Esta é a escola. É este o tempo.
Ama-a ou detesta-a. Indiferente, nunca. A indiferença
compra indiferença. E, ainda não tens idade para ser indiferente. Nunca
se tem idade para a indiferença. Os pais castigam quem mais amam, os
filhos amam quem mais detestam. Amo – odeio, logo existo.
Esta escola não é esta coisa – tornada – objecto.
Estamos em casa onde quer que estejamos. Aqui ou algures,
é o que menos importa. Reais, são o espaço da memória, o tempo de
desejar ser, o acto de fazer-se.
Esta escola não é gente, mas tem rosto de gente, de gente
viva, mesmo que já não seja ou só exista lá, onde começa a utopia e o
futuro se deixa apropriar. Esta escola tem alma. E é possuída por um
corpo.
É uma alma – seiva, que vem das lonjuras do passado e
continua, sempre igual ainda que sempre diferente, transfigurada, sempre
prestes a reencarnar, mesmo que noutro tempo, noutro lugar, ainda que só
no nosso imaginário, ainda que desaparecido já o corpo-prisão.
Foi, é feita, está a fazer-se, por gente real: tu, eu,
nós.
Nós somos ela e ela está em nós e só por nós existe. Não
foi, é; não é, será. E quando vier a ser, será o que for, porque foi o
que foi, porque é o que é. Esta é a escola.
Escola – mãe.
Escola – madrasta.
Escola – caserna.
Escola – jardim.
Escola – memória.
Escola – acto.
Escola – saudade.
Escola – recusada.
Esta escola tem mil faces. E todas verdadeiras, e todas
falsas.
É uma escola – árvore, porque raiz, fruto e flor; porque
passado, presente, futuro. Nela, é sempre tempo de semear e de colheita.
É o espaço da tentação, onde a inocência já não tem lugar. Onde, o fruto
proibido deve ser por demais apetecido e provado.
É, deve ser, Terra de fazer Homens, capazes de olhar os
deuses de frente e de escolher a Liberdade, ainda que seja só a de
sofrer e de morrer por ela.
Este é o tempo e o lugar de excessos e de ausências, de
urgências e de palavras adiadas.
Este é o tempo de não ter tempo e de ter saudades do
tempo que não foi vivido em devido tempo.
E é tempo.
De ilusões sem ilusão.
De esperanças e desenganos.
De viver intensamente.
De sonhar apaixonadamente.
De ser Quixote e Sancho.
De ter os pés na terra e a cabeça nas nuvens... ou
inversamente... e, porque não? Ousa voar.
Aqui e agora, plenamente, que este seja o teu tempo.
Que esta seja a tua Escola - Pátria.
E que a tua Vida seja obra - prima.
Seja este o tempo e o lugar de aprender, de recordar, de
desejar, de ser, de futurar.
Esta é a Escola.
É este o Tempo.
Nossos.
Fomos. Somos. Seremos.
Ermelinda Campos
Organização do Dia da Escola |