Eu vinha do meu sonho,
Um sonho que era carne,
Um sonho que era pedras
E era cor, também;
Um sonho que nasceu
Em leitos doutras terras
E por elas perdeu
O perfume das serras,
Inocente,
Mas que por lá ganhou,
Para trazer,
O ar fresco dos choques criadores
De novos voos para além do horizonte!

E pensava no que vira...

Tudo era TUDO.
Os verdes, os rosas, os azuis,
Os brancos e outras cores
Eram cores.

Os capitéis, os fustes,
As pilastras
Eram volumes porque eram volumes.

As janelas, os claustros, as arcadas
Eram espaços,
Onde a vida entrava
E aguardava
A hora de sair
E ser vida, de novo.

E via...

Horizontes cortados por muralhas,
Tectos escuros a tapar o céu,
Mordaças fortes a impedir os gritos,
Nuvens de lama amolecendo os ecos,
Rios sem água,
Bocas sem pão,
Olhos sem vida,
Desilusão!

Mas não..

Viver,
Para morrer,
É covardia.
Morrer,
Para viver,
É valentia.

Se é preciso lutar,
LUTEMOS.
Se é preciso esperar,
ESPEREMOS.

Mas o que não podemos
É parar
No sonho de vencer
Tudo o que nos impeça
De VIVER!

   

 

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