Hierarquia superior

A infância e a instauração de uma poética da existência em Vergílio Ferreira

O sentir, os sentimentos que em nós o mundo desperta, reside no homem, sempre à flor da pele, mas também acima de si mesmo, evocando uma necessidade de transcendência do “eu” que parece não caber dentro da sua própria esfera; não como uma contingência, mas como uma necessidade, tão básica e tão preciosa como a própria existência. Por isso, «não houve lua em toda a noite e foi pena. Fazia-me bem ao sentimento um pouco de melancolia. Não tenho melancolia, eu. Também não tenho nada para em vez dela. Raiva, desespero, qualquer porcaria assim. Qualquer que estivesse acima de mim e me tomasse à sua conta. Estou metido no meu tamanho e assim é mais difícil de aguentar, porque tenho de domesticar o que é maior do que eu. De vez enquando naturalmente há a pressão. E então há a tentação de me deixar ir. Não vou. Olho à volta e tudo é grande e cabe lá tudo o que em mim é demais»[1].

Mais do que uma poética da prosa, em Vergílio Ferreira verifica-se uma poética do espírito, ou, se quisermos, uma poética da existência. Mas o que há é, sobretudo, uma poética do humano. É inarredável do seu espírito criativo um humanismo absoluto, mesmo quando tomamos contacto com o seu ensaísmo ou com a sua obra ficcional. É também aqui, nesta dimensão da palavra igualmente criativa, que se afirma o espírito de criador total.

É, ainda, essa Palavra infinitamente criadora que nos revela essa preocupação sistemática em pensar o homem, na sua humanidade; o homem, o que existe de mais espantoso no seio da existência. Assim o vê o autor quando cita os primeiros dois versos do segundo coro de Antígona: «O homem teve sempre a unificação do tronco e só nos ramos era diversificado e folclórico. Agora é só diverso e como justificar a diferença sem nada em que permaneça? O homem é um jogo de espelhos, com reflexos mútuos e divertidos sem nada do eu seja a reflexão. O homem é a luz de um astro para haver luz e ainda há. O homem é a ficção de si sem nada do que ainda seja ficção – mas malabarismos mentais acabou»[2].

Para além de todas as considerações, o autor procura uma definição de homem. Importa saber, não apenas “O Que é o Homem?”, questão essencialista que exige uma resposta do tipo “S é P”, que procura, à maneira dos lógicos, uma definição nominal, mas, sobretudo, “Quem é o Homem?”, seguindo a linha existencialista, segunda a qual a figura humana é determinada não tanto pela sua essência, mas pela sua existência. Sabemos que há múltiplas definições de homem, desde a apresentada por Cícero no princípio de todas as reflexões humanistas ‑ «gens nulla tam fera», «tam fera quae non scicat Deum esse» – ou de Aristóteles que o rotulou com a “etiquetaxvon logon econe fê-lo carregar o peso da pura racionalidade durante séculos.

Foi responsável pela existência de um Homem marcado pela ausência do sentir, dos sentimentos, que mesmo presentes não são nobres, têm um estatuto inferior ao da razão, continuando a dualidade antropológica determinada desde Platão e assaz acentuada por Descartes e outros mentores do racionalismo.

Mas sabemos, também, que o homem «é um animal que ri, é um bípede sem penas mas antes disso porque só aí começa a ser humano, um animal religioso». Independentemente das definições, torna-se claro para o autor a emergência dessa necessidade de o homem ser humano, não obstante o orgulho e a mediocridade, a sabedoria, a inteligência ou a ignorância, a petulância ou a estupidez. Mas o que interessa é explicar o mistério da vida, o mistério da vida humana, aquém e além de todas as definições, porque o homem é, para Vergílio Ferreira a sua própria vida: a sua essência reside na sua existência, ou melhor, a sua essência reside no seu próprio modo de vida. E é na infância que encontramos a verdade essencial e indestrutível para a vida inteira, essa verdade guardada na memória que retém todo o passado e anuncia todo o futuro.

