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    Durante 
    os largos espaços de tempo que o pessoal militar era obrigado a passar, 
    longe dos grandes centros urbanos, um dos maiores inimigos era a ociosidade, 
    a falta de ocupação, quando não tinha actividades específicas atribuídas, 
    operações para fazer ou deslocações entre a sede do batalhão e os 
    estacionamentos temporários na vasta zona do território angolano atribuída a 
    cada companhia. 
    
    Quando as 
    saudades apertavam, a correspondência recebida e os aerogramas a escrever, 
    para dar notícias à família, ajudavam a passar o tempo e acalmavam as 
    saudades. Noutras ocasiões, havia que improvisar actividades, que variavam 
    em função do temperamento ou da imaginação de cada um. Havia quem se 
    entretivesse a conviver com os nativos e a registar fotograficamente os 
    diferentes momentos para mais tarde recordar. Outros arranjavam actividades 
    menos onerosas, mais acessíveis à bolsa magra de cada um. E destas 
    actividades variáveis, algumas levavam à criação de miniaturas com palitos; 
    outras levavam ao aproveitamento dos selos da correspondência para a criação de capas para 
    os álbuns das memórias; outras ainda levavam a actividades que, em 
    contextos diferentes, poderiam ser mal interpretadas. Todavia, estas 
    últimas, neste 
    contexto específico, eram um excelente passatempo, que permitia a cada um, com engenho e arte e um 
    pouco de tecido e paciência, criar pequenas obras de arte utilitária. E 
    surgiam assim naperons excelentes para servir de base à decoração de uma mesa, ou para enviar 
    como recordação às namoradas ou à família que estava lá longe, a centenas de 
    quilómetros, à espera do fim de uma comissão e regresso definitivo à 
    metrópole. 
    
    As 
    imagens seguintes mostram-nos duas das actividades que ficaram como recordação 
    de 
    tempos passados: as capas dos álbuns e molduras para fotografias, feitas com 
    os selos da correspondência recebida, e os «naperons» para oferecer à 
    família. Estes exemplares foram executados durante a permanência no Quixico, 
    porque uma vez em Pereira de Eça ou em Luanda, outras formas mais agradáveis 
    surgiam passar o tempo. 
    
      
        
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         Capa de álbum feita com 
        selos.  | 
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         Moldura para 
        fotografia.  | 
       
      
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         Naperon modelo 1  | 
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         Naperon modelo 2  | 
       
     
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