O elogio dos exercícios
Entre os números 19 e 20 do Aliás, passaram-se vários
meses. Tal não se fica a dever a dificuldades de falta de assunto.
Há só falta de tempo para fazer tudo o que é preciso fazer. Os
responsáveis do “Aliás” lamentam as faltas. Mas talvez tivesse sido
pior se não tivessem feito todas as outras coisas que lhes foi
possível fazer nesse tempo em que deviam ter feito o pequeno jornal
da escola.
Durante estes meses, os responsáveis do “Aliás”
andaram repartidos por tarefas de acompanhamento do novo programa de
Matemática e por diversas outras iniciativas de formação que, se
pouco visíveis para os professores desta casa, ocupam muito tempo.
De certo modo, muitas das ideias que se vão defendendo, também neste
pequeno jornal, têm vindo a ser transformadas em acção.
Uma das lições mais importantes destes tempos reside
na possibilidade de funcionamento colegial dos órgãos da escola e na
capacidade dos diversos intervenientes (e dirigentes!) em assumirem
as suas tarefas e responsabilidades com autonomia e
responsabilidade. Vale a pena deixar aqui escrito, preto no branco,
que muitas das tarefas assumidas pelos Presidente e Vice-Presidente
do Conselho Directivo teriam resultado em prejuízo da escola se os
restantes membros do Conselho Directivo e os membros do Conselho
Pedagógico não tomassem nas suas mãos o exercício das suas
competências próprias. A escola afirma-se pelo que pode fazer, não
só para si mesma, mas para as suas comunidades e para todas as
associações e projectos cooperativos de professores em que se
envolve. Não basta ter ideias. É preciso dar o exemplo pela prática
e isso tem custos (em todos os campos e domínios da acção
desenvolvida).
Muitas coisas que podiam e deviam ter sido feitas
deixaram de ser feitas ou foram feitas em piores condições e com
menos resultados para a escola. Mas temos consciência que algumas
das coisas que se fizeram em colaboração com as diversas instâncias
do Ministério da Educação, a começar pelo nosso Centro de Formação,
podem significar avanços importantes para os professores, para o
magistério docente e sua autonomia, para as escolas do sistema.
Delas, a escola colhe sempre o benefício de ter participado na sua
concepção e na sua elaboração. Mesmo que elas se venham a revelar
não muito acertadas, a experiência adquirida constitui um património
valioso. Será preciso que cada vez mais pessoas (a começar pelos
professores) se vejam envolvidos em projectos que ultrapassem o
estrito mundo da escola e sirvam de referência digna para a vida das
escolas.
Arsélio Martins |