O tema da Infância do homem, da infância do próprio autor, surge na escrita vergiliana antes de mais porque é um tema que faz remontar ao mais originário, ao início, à fonte impalpável do sentir. Assoma, naturalmente, desde Manhã Submersa (1988), sendo depois recuperado em muitos dos seus romances posteriores.

A Infância é essa espécie de menoridade mental, uma espécie de primeiro estádio existencial, o primeiro modo de ser e de estar do homem no mundo, onde repousam só aquelas coisas que existem para quem não cresceu.

Vergílio Ferreira não se coloca, obviamente, numa posição psicologista ou psicanalítica, quando escreve sobre a infância, sobre a sua infância, mas numa linha puramente existencialista, que envereda pelo sentido da auscultação das marcas de um “euvivente sempre personificado, mas nunca objectivado, que, aliás, perpassa, toda a sua obra. Esse “eu” vivente, nesse primeiro estádio existencial, incorpora em si o excessivo de tudo quando a vida começa, o entendimento do incompreensível, a melancolia de estar só.

«A infância, lembro-me às vezes, escreve Vergílio Ferreira, em Até ao Fim. Lembro-me pouco, é curioso. Possivelmente tem-se a infância do que se é na idade adulta. E não ao contrário. A única coisa que me lembro na idade adulta – será isso ser-se? A única coisa que me coube na idade adulta é aguentar. Aguentar é ser contra o que nos é contra, tudo tem sido tão contra. Mas às vezes, a infância, a adolescência – que é que vem ter comigo desde então?»[3].

Vergílio Ferreira determina, aquém e além de todas a definições ou problemáticas, o seu grande objectivo para a humanidade:

(1) «Retornar à medida humana e está lá a grandeza toda»;

(2) «A reconversão ao microcosmos em que tudo está ao alcance da mão»;[4]

Afinal, «o homem é que criou tudo que criou. E ao princípio era ele. O homem só não é o princípio quando é o fim estendido para arrumação». Então já não falamos do homem, mas «do lixo municipal».

Mas Vergílio Ferreira, o narrador, detesta este tipo de figura, de rosto, em que o homem se tornou, pela sua mania do problema, pela mania de entender, por essa obsessão excessiva de ser histórico, «sentado na História como se ela fosse um carro eléctrico»[5].

E detesta-o, ainda, por trabalhar a um número alto de pulsações por minuto, mas, sobretudo, por se parecer consigo, Vergílio Ferreira, pelo que o repulsa em si mesmo: essa «emoção fácil», esse «vício reflexivo»[6]. O homem é assim mesmo; e o seu «destino é estoirar», a não ser que haja um freio que se lhe coloque, sempre que não pensa como um animal racional, sempre que não tem ideias e viva, apenas, de violência e de inutilidades.

Mas o que podemos dizer, ainda, do Homem? Encontramos ou não, um conjunto de palavras que o possam “definir”, ou pelo menos, determinar os traços do seu ser si mesmo? «Olho as últimas estrelas, mas tudo é falsificação. Que outra definição para o homem? Também gosto de definir. Génio no desemprego, também. Construção aérea de si, imaginário de si. Também. Ser falsificado. É a definição do Homem.»[7]

Essa poética do humano, essa poética da existência, onde Vergílio Ferreira funde, em última instância, o homem e a arte, é anunciada e enunciada em Do Mundo Original, onde o autor reflecte especificamente sobre a arte, sobre o romance, na esteira de Malraux ou de Cassirrer, apontando no próprio destino da arte o destino do homem (tema que desenvolveremos com particular acuidade no próximo capítulo), também claramente enunciado numa obra posterior – Pensar (1992) – onde perguntar pelo futuro da arte torna-se sinónimo do perguntar pelo futuro do homem[8].

Nesta obra se vislumbra o autor de Espaço do Invisível. Uma vez mais e sempre a questionação das coisas e do mundo, a reflexão em torno da arte e de todas as suas implicações estéticas na sua relação com o tempo.

Desta notável obra ensaística, dois livros que ficarão, «para sempre», como um marco notável do ensaio contemporâneo: Invocação ao Meu Corpo e Pensar, estes últimos escritos de acordo com o estilo do seu Diário (a sua obra maior em extensão, pois abrange nove volumes, publicados entre 1800 e 1994).

