SANTO,
Não creio em ti,
Mas creio
No HOMEM que tu foste e que pecou.

Creio no amor;
Na carne e nos prazeres
Que soubeste gozar
E vencer.

Creio, sobretudo, no teu gesto
Que afagava
E nas palavras que por igual dizias
Aos homens, às pedras e aos lobos,
Chamando-lhes IRMÃOS.

Era de PAZ
A mensagem de amor que transmitias,
Abrindo os braços às coisas e aos seres,
A tudo o que fosse natureza,
Sem separar o HOMEM que tu eras,
Das pedras e dos bichos, teus irmãos,
A que chamavam feras.

Era de PAZ
E era universal, essa mensagem,
Pois tinhas a coragem
De a tudo envolver,
No teu abraço de FRATERNIDADE!

Se voltasses agora...
Encontrarias:
Pedras, irmãs das pedras que tu viste;
Aves, irmãs das aves que sentiste
Cantar, junto de ti, em teu louvor;
Águas, irmãs das águas que choravam;
Feras, irmãs das feras que matavam
Quando não tinham mais o que comer!
Encontrarias todos os irmãos
Que deixaste, ao partir!
Mas também...
Entre os homens, as feras mais ferozes,
Aquelas que não sabem
Outras palavras que não sejam
GUERRA,
Destruição e luta sobre a terra,
E fabricam heróis, de cuja carne,
Alimentam seu ventre insaciável.

Verias, irmão HOMEM, em que eu creio,
Como é difícil e até perigoso,
Chamar IRMÃO, em abraço total,
Que queira dizer PAZ,
Esse milagre,
Em que é pecado, hoje, acreditar!

SANTO,
Não creio em ti.
Mas vem.
Vem como SANTO para os que em ti crêem,
Vem como HOMEM,
Vem como quiseres.
Mas vem!

Aqui prometo e aquí juro,
Ó SANTO,
Que voltarei, de novo, a crer em ti,
Se fizeres o milagre,
O milagre verdadeiro,
De ser compreendido.
Se tratares como irmãos
Que são,
Os homens e as feras que se matam,
Gritando a posse de qualquer VERDADE,
Verdadeira ou não.

Faz o milagre da PAZ
E que ela seja,
Para os homens,
Para todos os homens,
Na Terra,
Em toda a Terra,
A mensagem de Amor que negue a Guerra!

É preciso que venhas,
SANTO ou HOMEM,
Para negar
A toda a Humanidade
Uma só LIBERDADE,
A de matar!

   

 

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