Escola Secundária José Estêvão, n.º 3, Abr. - Jun. de 1991

Habituámo-nos a ver as escolas sempre do ponto de vista do "insucesso escolar", de tal modo e tão sentidamente, que não somos capazes de ver como somos relativamente bem sucedidos. Não discutimos e nem nos alegramos com os alunos que têm muito boas classificações, mas discutimos e "fingimos" grandes preocupações com as classificações menos boas ou más. Digo «fingimos» porque habitualmente só nos preocupamos com as classificações e não com as aquisições dos conhecimentos e competências. Este «nós» que persegue o texto não se refere só aos professores – refere-se aos pais, aos professores e aos alunos. Só se discutem a sério as classificações e, no entanto, aí está só uma pequena parte do que a escola é, do que a escola dá. O que a escola dá (ou não dá) de fundamental não está só nas aulas e muito menos está só nas classificações. Quando assim procedemos estamos a desvalorizar a escola e reduzi-la a um grande edifício burocrático capaz de passar diplomas para este ou aquele efeito. E, no entanto, todos os dias da nossa vida (de professores, alunos e pais) podemos apontar um milhão de coisas boas que acontecem.

A escola está a sofrer obras de reparação. Está a ser pintada e a ficar mais arranjada e bela, para já, por fora. Merece que a (e nos) olhemos de outra maneira. Vamos fazê-lo do ponto de vista do sucesso. Não quer dizer que com isto nos deixemos de preocupar com o insucesso, mas pode querer dizer que tomamos como via para o seu combate, fazermos melhor, termos mais sucesso. Procuramos deixar de lado a perspectiva de lutar por ter menor insucesso. Essa luta é de vencidos à partida, é de quem procura fazer o "menos mal". A nossa luta é contra o insucesso, porque vamos melhorar, se possível, no essencial.

As classificações virão melhores com certeza.

A escola completa, considerando o mar das dificuldades em que vive (só ela?), é uma "escola de sucesso". As suas organizações próprias e as autónomas (Associações de Pais e de Estudantes, principalmente) cumpriram o seu papel com sucesso. Se o devemos dizer, porque não dizê-lo?

 

Testemunho

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola teve sérias dificuldades, durante este ano, especialmente resultantes da eleição tardia dos seus Corpos Gerentes. Mas apesar dessas dificuldades, nunca outra Direcção da Associação de Pais (e nós nunca tivemos razões de queixa em tantos anos) esteve tio empenhada na Escola. Não só participou nas reuniões dos Conselhos para que foi convocada, como motivou outras reunl6es especialmente com alunos – como se pôs a resolver problemas que a Escola tem e que a Escola-Instituição, por si só, não pode resolver.

Os estudantes dos grupos Independentes de teatro precisavam de panos de cena para o palco do ginásio (alguém sabe quanto custam os panos de cena?). A Associação de Pais encomendou-os e mandou-os colocar. E depois não descansou para os pagar, procurando subsídios pelas empresas e Instituições da cidade.

Os estudantes finalistas precisaram de apoio para o seu baile na escola. A Associação de Pais lá esteve no apoio.

A Associação de Estudantes organizou várias Iniciativas e sempre procurou apoios e sugest6es junto da Associação de Pais. E esta nunca lhos negou.

As escolas têm dificuldades de "protocolo" e este ano serve de "exemplo a não seguir" no que respeita a "atitudes" de reconhecimento. A Associação de Pais desta escola merece o nosso louvor público, o reconhecimento da Escola. Aliás, merece também gratidão.

Por mim, considero a Associação da casa – sem precisar de convite para entrar.

O Presidente da Associação de Pais, Eng.º Carlos Santos, já colaborou nesta outra forma de "escrever" a Escola. Abertos sempre para as outras formas de estar e viver a escola, o «Aliás» espera que a Direcção da Associação de Pais colabore, ... naturalmente.

E fazemos votos para que ganhem também a colaboração e apoio da maioria dos pais e encarregados de educação para a escola. A escola fará por merecer o carinho.


Arsélio Martins

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

Página anterior Índice de conteúdos Página seguinte

pág. 3