A vila de Arouca, entre as serranias do Arreçaio, da
Chave e Seca, com seus campos banhados pelos rios Arda e Paiva, tem as
mais remotas tradições. O velho Mosteiro de Arouca, que no traçado das
suas edificações ainda nos mostra imponência e grandeza, é de fundação
muito anterior à da Nacionalidade. Só por si, esse Mosteiro, com o que
resta dele, constitui um dos grandes motivos de atracções turísticas do
distrito de Aveiro.
O vale de Arouca, de origem lacustre, pela abertura na
Pedra Má, deu, com o decorrer dos tempos, terrenos de fertilidade pouco
vulgar. A parte sul é de constituição granítica e a restante xistosa,
havendo em muitos pontos ricos jazigos de estanho e volfrâmio; ao norte
é atravessado, quase tangencialmente, pelas zonas paralelas do jurássico
e carbonífero.
Os habitantes do Vale dedicam-se, quase exclusivamente, à
agricultura, vestindo-se com tecidos modernos: mas ainda há poucos anos
usavam o burel, a serguilha e o linho, que teve em Arouca, um grande
centro de cultura.
Os habitantes da serra usam o burel, estopa, serguilha e
linho muito grosseiro, com tendência para o desaparecimento; do pelo de
cabra, torcido e passado por um vaso com água, fazem mantas com o
aspecto de feltro, com que nas noites frias se cobrem. As suas casas são
cobertas ou de palha, sobre a qual colocam uns paus em forma de grelha,
que carregam com pedras, para não serem descobertas com o vento (ao acto
de pôr estas grades, chamam, desde o século XIII, «cangar», e ao
desfazer, o «descangar» as casas), ou com xisto em lâminas muito
grossas. Dedicam-se à apascentação e, fracamente, à agricultura, que é
muito pouco remuneradora.
Arouca foi um centro produtor de cera, não permitindo as
freiras a sua venda para fora por necessitarem dela para o culto.
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