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          CONSTÂNCIA  
          
          Com um pé no rio e 
          a cabeça na lua. 
          
           “Todas as terras 
          que têm rio têm uma beleza especial. Esta tem dois. Por isso tem uma 
          beleza a dobrar. Aqui, “o Rio” é o Zêzere e o Tejo é o Tejo. (…) O Rio 
          é o Zêzere porque era de lá que as pessoas tiravam a água para casa, 
          para cozinhar, regar, lavar a roupa. Era uma água limpa, via-se o 
          fundo. Por isso o Zêzere é o rio afectivo, porque nos dava a água. O 
          Tejo metia medo. Mas (quando o rio era a auto-estrada)
          as pessoas 
          da vila viviam dele, do transporte fluvial (fervilhante de vida e de 
          comércio). 
          Por isso Constância explorava o Tejo e amava o Zêzere.” 
           
          
          (Presidente da 
          Junta de freguesia de Constância). 
           
            
          
          Vejo o puro, suave 
          e rico Tejo 
          
          Com as concavas 
          barcas que nadando 
          
          Vão, pondo em doce 
          efeito o seu desejo, 
          
          Umas com brando 
          vento navegando, 
          
          Outras com leves 
          remos mansamente 
          
          As crystallinas 
          aguas apartando. 
          
          D´alli fallo co rio 
          que não sinto, 
          
          Com cujo sentimento 
          est´alma sae; 
          
          Em lágrimas 
          desfeita claramente:  
          
          «Oh fugitivas 
          ondas, esperae! 
          
          Que, pois me não 
          levaes em companhia, 
          
          Ao menos estas 
          lágrimas levae, 
          
          Até que venha 
          aquelle alegre dia 
          
          Que eu vá onde vós 
          ides, livre e ledo! 
          
          Mas tanto tempo 
          quem o passaria? 
          
          Não pode tanto bem 
          chegar tão cedo, 
          
          Porque primeiro a 
          vida acabará 
          
          Que tão cumprido e 
          áspero degredo!» 
          
            
          
          (Camões, Elegia I, in Wilhelm Storck,
          Vida e 
          Obras de Luís de Camões, 1898, 
          p. 325)   |