Quem,
de qualquer modo, anda ligado a negócios de minérios ou a indústrias
mineiras, não desconhece o alto valor industrial da Empresa das Minas de
Anadia, L.da. Bastará dizer que a Empresa das Minas de Anadia, L.da é
detentora da maior organização industrial do País para a exploração do
minério de manganês. As suas minas – vulgarmente conhecidas por Minas do
Freixial – são as melhor apetrechadas e com maior capacidade de
produção.
São gerentes desta firma os srs. Bento Pereira de
Carvalho e Rui de Pinho e, com excepção do técnico de
máquinas, que é de nacionalidade francesa, todo o pessoal da empresa é
português.
As minas são tecnicamente dirigidas pelo sr. eng.
Valentim Cerdeira, que tem por auxiliar o agente técnico de
engenharia sr. Alexandre de Andrade e Sousa, e ali trabalham para
cima de quinhentos operários, na sua grande maioria trabalhadores
especializados.
Os seus gerentes, homens de uma só fé, absolutamente
integrados no verdadeiro espírito da organização corporativa, orientam
superiormente toda esta grande empresa, cujos serviços administrativos
estão a cargo do sr. Fernando de Araújo Gouveia, homem de rija
têmpera e de extraordinárias faculdades de organizador, como tivemos
oportunidade de observar numa visita que fizemos às instalações.
A demonstrar a feição fortemente impulsionadora dos
homens que orientam esta grande empresa está o facto das instalações que
estão a montar para a concentração de minério – instalações baseadas em
processos técnicos inteiramente novos e que muito honram a indústria
nacional. Toda a maquinaria empregada neste novo processo foi fabricada
na Metalúrgica de Beja e nos estaleiros de S. Jacinto, sob o risco e
patente de Henri Dallemagne, o grande técnico que se encontra ao
serviço de Minas de Anadia.
Independentemente das instalações a que nos referimos e
da secção de «scheidage», estas minas possuem todas as demais
instalações que uma organização desta natureza exige, e assim, os
serviços administrativos e técnicos estão devidamente organizados, com
instalações próprias, modelares.
Desde o gabinete da gerência às secções de Armazéns,
Carpintaria, Serralharia, tudo encontramos com método. A par dos
escritórios, há o gabinete dos Serviços Técnicos, com alojamento para
engenheiros, sem esquecer o indispensável balneário. A Empresa possui,
ainda, uma bem montada cantina da qual se abastece todo o pessoal e suas
famílias, dispondo também de uma cozinha
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209 / económica, onde diariamente é servida
uma refeição quente a todo o pessoal – iniciativas do maior alcance
social.
A assistência médica também não foi esquecida, como não
poderia deixar de ser, e está confiada à acreditada Companhia de Seguros
«Tranquilidade», que ali mantém um pequeno posto de socorros, além de
dois médicos privativos, os srs. drs. Cancela de Amorim e
Mendes Leal.
Trata-se, na verdade, de uma grande organização,
diferente de algumas outras organizações mineiras do país, sobretudo
pela exploração a que se consagra – a do minério de manganês.
Esta grande Empresa tem toda a produção tomada pela
Sociedade Mineira de Sazes, L.da, mercê de um contrato de exclusividade,
que garante o fornecimento de minério de manganês a toda a indústria
nacional.
A quem visite a linda região da Bairrada aconselhamos uma
visita a esta organização, com a certeza de que não dará o seu tempo por
mal empregado, observando um notável exemplo de trabalho disciplinado.
E não podemos deixar de registar, finalmente, o são
critério a que obedece a direcção desta Empresa, tanto no campo social
como no campo industrial. Patrões e operários deram as mãos para honrar
esta grandiosa indústria nacional, e os gerentes de Minas de Anadia,
pela nítida compreensão que demonstram com o seu espírito de direcção e
magnificamente integrados na ordem social dos nossos dias, bem merecem
ser distinguidos nesta obra tão alta e eminentemente portuguesa.
Uma nota curiosa: em dia de Santa Bárbara – 4 de Dezembro
– os trabalhadores de Minas de Anadia, L.da festejaram,
entusiasticamente, o dia da sua Padroeira, com diversas cerimónias
oficiais, entre as quais destacamos uma sessão solene na Câmara
Municipal e um almoço de confraternização do pessoal superior, tendo a
sua gerência oferecido uma esplêndida merenda a todos os trabalhadores e
suas famílias, distribuindo-lhes também calçado e artigos de vestuário.
Foi, na verdade, uma festa altamente simpática, em que
patrões e operários demonstraram cabalmente o maior espírito de
solidariedade, e que demonstra o ambiente social em que se desenvolve
esta poderosa organização.
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