Currículo / programas / aprendizagens
Sem se pretender escamotear a pertinência dos temas
propostos, achou-se importante salientar outros, tidos como relevantes,
o que levou a uma "reformulação" da "problemática" proposta.
Assim, num dos grupos de trabalho entendeu-se que a
resposta mais esclarecedora a algumas afirmações ou questões,
apresentadas no documento 1, seria a reformulação destas ou mesmo a
formulação de outras; a reflexão dos outros dois grupos de trabalho
incidiu preferencialmente sobre tópicos que traduzirão de alguma maneira
as preocupações mais prementes dos intervenientes.
É feita uma síntese que procura acentuar os aspectos
consensuais.
Relativamente ao documento, e sem se querer pôr em causa
a intencionalidade dos seus autores, foi reconhecida a natureza
"fechada" do discurso: a problemática que propõe "encerra-nos" na
ideologia, nos pressupostos, daqueles que a propõem.
Como exemplos do que acaba de ser dito, podemos citar
algumas afirmações:
1. «Se se aceitar, na linha do que parece ser uma
corrente teórica dominante, que a cultura do futuro ou é tecnológica ou
não o é de todo, qual o melhor caminho para o realizar?
Os dois caminhos diferenciados actuais (cursos
gerais/cursos tecnológicos) ou a refundação de um modelo que aglutina
num só as linhas até agora dicotómicas (ciência/técnica)?» (pág. 36)
Sem entrar em discussões sobre o que se deverá entender
como "cultura tecnológica" e como "cultura do futuro" ou da relação
entre as duas, poder-se-á propor a seguinte reflexão:
A existir actualmente alguma dicotomia ciência/técnica
significativa, esta será relevante para a dicotomia cursos gerais/cursos
tecnológicos, para a opção por um modelo com vias diferenciadas ou não?
Ou será uma questão de diferenciação prévia de
perspectivas de vida: de "prefiguraçao" de diferenças de padrões de
vida, estatutos sociais e remuneratórios que legitimamente se recusa
quando se identificam alternativas (lembremos o insistentemente
recordado "ensino técnico")?
Haverá algumas medidas que os sistemas educativos possam
tomar para reduzir o fosso entre as duas vias? A adopção de um modelo
aglutinador contribuirá para isso?
/
11 /
2. «Naturalmente, a situação de crise do nosso sistema de
ensino é objecto de uma preocupação social crescente.» (pág. 58).
Esta afirmação traduz a atitude dominante face aos
problemas dos Sistemas Educativos: as causas de eventuais disfunções
devem ser procuradas na Escola, corrigindo o que estiver mal... [nós,
pacatos cidadãos, não temos qualquer responsabilidade, limitámo-nos a
mandar os nossos filhos para a escola...). Entendeu-se, portanto, que se
deverá dizer:
Naturalmente, a situação de crise do nosso sistema
social é objecto de uma preocupação educativa crescente
Deste ponto de vista, propuseram-se as seguintes questões
fundamentais:
A. Falhanço dos sistemas educativos ou da espécie humana?
B. Será possível qualquer reforma educativa efectiva não
enquadrada numa dada reforma sócio-económica?
"O CURRÍCULO-PLANO / PRESCRITO" ESCRITO
O que o determina?
A. O que os autores:
- aprenderam?
- acham que deveriam ter aprendido?
- acham que se deve passar a aprender?
- aprenderam sobre o que se deve aprender?
- pensam que se tem aprendido?
- pensam que outros pensam que se deve aprender?
UMA “NOVA" PROBLEMÁTICA EDUCATIVA
1. A escola propõe uma forma de vida?
2. A escola determina um modo de viver?
3. A escola ajuda a viver (melhor)?
Opiniões
– Necessidade da componente humanística, pois as grandes
mudanças verificam-se a nível das tecnologias e a Escola corre o risco
de sobrevalorizar a vertente tecnológica.
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12 /
– A Escola Básica e a Escola Secundária deverão ter maior
influência na vida social dos alunos.
– O grande papel da Escola é fornecer os instrumentos
para que o indivíduo possa intervir na Sociedade.
CURRÍCULO-APRENDIZAGEM
Qual será o verdadeiro contributo de factores como:
Grupo social?
Meio familiar?
expectativas sócio-económicas?
Opiniões consensuais
– Elevado n.º alunos/turma;
– Carga horária excessiva;
– n.º excessivo de disciplinas
– dispersão de interesses e obrigações (heterogeneidade
de discentes e docentes)
PLANOS DE ESTUDO
Muitos dos valores, atitudes, saberes, comportamentos,
que fazem parte dos Currículos, não estarão desajustados da experiência
quotidiana comum (culto do poder-dinheiro, o prestígio social como fim
em si mesmo, a vioIência...)?
Não deveriam estar?
