CANTA, que eu canto,
              sou o teu eco!
CHORA, que eu choro,
              sou o teu pranto!
LUTA, que eu luto,
              sou o teu escudo!

              Mas não me peças,
              por Deus te peço,
              Que mate,
Mesmo que avance,
Armas na mão,
Bandeira à frente,
Junto com outros,
Em multidão,
E todos julguem que esse avançar,
Para matar,
Produz heróis
E abastece de nomes a História dos nossos filhos
E de monumentos as praças da nossa Pátria,
Nem assim mato.

Vou com os outros, se for preciso,
Mas a gritar
Que cada herói, nome ou cartaz
Marca centenas, milhares, milhões
De órfãos, viúvas e desgraçados,
A quem, no fim, prestam homenagens,
Pobres miragens,
Trágicas farsas
Em que os actores
São os... senhores
Que encomendam metafísicas e morais
Para chicotes de conduzir mortais
Ao açougue em que mora o seu poder,
Onde nasce a fortuna
Que é escarro,
Lançado à face de milhões
Que atraídos pela ilusão
De defender as pátrias e as ideias,
Arrastam depois, penosamente,
As feridas,
As mutilações,
As misérias
E as condecorações
Que ficam a marcar,
Tragicamente,
A heroicidade inútil
De MATAR...

MALDITA SEJA A GUERRA!
É o meu grito.

Se um dia eu passar de armas na mão,
Para lutar,
É porque porque vai travar-se uma batalha,
É porque está em perigo toda a Terra
E urge eliminar
Um só inimigo, que é a GUERRA!

   

 

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