, no Porto e em Viseu, exila-se por duas vezes em 
              Paris (1927 e 1928) , onde casa pela segunda vez (a primeira 
              mulher falecera). A partir de 1935 o seu labor literário torna-se 
              mais fecundo: "Volfrâmio" (1944), "O Arcanjo Negro" (1947), "O 
              Malhadinhas" (1949), "A Casa Grande de Romarigães" (1957), "Quando 
              os Lobos Uivam" (1958), este último apreendido pela censura e 
              pretexto para um processo em tribunal. Entretanto, viaja: Brasil, 
              Londres, Paris.   | 
             
           
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          Em 
          1963, durante as comemorações do 50° aniversário do seu primeiro livro 
          –promovidas pela Sociedade Portuguesa de Escritores, então presidida 
          por Ferreira de Castro – adoece inesperadamente.  | 
         
        
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          Morre a 7 de Maio de 1963, no Hospital da CUF, com 78 anos. | 
         
        
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          Maria Josefa 
          Campos, a mulher de Aníbal Aquilino Fritz Tiedemann Ribeiro, primeiro 
          filho de Aquilino Ribeiro, morreu em Fevereiro sem apreciar a 
          republicação de “Quando os Lobos Uivam” pelo Círculo de Leitores, o 
          romance que preferia entre as 70 obras publicadas pelo sogro. E deixou 
          um vazio na Fundação Aquilino Ribeiro, sedeada em Soutosa (Moimenta da 
          Beira), que as câmaras das terras do Demo querem agora reconstruir. 
          Com o empenho e o apoio do outro filho do autor de “A Casa de 
          Romarigães” – Aquilino Ribeiro Machado, filho do segundo casamento do 
          escritor (com a filha de Bernardino Machado). 
          
          
            
          
          A Fundação está sem 
          presidente do conselho de administração, enquanto a casa onde o 
          escritor viveu, e que guarda vários manuscritos, o que resta de uma 
          biblioteca de cerca de oito mil títulos e outras memórias do autor, se 
          vai degradando. As autarquias daquela região querem assumir a 
          presidência. "A Fundação ficou sem presidente, porque os estatutos 
          nunca previram a sucessão", explica o presidente da Câmara de Moimenta 
          da Beira, em cujo concelho Aquilino viveu. "Os estatutos têm um 
          carácter fechado; e sem a anuência do Conselho de Fundadores não podem 
          ser alterados", adianta José Eduardo. Certo é que, "após a morte da 
          presidente, houve alguns telefonemas, institucionais, a mostrar alguma 
          preocupação, porque a casa e a fundação ficaram sem ninguém a residir 
          e solicitámos o reforço de patrulhamento à GNR para acautelar a 
          preservação da memória do escritor", reconhece José Morgado, 
          presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva, onde o escritor foi 
          baptizado. Também José Eduardo reconhece que "são precisos trabalhos 
          de manutenção, de arejamento e de conservação dos edifícios da 
          fundação devido à falta de uso". No interior dos edifícios da fundação 
          "está toda a memória do escritor e na biblioteca estão guardados 
          muitos dos manuscritos e outros livros, já que o essencial foi 
          transferido para a Biblioteca Nacional", revela o edil de Moimenta da 
          Beira. 
          
          José Morgado assume 
          a "importância do 'mestre', que pode constituir uma mais-valia destas 
          terras, cunhadas do Demo pelo escritor, mas para isso é preciso que a 
          fundação desempenhe bem o seu papel social". O conselho de curadores 
          reuniu-se com os autarcas, incluindo o de Sernancelhe, concelho onde o 
          escritor nasceu a 13 de Setembro de 1885, para "decidir a alteração 
          dos estatutos para que os três autarcas possam ocupar a presidência da 
          fundação, de forma rotativa", diz José Eduardo. Com o fim dos direitos 
          de autor "à vista, a intervenção das câmaras pode alavancar todo este 
          património em torno de um projecto de turismo cultural que promova a 
          obra e a vida de Aquilino", conclui o autarca.  
          
          O Conselho de 
          Fundadores reúne-se este mês para analisar a alteração dos estatutos. 
          