Ideias consensuais
– n.º elevado de disciplinas
– Componente de formação técnica/artística nos CSPOPE
demasiadamente 'pesada’: falta de tempo para trabalhar as matérias
tratadas nas aulas, para reflectir, para pesquisar, para ter tempo de
ter dúvidas... para ser também jovem...
– Elevado n.º alunos/turma
– dispersão de interesses e obrigações (heterogeneidade
de discentes e docentes)
– Falta de capacidade da escola para acompanhar as novas
tecnologias determinados pelos avanços científicos, logo, inviabilização
das experiências em disciplinas como TLB, TLF e TLQ, que são
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13 / remetidas para as universidades "onde
os alunos trabalharão de facto em laboratórios e caminharão para a
especialização".
Sugestões
– redução da carga horária da componente técnica para 2 h
/ semana (no CSPOPE);
– redução do número de disciplinas, maior pragmatismo e
maior especialização (no CSPOVA).
PROGRAMAS
Ideias consensuais
– Extensão excessiva dos programas/carga horária
excessiva.
– Insuficientemente documentados (necessidade das OGP);
– Falta de informações e de documentação (cursos
nocturnos)
– programas das disciplinas de formação geral e de
formação específica com menor pendor “enciclopedista" e "academicista"
privilegiando os “saberes essenciais";
– especialização caberá ao ensino universitário.
ÁREA-ESCOLA
Será legítimo, desejável, os sistemas educativos / as
escolas proporem atitudes práticas incompatíveis, não desejadas ou mesmo
desvalorizadas na “realidade quotidiana”?
A ÁREA-ESCOLA contém elementos da "Escola do Futuro”, mas
está inserida na mesma “Escola do Presente”. E o que ela tem revelado é
que ainda faltam alguns anos para o “Futuro”...
Pretendia-se que a modalidade do “Projecto" e a figura
"área escola" fossem os mecanismos pelos quais a Escola se “adaptaria" e
interactuaria com o "meio exterior": o desenvolvimento de projectos
centrados em temas 'transdisciplinares" “considerados relevantes",
escolhidos de acordo com interesses ou necessidades, nacionais,
regionais ou locais, tornaria a escola num organismo aberto e
interveniente, esperando-se que, concomitantemente, os alunos
adquirissem “os perfis de competências previamente definidos".
Aspectos consensuais
– Não acompanhada de condições mínimas de realização,
“essencialmente ao nível da estrutura curricular”
– Validade dependente da definição do que virá a ser o
Ensino Secundário.
Sugestões:
– continuação como matéria curricular obrigatória, mas
acompanhada de uma estrutura curricular
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14 / com carga horária reduzida;
– A área-escola como componente cultural: Projecto
autónomo, com objectivos e metas específicos (e carga horária própria,
baseada na experiência das experiências extra-curriculares (clubes,
atelier-pintura, cerâmica, fotografia, música, teatro, cinema, poesia,
artesanato);
– necessidade de desresponsabilização dos professores
relativamente a eventual fracasso.
– formação de professores para o trabalho da Área-Escola.
Avaliação/CLASSIFICAÇÃO
– Exames: divergência entre os objectivos e as práticas
preconizadas para o Ens. Secundário (hipocrisia do sistema)
– Provas Globais devem terminar, quer no EB., quer no E.S..
A prática pedagógica permite afirmar que:
a) não são operacionais;
b) não são bons instrumentos de medida;
c) não introduzem dados novos na avaliação contínua.
– Acordo com as desvantagens enunciadas no Doc. Reflexão;
desacordo quanto a visão das provas globais como meio de promoção de um
trabalho de coordenação eficaz dos docentes
– Desburocratização do sistema pela realização das provas
a nível de turma
Progressão no Ensino Secundário
Acordo com "regime misto" em vigor (de classe e de
disciplina);
Desacordo com a não fixação de uma nota mínima no último
ano das disciplinas bienais e trienais, permitindo a aprovação mesmo com
classificações muito baixas no último ano (ex. 13 + 12 + 4).
Sugestão de nota mínima: 8 valores.
Prosseguimento de estudos
O ingresso no "Ensino Secundário" pressupõe que as
aprendizagens básicas foram minimamente satisfeitas no final do ciclo,
particularmente quando houver o propósito de "prosseguimento de
estudos". Existência de aferição, no final do 3.º ciclo, das
competências básicas nos domínios da língua portuguesa e do raciocínio
matemático, através de exame a nível nacional:
Aprovação para “prosseguimento de estudos" como condição
de candidatura ao ensino universitário; alunos que não tenham obtido
essa aprovação ingressarão automaticamente nos CSPOVA e nas Escolas
Profissionais – possibilidade de ingresso no ensino superior através de
exame final do ciclo (12.º ano).
Não é pretendido qualquer tipo de discriminação, mas sim
a valorização de competências e capacidades, que se entende não estar a
ser feita de forma a promover a qualidade.
(Carlos Alberto Baptista Leite, moderador/relator)
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