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É muito
fácil concluir que o rendimento do Curso Geral Liceal é extremamente
reduzido. A nível nacional, a percentagem de estudantes trabalhadores
que, ao fim de 3 anos – duração normal do curso, concluem o Curso oscila
entre 1 a 5 em cada cem, a confiar nos dados publicados há uns anos
atrás. Também nesta escola, os resultados são desanimadores. As razões
para isso podem ser encontradas nos programas – cópias dos programas dos
Cursos Unificados feitos para crianças e adolescentes, mas
principalmente nas condições de trabalho e de vida dos trabalhadores que
pretendem continuar os seus estudos. Até porque uma grande parte dos
estudantes abandonam os estudos, durante o ano, o que se vê pelo n.º de
anulações de matrícula ou pelo n.º elevadíssimo de faltas às aulas.
A ninguém
levanta dúvidas que é preciso reformular o ensino para
trabalhadores-estudantes, mas é preciso também ter consciência que os
problemas deste tipo de ensino vêm de fora. E sabe-se hoje que mesmo a
existência de quadro legal de protecção dos trabalhadores estudantes não
resolve os problemas. Aliás, sabemos que não resolve os problemas da
massa dos trabalhadores estudantes, mas cria problemas de controlo ao
sistema de ensino.
É difícil
fazer uma análise do rendimento do Curso Geral Nocturno. Nos anteriores
números do «Aliás» tínhamos prometido tentar uma abordagem do problema
do rendimento do Curso Geral Liceal, até para comparar com o rendimento
do Curso Geral por unidades capitalizáveis. Considerámos, no entanto,
que não eram comparáveis por uma análise pouco profunda, quer pelas
diferenças essenciais no tipo de avaliação – enquanto no Curso Geral
Liceal os alunos só aproveitam ano a ano, no Curso Geral por U.C., os
alunos aproveitam unidade a unidade – quer pelas diferenças no tamanho
das turmas, no tipo de leccionação e no controle da assiduidade.
De
qualquer modo, podemos tentar fazer uma abordagem de alguns pontos de
vista que sejam comparáveis.
Por
exemplo:
Dos 31
alunos UC, matriculados em 1986, só 3 tinham concluído em 1989 (ao fim
de três anos). Apesar do sistema por UC permitir que os alunos completem
o curso (em menos tempo), nenhum deles fez o curso em menos de 3 anos.
Assim, em 3 anos, menos de 10% dos alunos concluíram o Curso.
Dos 53
alunos matriculados (à totalidade das disciplinas) em 86, no Curso Geral
Liceal, só 8 tinham concluído o curso em 89. Em três anos, mais de 15%
dos alunos tinham concluído o curso. Significa isto que, apesar das
desvantagens em relação ao novo curso em regime experimental, o
rendimento do Curso Geral Liceal teve uma rendibilidade absoluta (número
de diplomados) maior que o Curso por Unidades Capitalizáveis.
Tomemos
os quadros gerais do ano de 88/89 com o número de alunos inscritos em
cada ano de cada um dos cursos:
Podemos
ver que, ano a ano, e para os alunos inscritos em cada ano, a
rentabilidade do Curso por Unidades Capitalizáveis é maior que a do
Curso Geral Liceal.
Ainda
dois apontamentos sobre o Curso Geral Liceal:
Dos 53
alunos matriculados no 1.º ano, em 86, 19 concluíram o 1.º ano (fizeram
todas as 7 disciplinas), e destes, no ano seguinte, 10 concluíram o 2.º
ano. É interessante saber que alguns dos alunos com aproveitamento do
1.º para o 2.º e do 2.º para o 3.º não continuaram os estudos ou tiveram
de anular a matricula. Destes alunos, só um, dos aprovados no 2.º ano, é
que não completou o 3.º ano, no ano seguinte, por ter reprovado a uma
disciplina.
Dos 133
alunos, matriculados em 1990 no 3.º ano do Curso Geral Liceal, só 22
fazem o percurso do Curso Geral. Os restantes são alunos oriundos do
Curso Unificado e, em pequena parte, vindos de outras escolas a meio do
Curso. Destes 22, 11 completaram o Curso Geral, mas só 4 o fizeram ao
fim de 3 anos, 2 em 4 anos, 1 em 5 e outro em 6, 3 em 8 anos. Outro dado
com interesse: Dos 133 alunos inscritos, 67 estão inscritos em todas as
disciplinas e, destes, 18 tiveram aproveitamento a todas elas. Dos 133,
56 não fizeram qualquer disciplina, 16 fizeram 1, 14 fizeram 2, 8
fizeram 3, 4 fizeram 4, 7 fizeram 5 e 7 fizeram 6.
Por estes
dados se fica com uma ideia da baixa rentabilidade dos Cursos Nocturnos,
que têm de ser reformulados. Que se fique também com a ideia de que o
problema não reside s6 no sistema de ensino. E que não é o novo sistema,
por si s6, mesmo em regime experimental, que altera o panorama da
rentabilidade do sistema de ensino. Além de que muitos dos alunos que
frequentam os diversos anos do CGL vêm dos Cursos diurnos e é por isso
necessário pensar em formas de os integrar no novo sistema de unidades
capitalizáveis.
AM |