          DN, 
          16-04-10 , 
          por  Amadeu Araújo / António Pedro Pereira  | 
         
        
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          Tabosa do Carregal   | 
         
        
          | 
           
          No 
          ano de 1692, segundo uma doação de 
          D. Maria Pereira, senhora de origens fidalgas e de largas posses, foi 
          fundado na sua Quinta da Luz, sita no lugar de Tabosa, concelho de 
          Caria, e pertencente à jurisdição da Diocese de Lamego, um mosteiro 
          para freiras Bernardas Recolectas, com capacidade para 25 religiosas e 
          dotado de elevados bens 
          e rendas para 
          o seu sustento e continuidade.   | 
         
        
          | 
           
          À sombra deste 
          convento se foi constituindo a povoação da Tabosa, hoje com bastantes 
          habitações, que oscilam entre o tipo de construção tradicional e o 
          ditado pela modernidade.  | 
          
          
            | 
         
        
           | 
         
        
          | 
           
          Carregal  | 
         
        
          
            | 
          
           
          
          O nascimento de Aquilino foi registado em 7 de Novembro de 1885 na 
          Igreja de Alhais, concelho de Vila Nova de Paiva – ao tempo, concelho 
          de Fráguas –, data em que o baptismo foi oficializado pelo cura Luís 
          Machado de Morais.  | 
         
        
          | 
           
          
          Contudo, “nasceu na freguesia do Carregal, concelho de Sernancelhe, 
          diocese de Lamego, à uma hora da tarde do dia treze do mês de Setembro 
          do mesmo ano, filho natural e primeiro de Mariana do Rosário, 
          solteira, criada de servir…" É o que consta do registo de nascimento. 
          
          Nasceram também 
          no Carregal os seus dois irmãos: o Melchior 
          
          – o 
          Quinzinho do livro Cinco Reis de Gente 
          
          – em 10 
          de 
          
          Setembro de 1888 e a Maria do Rosário em 2 de Outubro de 1889. A 
          menina terá falecido cedo, mas o Melchior acabou seus dias em Soutosa 
          em 30 de Junho de 1967. Era proprietário e exercia também o ofício de 
          serralheiro.  | 
         
        
          | 
           
               
          
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          TEXTOS Aquilinianos (excertos)  | 
         
        
          | 
           
          “Luís Maneto” 
          «O 
          Luís Maneto, com vinte e quatro anos no pêlo e boa sorte no amanhã, ia 
          amiúde pelo serão da Gaudência para rentar às moças. De princípio 
          andou muito embeiçado por Glorinhas e, quando a rapariga, pelas 
          mostras, começava a dar trela, largou-a de salto. Já não era o 
          primeiro que fairava às fraldas da criatura, e como o cuco despedia 
          sem dizer: aqui me vou! Nanja que ela não tivesse uma legítima 
          arredondada e não fosse mulher curiosa, asseada, toda videira, sabendo 
          coser à máquina e cobrando boa pina das roupas que amanhava. Mas fora 
          o brinquinho do Sr. Inácio Mioma – homem de prol e agrónomo, ainda 
          longe dos trinta, de seu nome completo Inácio Relvas Maturranga, da 
          casa de Mioma, no termo de Ferreira d’Aves – e isto de fidalgos não 
          despedem sem satisfazer a cobiça com o rabusanos.  À boca grande se 
          dizia que o Sr. Inácio gozara dela forte e feio; verdade ou mentira, 
          não se livrava da fama, e por aí se ia escoando a maré do casamento. 
          
          
          O Luís foi pela vereda dos mais e, mal te precatas, virou-se para a 
          prima Florinda. Tinha aquela pecha da mão ratada, mas a legítima que 
          lhe coubesse era mesmo para obscurecer achaque de maior vulto. Além 
          disso, apreciavam-no por bem-falante e pimpão, que algum proveito lhe 
          houvera de servir a escola do cadelas e correr as sete partidas do 
          mundo, da precisão tirando arte. E o derriço pegou deveras. 
          
          
          Florinda gozava fama de cachopa limpa, em que ninguém punha tacha, e, 
          bem governada, a sua sorte não era argalho que se não visse. Breve se 
          falou no povo na gorra que os dois iam levando, e as moças, quando ele 
          lhes adiantava a mão para o amoujo ou queria arriscar uma esfregadela 
          de barba, formalmente ariscas, destemperavam: 
          
          – 
          Larga , cadelo!...larga…Não tens a Florinda?! 
          
          
          No serão, o Luís Maneto alapardava-se-lhe no regaço e assim curtia 
          horas em êxtase amorudo ou roncando de sono, quando não largava de 
          papo mariola uma  léria à  characina. Aos sábados, não a deixava 
          dançar – que fora arte que não aprendeu com os padres – e sentia zelo 
          vendo-a na fragalhotice com os mais. Bem suspirava ela, que tinha o pé 
          alceiro, mas compunha-se e, aninhados a um canto, muito engalriçados, 
          apreciavam, ou entretinham-se em fosquinhas de bem-querer (…)» 
          
          
          Aquilino Ribeiro, 
          
          “Terras do Demo” 
          
          , págs. 70-71.  | 
         
        
          