Pensar, assume já uma dimensão fragmentária, pois é constituído por breves apontamentos de reflexão acerca da vida quotidiana, do país e do mundo, desse mundo que o autor contemplava sem se deixar envolver por ele de um modo directo, mas cujo íntimo sofrimento não era menor por isso. Projecta-se uma vez mais, o autor, nesse Espaço do Invisível, ou seja, nesse espaço metafísico onde só as ideias e o espírito que lhes é subjacente sobrevivem.

De facto, movemo-nos por entre a invisibilidade como quem se move por entre nevoeiro denso. Por ela, a nossa vida verdadeira submerge ao olhar do mundo. Nasce, porventura aí, o nosso sofrimento maior. Talvez a nossa solidão definitiva. Por vezes, a solidão do escritor é um mito, há muito instaurado em certas mentalidades. Não obstante, ser solitário é isso mesmo: ser invisível face ao olhar agressivo e violento do mundo, um mundo cada vez mais incompreensível perante cada existência individual. Ao olhar do espírito, a complexidade do mundo assume uma dimensão absurda, pois os caminhos do homem devem procurar a simplicidade. Este será sempre um dos princípios da superior criação: só pela simplicidade poderemos algum dia ser verdadeiramente fecundos.

E apesar de fragmentário, em Pensar, há uma nova compreensão do homem, um novo julgamento acerca da nossa condição de seres viventes no meio social. Mas há, também, uma visão cristalina, como se o autor estivesse a descobrir o mundo pela primeira vez. Sentimos sempre essa obsessão: a procura pelo começo do começo, a busca do inaugural, do absolutamente primeiro, tão fascinantemente presente em Até ao Fim: «Todo o começo é ingénuo e necessário. Toda a esperança está cheia de um deus mortal. Um filho que nasce, uma obra que se inicia. Uma verdade que se ilumina. É a história do homem (...)»[9].

É preciso ser simples até à origem, até ao elementar e «entender o sinal do início. Do que é gratuito». É preciso regressar às «origens do mundo na terra final desabitada», e tomar nas mãos toda a história do Homem, «desde um dia até um dia», e atirá-la para o mar onde se dissolve na «espuma enrodilhada», dispersando-se no seu rumor. Porque o autor sabe que o «Universo vai começar», ouve-o no «estrondear intenso das águas», como não ser ele aí no começo de si. «E o aroma intenso à vida, à fertilidade, o mar sabe a voz primordial»[10]. Porque, afinal, o que há a nascer não tem memória como é próprio de quem nasceu.

Mas, no entanto, essa visão do homem que é ao mesmo tempo uma visão do começo, da origem, não é desencantada (apesar da aparente amargura de múltiplas afirmações, pois a lucidez é o seu principal atributo. E não há lugar para o desencanto ou para a desilusão, ou, mesmo, para um desânimo fatal. O autor, continua, “até ao fim”, com a sua tarefa de questionador. E é na própria interrogação que o leitor quase consegue vislumbrar a resposta. Dessa iluminação da palavra, resulta a essência da “genialidade” de Vergílio Ferreira, conceito que utilizamos secundando o conceito goethiano no que respeita ao universalismo da literatura.

Dessa cristalinidade presente em Pensar, obra onde não existe propriamente uma teoria filosófica ordenada, mas um conjunto de reflexões direccionadas numa ideia fundamental, que é, justamente, a defesa do espiritual contra o material, o desejo de ver justiça no, lugar da injustiça, dizíamos que o autor parece descobrir o mundo novamente, como se até aquele momento estivesse adormecido num limbo qualquer.

Se não encontrámos ainda a tão apregoada “maturidade” do escritor, tão discutida pelos críticos, mas que para nós ainda não se tornou um conceito claro, cabe‑nos abordar onde a capacidade reflexiva se alia à “maturidade” da palavra e no qual o nosso autor explana as principais questões que dizem respeito ao homem, tema central e unificador de toda a sua obra.

