Paira
no ar um cheiro a maresia...
Descem do céu jorros de luz ardente
Ouviu-se o sino, já deu meio-dia,
E o mar, mais calmo, espera paciente.
Ao
longe, na areia, há manchas inquietas
Em lida esforçada;
São torsos morenos, esbeltas silhuetas,
Reflexos doirados de pedra molhada.
Preparam-se
os barcos, preparam-se os homens...
Como são pequenos, como é grande o mar!
E como é abafado, junto da campanha,
O rouco vozear!
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Há
rolos de cordas, há montes de redes,
Há braços tostados;
Ouvem-se ranger músculos doridos,
Ecoam nos peitos estranhos gemidos,
E os remos volteiam, lentos, compassados...
Parece
que o mar se agita ao contacto
Da intrusa equipagem,
E brame e recua, medroso e espantado
De tanta coragem.
Vê-se
um ponto ao longe. Estão no alto mar,
Logo voltarão...
Já não trazem cordas, já não trazem redes,
Voltam já sem forças e sem ambição.
Jaime Páscoa
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