Fátima Manuela Bóia, Poemas

"Escura Realidade"

Por um tapete de folhas
E sob o olhar da esfera lunar
Desci ao mundo onde tudo e nada
Estão contra a minha abandonada alma...
Aí, onde as labaredas de fogo
Ardem com a braveza e rapidez de uma flecha,
Sou reduzida a cinzas, a pó...
...A umas pequeníssimas
E insignificantes partículas,
Em que todos querem pisar escrupulosamente...
Triste e ressentida vagueio por
Caminhos estreitos, sombrios, sem vida...
Alimento-me de rios ressequidos
E de plantas sem semente...
Procuro incessantemente algo
Que me desperte, me acorde e me ajude
A levantar do túmulo em que me sepultaram,
Pois as forças, essas, deram o seu último sinal
No dia em que não consegui suportar a dor,
Em que enfrentei, desprevenida, a realidade...
Não consigo sequer dar um passo e
Seguir o tempo que escorre lentamente...
Talvez consiga esperar ele por mim...
Talvez...


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