Esse livro, Invocação ao Meu Corpo, representa o lugar-limite do pensamento do autor. O corpo de que aqui nos fala, como sendo uma das temáticas fundamentais, não é apenas o seu, mas sobretudo o de todos nós, filhos de uma terra à qual damos o nome e a qual, por sua vez, nos dá o nome. Pelo corpo somos os imediatos questionadores do universo: nada é superior à força divina, mas também nada é superior à nossa imanência.

A circunstância imanente, a condição imanente, material, contingente, mortal, acaba por se tornar um poder na ordem cósmica; somos limitados dentro dos nossos limites: essa é a primeira grandeza do homem. Se assim não fosse seria impensável construir a Civilização; seriam impensáveis o afecto e o amor, bem como a loucura apaixonada dos grandes desafios; em suma, todo o imaginário que nos faz ter apreço pela vida.

O que neste livro é colocado em evidência é o seu humanismo; é a compreensão do humano na sua totalidade que é aqui entrevista. Trata-se de uma visão pessoal (e por isso é que é original) em torno, não só da condição humana (e segundo o “humanismo existencialista”), mas, sobretudo, em torno do destino e do dinamismo desse mesmo destino, subjacente ao grande espírito universal. Este espírito obedece, pelo menos desde Hegel, a uma força cósmica, invisível na sua essência, que o faz mover sem disso se dar conta.

O que faz do humanismo de Vergílio Ferreira um novo humanismo, é precisamente o lugar que nele o homem ocupa. Desta vez, não é apenas o espírito universal a causa principal da reflexão, embora este permaneça implícito. O que está precisamente em causa é o homem e a sua contingência. Existem, porém, os tais universos paralelos, de que falámos no início, que não se compreendem fora dessa contingência. Enunciámo-lo já: a Morte, o Tempo, Deus, a Razão e o Mistério a tudo subjacente. O que Vergílio Ferreira procura resolver é, simplesmente, a conciliação do inconciliável, essa mesma problemática já abordada na cultura e pensamento português, por Pedro de Amorim Viana e, posteriormente, por Sampaio Bruno.

No entanto, a posição de Vergílio Ferreira deve ser compreendida, de acordo com o próprio tempo e de acordo com determinadas coordenadas histórico ‑culturais que em nada se assemelham às posições dos autores supra referidos. É certo que a dicotomia fé-razão permanece, mas é de notar que Vergílio Ferreira não se coloca na posição de um místico, antes, pelo contrário, pois o seu racionalismo, baseado na retórica e numa dialéctica mais próximas do fim do século, não lhe permitem o arroubo místico, apesar do intenso simbolismo de que se reveste a sua obra ficcional.

O autor sabe que a questão da crença não é passível de um tratamento racional, mas a razão aceita-o, da mesma forma que é capaz de aceitar o enigma da verdade. Não devemos explicar Deus por aquilo que ele é, a não ser pela sua própria divindade; a não ser pelo mistério que encarna. E não devemos ignorá-lo, simplesmente, porque Ele não é passível de uma explicação: pressente-se, está ao nosso lado, pois é assim que queremos que ele seja.

E é assim que o aparentemente inconciliável se torna aparentemente conciliador: fazer do homem, mais uma vez, o centro de todos esses universos paralelos. Esta é, seguramente, uma das teses centrais que podemos recolher no universo literário vergiliano, e pela qual é anunciado o lugar próprio do novo humanismo que nos é proposto. O autor procura a total elevação do humano ao considerar o Homem como corolário de Deus, da Razão, do Tempo e da Morte; universos paralelos que se unificam e se tornam um só; e essa unificação dá-se; dá-se justamente na assumpção do corpo, o verdadeiro sistema que nos rege e pelo qual nos guiamos; é nele que reside a verdade absoluta; é nele que procuramos as respostas para as grandes dúvidas que nos assaltam na angústia do tempo.

Seria tudo mais fácil, talvez, se conhecêssemos os limites da razão. Mas, mesmo essa, que ilusoriamente parece dominar, possuem territórios inexplorados; não lhe conhecemos o limite e não o conhecemos, muitas vezes, devido, não só ao excesso de razão, mas também devido à ausência dessa mesma razão. Por ela se determina a sua moral, bem como toda a sua conduta, presente ou futura. Por sua vez, também é possível vislumbrar a sua ausência pelo gesto inconsequente, pela palavra fácil, pelo pensamento irreflectido.

