Hierarquia superior

Lucius Annaeus Seneca

Lucius Annaeus Seneca (Córdova, 4 a. C. — Roma, 65 d. C.), melhor conhecido como Séneca (ou Séneca), o moço, o filósofo, ou ainda, Séneca o jovem. Classificado geralmente como estóico, nasceu por volta do ano 4 a. C. em Córdova, na altura pertencente ao Império Romano.

Ficou exilado sete anos em Córsega por conta de sua oposição a Calígula e Cláudio, no que depois foi chamado a Roma onde se tornou preceptor de Nero com 48 anos de idade.

Fez parte da conspiração de Piso que planejou o atentado a Nero, o imperador. Séneca pretendia ele próprio tornar-se imperador de Roma. Descoberto, foi obrigado a suicidar-se.

Era o segundo filho de Helvia e de Marcus Lucius Annaeus Seneca (Séneca, o Velho). O pai era um orador eloquente e muito abastado. O irmão mais velho de Lucius chamava-se Gallio e era procônsul (administrador público) em Acaia, onde em 53 d. C. se encontrou com o apóstolo Paulo. Séneca, o Jovem, foi tio do poeta Lucano.

No ano 65 d. C., Séneca foi acusado de ter participado na conspiração de Piso, na qual o assassínio de Nero teria sido planejado. Sem qualquer julgamento, foi obrigado a cometer o suicídio. Na presença dos seus amigos cortou os pulsos. Tácito relatou a morte de Séneca e da mulher, Pompeia Paulina, que se suicidou logo a seguir a ele.




Contemporâneo de Cristo

Apesar de ter sido contemporâneo de Cristo, Séneca não fez quaisquer relatos significativos de fenómenos milagrosos que aparentemente anunciavam o despoletar de uma poderosa nova religião, um facto tanto mais curioso quanto Séneca, como filósofo, se terá interessado por todos os fenómenos da natureza, como observou Edward Gibbon, historiador representativo do iluminismo do século XVIII, perito na história do Império Romano e autor do aclamado livro História do Declínio e Queda do Império Romano, uma referência ainda hoje.
 



A filosofia de Séneca
 


Séneca desenhado por Peter
Paul Rubens.

Séneca ocupava-se da forma correcta de viver a vida, ou seja, da ética. Via o sereno estoicismo como a maior virtude. Juntamente com Marco Aurélio e Cícero, conta-se entre os mais importantes representantes da Stoa romana (Stoa significa literalmente pórtico).

Séneca via no cumprimento do dever um serviço à humanidade. Procurava aplicar a sua filosofia à prática. Deste modo, apesar de ser rico, vivia modestamente: bebia apenas água, comia pouco, dormia sobre um colchão duro.

Séneca não viu nenhuma contradição entre a sua filosofia, estóica, e a sua riqueza material: dizia que o sábio não estava obrigado à pobreza, desde que o seu dinheiro tivesse sido ganho de forma honesta. No entanto, devia ser capaz de abdicar dele.

Séneca via-se como um sábio imperfeito: "Eu elogio a vida, não a que levo, mas aquela que sei dever ser vivida." Os afectos (como relutância, vontade, cobiça, receio) devem ser ultrapassados. O objectivo não é a perda de sentimentos, mas a superação dos afectos. Os bens podem ser adquiridos, na condição de não deixarmos que se estabeleça uma dependência deles.

Para Séneca, o destino encontra-se predestinado. O homem pode apenas aceitá-lo ou rejeitá-lo. Se o aceitar de livre vontade, goza de liberdade. A morte é um dado natural. O suicídio não é categoricamente excluído por Séneca.

Séneca influenciaria profundamente o pensamento de João Calvino. O primeiro livro de Calvino (e o primeiro de uma obra profícua) foi um comentário ao De Clementia, de Séneca.
 

 

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Página inserida em
19-10-2007