Acersso à hierarquia superior
 

Livro do 1.º Centenário do Liceu de Aveiro (1851-1951)

2 – Discursos

a) – Alocução do Reitor, proferida à sacada principal do edifício.

Estudantes do Liceu de Aveiro!

Duas palavras apenas, porque o momento, de pura alegria e regozijo, é mais para obras, é mais para abraços e exclamações festivas.

Obrigado, rapazes! Muito obrigado, por haverdes acorrido, em tão grande número, ao apelo da Comissão Executiva do 1.º centenário do nosso Liceu! É que esta festa só é grande, precisamente, pela Vossa presença em Aveiro nestes dias memoráveis e, em especial, junto e dentro deste edifício de 91 anos) aonde, depois de mendigar guarida a casas impróprias para o seu funcionamento, veio em 1860 acolher-se o Liceu, criancinha que então apenas contava nove anos e hoje ostenta as honrosas credenciais dos cem. Cem anos, cheios de vigor, tem esta gloriosa instituição da capital do Distrito de Aveiro, à qual tanto devemos do que somos e do que valemos.

Obrigado, rapazes de há 65, de há 50, de há 40 anos! Obrigado, rapazes e raparigas de há 30, de há vinte, de há dez, de há cinco, de há dois anos!

Muitos de vós, os mais antigos, já quase não encontrareis, do vosso tempo, senão as paredes mestras do edifício que / 60 / frequentastes, do edifício onde formastes o vosso espírito de portugueses e onde vos começastes a preparar para vencer as dificuldades e responsabilidades da vida prática. Para muitos dos que me escutais, já nem mestres, já nem empregados, já nem sequer existem as salas onde destes lições ou onde vos submetestes às torturas dos exames. Quase tudo desapareceu para grande número dos que neste lugar se encontram. Mas, se quase tudo desapareceu, não desaparecemos nós, felizmente, para recordar o aspecto interior do edifício do nosso tempo e para evocar os mortos, envolvendo-os no manto da nossa imperecível saudade! Graças a ela, aqui voltamos a ver, como então, pelo dom inestimável da memória, os nossos professores, os nossos condiscípulos, companheiros de trabalho e travessuras, os contínuos que nos aturaram os desmandos e irreverências – o velho Zé Pardal e o Sousa Maia –, os empregados da secretaria que nos matricularam e nos passaram as certidões e as cartas com que transitámos a outros liceus ou ascendemos aos Cursos Superiores, quando imediatamente nos não lançámos na vida prática.

Quero ser, como vós, nesta ocasião, simples antigo aluno, que aqui se vos junta para esta jornada saudosa. Peço-vos que como tal me olheis, especialmente. Porque, se também sou professor e também, por acaso, reitor, esta qualidade só quero invocá-la para momentaneamente ligar o nosso presente ao passado de cada um de nós – mesmo ao passado dos primeiros alunos, e dos outros, e dos outros, até agora. Que cada um de vós, e eu mesmo, suponha encarnado em mim o seu reitor.

Estou aqui, por momentos, para, em nome de cada um deles, vos receber e saudar.

Na minha humilde pessoa suponde, portanto, representados todos os reitores desaparecidos, que, se pudessem ressuscitar, aqui vos receberiam, nestes dias inolvidáveis das comemorações centenárias do nosso Liceu, para vos abraçar, como eu abraço todos quantos por aqui passaram desde 1916 até hoje.

É, pois, com o pensamento neles que eu comovidamente vos saúdo e vos dou as boas-vindas, rapazes e raparigas do Liceu de Aveiro!

Sede bem-vindos!

Antes de nos dirigirmos para o salão nobre da Câmara Municipal, onde o Sr. Presidente Dr. Álvaro Sampaio, ilustre professor deste Liceu, nos saudará em nome da cidade, entrai por momentos nesta vossa casa. Prestar-lhe-eis assim, simbolicamente, a homenagem que lhe deveis como bons filhos.

Os antigos alunos em frente do Liceu, na altura em que os saudava o Reitor.

 / 62 /

E agora, para terminar, gritai comigo:

– Viva o nosso Liceu!

– Viva o Liceu de Aveiro!

– Viva a cidade de Aveiro!

 

 

Página anterior

Índice de conteúdos Página seguinte

59-62