Procuro a inocência e a beleza
Em
cada amanhecer
Em
cada olhar
Em
cada gesto
Por
mais simples
E
singelo que seja
Procuro a paz
Em
cada ente
Que
cruza
O
meu caminho
Tão
errante
Como o das
Aves migratórias
Encontro o meu Eu
Permaneço
Em
estado de graça
A
tranquilidade assoma
O
mundo
Avança
Escuto o canto dos pássaros
Tão
virgem
Como a terra imaculada
Penso no infinito
Contemplo as estrelas
Que
tudo iluminam
Até
os meus passos
Em
calçadas escorregadias
Desperdiço o afecto dos outros
Centro-me em mim
Nas
minhas paixões
Vividas e por viver…
Uma
ânsia de futuro
Do
amanhã
De
um tempo outro
Tudo corre em infinitas direcções
Num
tempo e num espaço
Que
me escapam
Mesmo que os viva
Assim
Tão
intensamente
Quero o Universo em mim
O
mundo não besta
É
demasiado pequeno
Para comportar os meus desejos
Uma
espécie de megalomania universal
Percorre todo o meu ser
Prenhe de pensamentos
De
ideias
Claras e distintas…
Movem-se num espaço
Completamente aberto
Sem
fronteiras
Sem
limites
Sem
freios
Sou
completamente livre
O
Universo espera-me
Em
nome do reencontro derradeiro
Com
o Uno primordial
Apolo toca a sua lira
Faz
brotar o sonho
A
ilusão
A
medida
A
aparência
O
brilho
A
forma….
Dionísio solta a embriaguez
O
delírio
O
êxtase
O
instinto
A
força selvagem das entranhas da Terra
Num
único e majestoso canto
De
celebração
Sem
o comércio das palavras
Incapazes de dizer o indizível…
Resta o inefável
O
enigma
O
mistério,
O
ante-cantar
Que
as almas
Dignifica
Os
sons
Vão
e vêm
Se
apossam
De
todo o ente carente
À
espera do sossego musical
Da
magia inebriante da música
A
arte das Musas
Que
tudo atinge
Que
tudo penetra
Até
os tenebrosos rochedos
Do
Cáucaso
Onde permanece Prometeu
Agrilhoado
O
prudente
O
previdente…
Aos
homens
O
fogo doou
Como sinal do seu amor
Qual espécie errante,
Bicéfala
Capaz das maiores proezas
E
das mais cruéis atrocidades…
Isabel Rosete
31/05/ 20007
(7h.20m) |