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Eduardo Manuel Maia Figueiredo


Meu País desgraçado...

Sebastião da Gama

 



Meu país desgraçado!...
e no entanto há Sol a cada canto
e não há mar tão lindo noutro lado.
Nem há céu mais alegre do que o nosso,
Nem pássaros, nem águas...

Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
 – busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.

E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclamam filhos mais robustos!

Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem forças, sem haveres!
– olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
                                       
Sebastião da Gama

 

Meu País desgovernado...

Eduardo Figueiredo

 

 

Meu País enevoado!...
Por enquanto há chuva a cada canto
e não há mar tão sujo noutro lado.
Nem há céu mais triste do que o nosso.
Nem pássaros, nem águas…

Meu País mal votado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?

Este Povo
de cabeça erguida, mãos firmes,
de olhos com fé
 – sabe, dentro de si, e só em si – aonde
a causa da miséria se lhe esconde.

E em nome dos desgovernos
a quem ele deu a Terra, o Sol, o Mar,
elege-os do pó,
com poeira no seu novo olhar.

Abaixa-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a firme tortura
que te reclama ainda e mais abortos!

Povo anémico e triste,
meu ZÉ sem forças, sem haveres!
 – olha a desventura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao votar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que até por Amor, já te desprezam!

                         Eduardo Manuel Maia Figueiredo
 

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