encontros no secundário
Aveiro
No passado dia 6 de Maio, em salas da Secção Autónoma de
Gestão e Engenharia Industrial da Universidade, realizou-se o encontro
de Aveiro que reuniu professores de escolas de ensino secundário:
regulares, artísticas e profissionais; públicas e privadas: de Penacova,
Tábua, Oliveira do Hospital e Nelas, Mortágua, Santa Corra Dão, Tondela
e Viseu, Cantanhede, Mealhada, Anadia e Oliveira do Bairro, Mira, Vagos
e Ílhavo, Estarreja e Ovar, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Vouzela,
S. Pedro do Sul e Castro Daire, para além de escolas de Aveiro. Para a
realização deste e dos outros encontros foram publicados e distribuídos
(embora tardiamente) textos de apoio ao debate, da responsabilidade do
Departamento do Ensino Secundário.
A Escola Secundária José Estêvão, responsável pela
organização do encontro de Aveiro, seleccionou um conjunto de 25 escolas
do território considerado, considerando a distribuição geográfica da
rede pública e privada e a diversidade de prestação de serviços de
educação e ensino, com representantes das quais reuni, ainda antes de
ter sido recebidos os documentos de apoio ao debate. A reunião serviu
para estabelecer os constrangimentos do debate, em especial a sua
fragilidade resultante do prazo apertado entre o conhecimento dos
documentos e a realização do encontro, e para apontar o tema próprio do
território 'A Escola & o Mundo do Trabalho'.
A Escola Secundária de José Estêvão manteve contactos com
essas escolas e com as restantes, na tentativa de ir esclarecendo
pormenores da incipiente organização e promover a participação local de
todas as escolas. Realça-se a virtude das escolas seleccionadas que
promoveram encontros locais ou incentivaram a discussão e, em vez de
nomearem representantes exclusivos, dinamizaram a presença de
representantes das diversas escolas e sensibilidades das localidades.
Este facto demonstra a necessidade sentida e a vontade de troca de
opiniões entre as escolas dos diversos sistemas e, só por si, é uma
mais-valia da iniciativa neste território.
A organização não encontrou um espaço próprio para
realizar um encontro de 100 professores, dentro das escolas do ensino
secundário da cidade. Este facto é prova das dificuldades das escolas da
cidade de Aveiro e merece alguma reflexão sobre as condições de trabalho
(e de reunião) dos professores e estudantes. Prova, por outro lado, a
boa vontade da Universidade (ou a boa vontade da Câmara Municipal de
Aveiro, pois poda ter sido feito no Cento Cultural e de Congressos, se
este não estivesse ocupado por outra realização) e a disponibilidade
para apoiar as iniciativas das escolas Secundárias e do Departamento do
Ensino Secundário. Resta-nos manifestar o nosso reconhecimento público à
Reitoria e aos Serviços de Acção Social da Universidade, bem como aos
serviços de cultura da Câmara ou ao Instituto Superior de Contabilidade
e Administração que também se propuseram dar solução ao problema da
instalação do encontro.
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Como preparação prévia do encontro, a escola realizou um
debate geral por grupos temáticos, antecedido por uma intervenção
plenária e concluído com uma apresentação de conclusões por parte dos
moderadores e relatores dos grupos de trabalho. No plenário, nos grupos
de trabalho temáticos e na apresentação das conclusões participaram a
Presidente da Associação de Pais, alunos dos Conselhos Directivo e
Pedagógico, para além de colegas de escolas profissionais que entenderam
fazer-se representar nesta Iniciativa preparatória. Os representantes da
escola foram escolhidos entre os moderadores/relatores de conclusões, a
saber: Alcino Carvalho (autonomia), António José Antunes (A escola e o
mundo do trabalho), Carlos Alberto Leite (Currículos) e António Luís
Matos dos Santos (Estrutura do Ensino Secundário).
Os resultados da discussão sobre o ensino secundário são
genericamente pobres se os confundirmos com conclusões e consensos. De
facto, não tem havido estudos razoáveis sobre o ensino secundário e as
preocupações dos seus "práticos" têm sido tudo menos preocupações
reflexivas sobre o sistema em que exercem a sua actividade ou sobre as
suas práticas docentes e não docentes e pouco sobre as situações que a
vida lhes apresenta. Entre os professores do ensino secundário
(cidadãos, também) há os mais variados projectos de sociedade e há as
mais variadas, legítimas e alimentadas desconfianças sobre as mudanças
(quer por razões de emprego, actualização científica e pedagógica ou
mesmo reconversão, quer por razões de política geral);
sobre a criação das novas escolas, das públicas sobre as
privadas, das privadas sobre as públicas. das regulares sobre as
artísticas e as profissionais e destas sobre as regulares. Nestas
condições de ausência de quaisquer hábitos de intercomunicabilidade
entre todas as partes intervenientes no ensino secundário e de
desconhecimento e desconfiança entre os diversos sistemas, para além da
semi-clandestinidade da prestação acumulada de serviços dos professores
das escolas regulares nas escolas privadas e profissionais e da
existência de professores vindos de outros sectores de actividade,
quaisquer consensos seriam milagres, quaisquer conclusões a respeito de
caminhos para o futuro do ensino secundário seriam forçosamente
resultado de alguma manipulação ou conspiração organizada. O principal
mérito deste encontro terá de ser encontrado nele mesmo, na sua
existência, no encontro e reencontro de todas as ideias contraditórias num
espaço de diálogo (mesmo que como primeiro diálogo de surdos ou diálogo
de perguntas em resposta a perguntas). E deve ser realçada a bondade da
iniciativa do Departamento do Ensino Secundário (mesmo que empobrecida
por diversas desgraças) de dar voz e ouvir os "práticos", sem os quais
não há medida de política geral ou particular, tomada ou a tomar, que
ganhe sentido e consequência na realidade das escolas.
Publicamos aqui alguns resultados das discussões na
escola que foram carreados para o encontro pelos representantes.
Representam o estado actual da discussão na escola e devem ser uma base
de trabalho para futuras discussões. Não representam posições de
qualquer dos órgãos de direcção da escola.
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