LICEU DE AVEIRO

Recordam-se algumas fases da sua actividade

escolar, que merece modernas instalações

O liceu de Aveiro, que se acha instalado num edifício especialmente construído para esse fim, graças às reiteradas instâncias do grande tribuno José Estêvão Coelho de Magalhães, foi inaugurado em 1860. Em 1887 − 27 anos após a sua inauguração − esteve para ser transferido, mas não chegou a realizar-se a transferência, em parte devido a uma vibrante campanha que o falecido grande jornalista Homem Cristo abriu no “Povo de Aveiro”.

Atravessando épocas de grandes renovações, o liceu de Aveiro foi escola por onde passaram alguns dos maiores nomes da intelectualidade portuguesa.

Fachada do Liceu de AveiroRelativamente aos últimos anos da sua existência, deve mencionar-se o seguinte, entre os progressos do liceu: a) − Organização e montagem do gabinete de ciências naturais, obra do prof. Álvaro Sampaio; b) − enriquecimento da biblioteca e sua eficaz utilização; c) − realização de conferências culturais, públicas, feitas por notáveis individualidades, estranhas ao liceu (drs. Fidelino de Figueiredo, Luís Carrisso, Jaime de Magalhães Lima, Joaquim de Carvalho, Hernâni Cidade) e por professores da casa: d) − palestras de alunos; e) − festas cívicas c patrióticas; f) − récitas escolares no Teatro Aveirense, dirigidas por professores.

De Julho de 1926 a Julho de 1931, foi reitor o prof. José Pereira Tavares, que já havia dirigido o liceu, como reitor interino, durante os meses de janeiro, fevereiro e março desse ano.

A partir de 1927, passou o liceu a ter como patrono a José Estêvão, velha aspiração do Concelho Escolar e da cidade.

Mercê, especialmente, da revista «Labor», fundada em Janeiro de 1926 por José Pereira Tavares, Álvaro Sampaio e Armando Coimbra, reuniu-se no liceu de José Estêvão, em Junho de 1927, o primeiro congresso do Ensino Secundário.

No mesmo ano, em setembro, foram feitos importantes melhoramentos no velho edifício anexo, graças à verba de 50 contos para isso concedida pelo Ministro da Instrução, dr. Alfredo Magalhães. Foi, assim, possível instalar nesse edifício, com certa decência, as três primeiras classes.

Data de 1929 a fundação da «Sociedade dos Antigos Alunos do Liceu de Aveiro», que tem prestado ao liceu importantes benefícios de ordem material e moral.

Além disso, instalou-se, embora em sala acanhada, o gabinete de geografia, com sua secção colonial − principalmente devido aos esforços do prof. José Barata, hoje do liceu de Santarém; sofreram grandes melhoramentos os gabinetes de física e química, e o liceu continua a exercer a sua acção cultural, extra-escolar, encetada nos últimos tempos da reitoria de Álvaro Eça: nele fizeram notáveis conferências públicas o cap. Almeida Moreira, de Viseu, e os drs. Alfredo de Carvalho, Guido Batelli (italiano) Joaquim Figanier, Jaime de Magalhães Lima e Bento Carqueja.

Secretariaram o liceu durante esta reitoria, os professores: Rebelo de Queirós, que abandonou a Secretaria em 1928 por haver sido nomeado professor do Liceu de Lourenço Marques; Álvaro Sampaio (fev.º de 1928 a set.º de 1928) e Francisco de Assis Ferreira da Maia, que ainda hoje exerce esse cargo.

Biblioteca do Liceu de AveiroDe Julho de 1931 a Janeiro de 1938, decorreu a reitoria do prof. João Joaquim Pires, cuja acção foi, sob todos os aspectos, notabilíssima. Materialmente o liceu viu realizados os seguintes melhoramentos: a) − Construção de um pequeno pavilhão para a cantina e instalação desta; b) − Montagem de instalações sanitárias para uso dos alunos, com todos os requisitos modernos; c) − substituição dos velhos telhados do edifício principal; d) − construção de um palco no ginásio, destinado a festas e representações escolares; e) − construção de um telheiro para arrecadação das bicicletas dos alunos / 148 / de fora da cidade; f) − enriquecimento dos gabinetes de ciências, geografia e física. Por doença deste reitor, que veio a falecer no dia 11 de Maio de 1938, assumiu a direcção deste liceu o professor Luís Tavares de Lima, vice-reitor.

Em seguida, sucedeu na reitoria, após rápida passagem do prof. Feliciano Ramos (setembro de 1938), o prof. Machado Simões de Araújo, nesse ano colocado em Aveiro, o qual exerceu o cargo, com inteiro aprazimento do corpo docente e das estações oficiais, durante os anos lectivos de 1938-39 e 1939-40.

Finalmente foi de novo chamado à reitoria o prof. José Pereira Tavares, que tomou posse no dia 23 de Outubro de 1940.

O Liceu de José Estêvão, se bem que ultimamente registe apreciável decrescimento da população escolar, em virtude da concorrência do ensino particular, é, ainda assim, um dos mais frequentados liceus da província. Eis a sua frequência nos últimos três anos lectivos: 1940-41 − 414 alunos; 1941-42 − 366 alunos; 1942-43 − 414 alunos.

Acha-se votada, desde 1939, a verba de 1130 contos para ampliação e modernização das instalações do liceu de José Estêvão. A almejada ampliação far-se-á, segundo projecto, há muito incluído, à custa da demolição do velho edifício anexo e da expropriação das casas particulares que com o liceu confinam pelo sul. Parece, porém, que o Governo reputa preferível a construção de um edifício novo.

Oxalá venha breve esse indispensável melhoramento, bem necessário e desejado por toda a população e pelo respectivo corpo docente.

Sobre a interessantíssima história deste liceu existe um curioso livro do ilustre professor sr. dr. José Pereira Tavares, a quem também devemos os informes para o presente artigo.

 

 

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