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                Presidente da Associação de 
                Estudantes – Sara Neves 
                
                
                 «Ex.mo 
                Sr. Presidente da Assembleia; ilustres professores e amigos. 
                 
                A Associação de Estudantes da Escola Secundária José Estevão, 
                convidada a intervir nesta sessão, fá-lo com muita honra e com 
                grande sentido de responsabilidade, pelo facto de estarmos a 
                representar a comunidade, sem a qual todo o processo educativo 
                perderia o sentido, a comunidade 
                estudantil. 
                 
                Cento e cinquenta anos de ensino liceal é realmente muito tempo. 
                Foram cento e cinquenta anos a ensinar e a projectar. Cento e 
                cinquenta anos a indicar caminhos, a traçar personalidades, a 
                fornecer valores e conhecimentos, a moldar existências, a ser 
                circunstância. 
                 
                A história da cidade de Aveiro, confunde-se com a história do 
                ensino liceal em Aveiro. Assim como a história de cada um de 
                nós, Aveirenses ou Aveirenses por adopção, está inteiramente 
                ligada com a história da Escola José Estêvão. Os nossos pais, 
                avós, tios, professores, conhecidos, através das suas 
                reminiscências, foram-nos mostrando um bocadinho destes cento e 
                cinquenta anos, mas como será compreensível é o Liceu 
                contemporâneo que melhor conhecemos e sobre o qual temos 
                credibilidade para falar. 
                 
                Tendo na abertura à comunidade o seu vanguardismo actual, o 
                Liceu de Aveiro contínua a levar as suas finalidades avante: 
                forma pessoas, cria cidadãos. 
                 
                A evolução do contexto histórico-social obrigou-o a uma 
                adaptação, mas nem por isso o descaracterizou. Continuou a 
                demarcar-se dos demais, pelo rigor e profissionalismo; pela boa 
                preparação dos seus alunos. 
                 
                O edifício da nossa escola não foi sempre o mesmo. Passaram por 
                ela inúmeros professores, funcionários e alunos. As mentalidades 
                que percorreram os corredores desta instituição foram diversas; 
                os problemas com que se debateu são diferentes dos problemas com 
                que o Liceu se debate actualmente. Obviamente, o conhecimento 
                actual nada terá haver com o conhecimento de há dez, vinte, 
                cinquenta ou cem anos atrás. O espaço físico da escola 
                transfigura-se de ano para ano; mas tenhamos presente uma coisa: 
                qualquer estudante relembrará sempre a sua escola. 
                 
                A escola é mais do que o espaço ou a memória de uma fachada. Ela 
                representa o amigo e o professor, a convivência, a irreverência, 
                a aprendizagem, a intervenção, a rejeição ou a aceitação e 
                porque não dizê-lo, o crescimento. 
                 
                Cada vez mais acreditamos, que a escola será tanto melhor, 
                quanto melhores forem aqueles que a construírem. Devemos ter a 
                capacidade de abstracção suficiente, para reconhecer que o 
                pequeno nada que cada um de nós vive desta instituição, é apenas 
                mais um, entre os inúmeros nadas “vivênciais” - passo a 
                expressão - dos cento e cinquenta anos do Liceu de Aveiro. 
                Orgulhamo-nos do passado mas não vivemos dele ou nele. 
                 
                Para finalizar um poema da autoria de Carlos Corga: 
                «Hoje venho falar-te do tempo: 
                Não, 
                não é do tempo que faz, 
                não é do sol ou da chuva, do vento ou do frio. 
                Hoje venho falar-te do tempo que passa: 
                Sim, 
                do tempo de ontem que é já hoje e logo é amanhã. 
                Daquele tempo que finge mais do que o poeta, 
                porque finge que não passa 
                mas afinal sempre passa. 
                Do tempo que traz a marca de cada um de nós 
                e que está em todas as coisas. 
                Do tempo que é a máscara de todos os sonhos, 
                que é o poeta de cada momento: 
                Que já foi menino, 
                que brincou, pulou, correu 
                e num instante é o nada. 
                Hoje venho falar-te 
                para dizer que não olhes para trás 
                porque esse tempo passou. 
                Que tens de olhar para a frente 
                e viver o momento do tempo que é teu.» 
                Obrigado.” 
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