          
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          | 
           
          
          «Danado aquele Malhadinhas de Barrelas, homem sobre o meanho, reles de 
          figura, voz tão untuosa e tal ar de sisudez que nem o próprio Demo o 
          julgaria capaz de, por um nonada, crivar à naifa o abdómen dum 
          cristão. Desciam-lhe umas farripas ralas, em guisa de suíças, à borda 
          das orelhas pequeninas e carnudas como caca de noz; trajava jaleca 
          curta de montanhaque, sapatos de tromba erguida; faixa preta de seis 
          voltas a aparar as volutas dobradas da corrente de muita prata – e, 
          Aveiro vai, Aveiro vem, no ofício de almocreve, os olhos sempre frios 
          mas sem malícia, apenas as mandíbulas de dogue a atraiçoar o bom-serás, 
          as suas façanhas deixaram eco por toda aquela corda de povos que anos 
          e anos recorreu. Na velhice, o negócio tilintado através de gerações, 
          as andanças de recoveiro, o ver e aturar mundo, tinham-no provido de 
          lábia muito pitoresca, levemente impregnada de um egoísmo pândego e 
          glorioso. Nas tardes de feira, sentado da banda de fora do 
          Guilhermino, ou num dos poiais de pedra, donde já tivessem erguido as 
          belfurinhas, alegre do verdeal, desbocava-se a desfiar a sua crónica 
          perante escrivães da vila e manatas, e eu tinha a impressão de ouvir a 
          gesta bárbara e forte de um Portugal que morreu.» 
          
          
          Preâmbulo a “O 
          Malhadinhas” 
          de Aquilino Ribeiro  | 
         
        
          
             | 
         
        
          | 
           
          “Aquilino é uma nação idiomática” –
          Baptista Bastos 
          
          DESAFIO: vamos escolher o sinónimo 
          certo? 
          
          Piteiro: 
          bêbado – fiteiro – pilriteiro 
          
          Volantim: 
          muleta – andarilho – carro de mão 
          
          Mariposos: 
          borboletas – mimados – amantes 
          
          Podriqueira: 
          preguiçosa – podridão –indomável 
          
          Titilações: 
          rodopios – palpitações – cantilenas 
          
          Maranhão: 
          esperteza – ratoeira – mentira 
          
          Alvoriçado: 
          magoado – assustado – quebrado 
          
          Cadeta: 
          filha segunda – filha predilecta – filha primogénita 
          
          Borraceiro: 
          chuva miúda – chuvada – temporal 
          
          Avondado: 
          obeso – inchado – rico 
          
          Bilhestres: 
          berlindes – bilhares – dinheiro 
          
          Belfas: 
          costelas – bochechas – tripas 
          
          Cuvilheira: 
          carpideira – alcoviteira – parteira 
          
          De
          nação: governável – 
          nacionalista – autêntico 
          
          Desmonte: 
          encosta – colheita – destruição 
          
          Engalho: 
          solteiro – pendura – engano 
          
          Estreme: 
          antiquado – fino – puro 
          
          Exaustinado: 
          cansado – ponderado – destrambelhado 
          
          Fúcias: 
          facécias – face – fidalguice 
          
          Golondrina: 
          andorinha – pomba – cotovia 
          
          Irreferente: 
          arrogante – febril – indiferente 
          
          Nanja: agora 
          – sempre – nunca 
          
          Paivante – 
          rapé – cigarro – cachimbo 
          
          Palúrdio: 
          briguento – emproado – palerma 
          
          Pingueiro: a 
          cair de bêbedo – a arder em febre – coberto de suor 
          
          Pucelagem: 
          velhice – infância – adolescência 
          
          Regadinha: 
          bem regada – satisfeita – lameira 
          
          Regalão: 
          folgazão – desleixado – guloso 
          
          Sereno: 
          madrugada – calor do dia – ar da noite 
          
          Sustância: 
          energia – mioleira – equilíbrio 
          
          Tarraço: 
          aspecto – baixo – terraço 
          
          Zarelho: 
          impertinente – travesso – azarado 
          
          Tisneira: 
          eira – torreira do sol – água da torneira 
          
          Serralharia: 
          prostituição – má-língua – marcenaria 
          
          Ó
          cetrás: saudação matinal – 
          expressão de espanto – empurrão para trás 
          
          Avezar: ter 
          – dar a vez – pesar 
          
          Baldoar: 
          agradecer – elogiar – insultar 
          
          Larota: 
          ladroagem – fome – jogo 
          
          Grazina: 
          congelado – constipado – resmungão 
          
          Gravanço: 
          grão-de-bico – feijão-frade – cogumelo 
          
          Lúzios: 
          pirilampos – olhos – lanternas 
          
          Sarambeque e 
          Zanguizarra: – festa barulhenta – funeral – banho quente    | 
         
        
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