Não faz da razão a essencialidade do homem e essa é simplesmente a sua humanidade. Pela sua instauração, pela sua evidência, já não se pode esperar a resposta definitiva, pois a evidência é, por si mesma, a resolução de toda a dúvida.

Não basta, todavia, a razão para demarcar o humanismo de Vergílio Ferreira. Há dois universos paralelos que parecem lutar um contra o outro. Nessa luta, tão eterna como o espírito humano, estão em jogo o destino, a predestinação e o acaso, quer dizer, uma vez mais a pura contingência. É ela que determina o fascínio de estarmos vivos: a luta entre o Tempo e a Morte não é mais do que o grande desafio do Ser em relação ao seu limite desconhecido; Tempo e Morte são ilimitados, mas, note-se, e em conformidade com os traços mais finos do pensamento vergiliano, é o próprio homem que os instaura: o Tempo é uma construção mental e a necessidade da sua instauração corresponde ao milenar sofrimento humano.

Tornamo-nos escravos da hora, não só em homenagem àqueles que cumpriram o ser tempo, mas sobretudo pela necessidade de nos regermos por fusos que nos fazem sair do caos, pois sempre fomos avessos a ele, mesmo que nos lembremos do princípio grego, que data do início dos tempos, segundo o qual a ordem, o cosmos nasceu do caos, como do seu princípio originário.

A Morte, por seu lado, é outra construção mental, pois corresponde a outro desejo, que se traduz na necessidade de explicação de um universo do qual nada sabemos e pelo qual a nossa curiosidade arde de inquietação permanente. De acordo com o pensamento do autor, esse estádio não nos pertence e não nos pertence de tal forma que devêramos ignorá-lo, apagá-lo da nossa memória: rouba-nos energia que deveríamos aplicar, por exemplo, na resolução de certos destinos menos misteriosos, mas mais conformes à nossa humanidade.

E, por fim, o grande Mistério do Mundo, que não abarca apenas a morte, mas toda a essencialidade divina, ou seja, toda a opacidade de Deus; uma divindade tão misteriosa que, que por mais que a nossa crença queira ignorá-la, permanecerá sempre como uma entidade, não apenas misteriosa, mas assume em si a unificação de todo o mistério universal. No pensamento vergiliano, o Mistério avulta como a essencialidade absoluta. É por isso que o autor jamais abdica da questionação. E questionar o Mundo devia ser o nosso primeiro destino, em vez de nos mantermos no comodismo da pura passividade, dado, não obstante, a nossa ânsia de clarividência, ou, como havia dito Aristóteles, o nosso desejo, natural de saber, de conhecer o mundo, de conhecer os homens e de nos auto-conhecermos, bem como o mistério, a auréola enigmática que envolve tudo isto.

Dessa interrogação ao Destino, princípio que aplicou ao estudo biográfico dedicado a Malraux, uma das suas grandes influências teóricas, um dos seus grandes guias, ausculta-se sempre a premência da morte e, como tal, a auscultação do Mistério. É por ele que vivemos; é por ele que a esperança recusa abandonar-nos. Porque o Mistério será, talvez, o último estádio do espírito, o último estádio da interrogação interminável.

Isabel Rosete
Aveiro, 06/03/2007


[1] Idem, Ibidem, pp. 136 – 137.

[2] Vergílio Ferreira, Até ao Fim, p. 166.

[3] Vergílio Ferreira, Até ao Fim, p. 147.

[4] Idem, 175.

[5] Cf. Idem, Ibidem, p. 192.

[6] Idem, Ibidem, p. 183.

[7] Idem, Ibidem, p. 201.

[8] Cf. Idem, Ibidem, pp. 239 – 240, onde se lê: «como vê o futuro da sua arte? Ou talvez do homem?».

[9] Vergílio Ferreira, Até ao Fim, p. 141.

[10] Idem, p. 227.

 
 

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