José Manuel dos Reis Caseiro
Sobre a semana dos ‘media’ na escola
Todos temos consciência que o ambiente mediático mudou.
Neste momento suscita alguma reflexão a abundância e a concentração da
informação. Se até aqui a preocupação maior era a rapidez, isto é,
chegar primeiro, acrescente-se-lhe agora a quantidade e teremos depressa
e muito. Paradoxalmente não significa pluralidade na distribuição. A
concentração da distribuição é um facto e, sem grande esforço,
encontraremos meia dúzia de nomes que à escala mundial dominam o
comércio da informação. Nunca como hoje tão poucos concentraram em si o
poder de manter informados ou não tantos concidadãos. Assim, escassez e
abundância estão muito próximas no seu significado. Ambas são redutoras:
uma por defeito, na míngua de opiniões, outra por excesso, no eclectismo
do que apresenta. Neste contexto é de alguma forma legítimo pensar em
pluralidade de informação, informação alternativa e, porque nos movemos
no meio escolar, educação para a informação; ou, de um modo mais
abrangente, educação para os media.
A educação para os media não deve apenas ensinar a
ler e interpretar mensagens com espírito crítico. Deve ajudar na procura
das fontes de informação possíveis, ideias e opiniões das mais diversas,
abarcando todos os media disponíveis, desde os electrónicos aos
mass media.
Mais do que analisá-los criticamente é também importante
expô-los e discuti-los publicamente. A informação tornou-se empresa, com
orientação comercial, voltada para os dividendos. E, tal como qualquer
empresa, é a livre concorrência que dita as leis do mercado. A
informação-empresa-mercadoria tornou-se assim um bem precioso,
inflacionado ou deflacionado ao sabor do momento, rasando os limites da
ética e da deontologia sempre que é necessário vender a qualquer preço.
É este o momento actual, diz-se.
Paralelamente à fragmentação dos princípios éticos dos
media, verifica-se a necessidade do retorno à consciência da defesa
desses princípios. A dúvida está no desfecho da luta entre a lógica
comercial e a ética jornalística. De momento inclina-se para a primeira:
confunde-se liberdade com individualismo; boato com notícia; opinião com
realidade; suposição com facto; investigação com devassa da privacidade;
enfim, uma enorme confusão entre direitos e deveres, liberdade e
responsabilidade.
Este e outros assuntos correlatos foram debatidos na
“Semana dos Media”, promovida nesta escola pelo Curso Tecnológico de
Comunicação (CTC).
A Semana dos Media deve ser uma das formas de expressão
do CTC, tal como enunciado na primeira página do Jornal “Ágora”, órgão
oficioso do referido curso. É uma actividade que não se
/
4 / confina às escolas onde é ministrado
este curso, mas também noutras onde se reconhece a importância dos
media como elemento do quotidiano.
A iniciativa da realização desta Semana não é nova, data
de há seis anos, com um formato diferente do actual. Nova, é, suponho,
nesta Escola e neste curso.
Divulgar junto da comunidade escolar (CE) a importância
dos media na actualidade como elemento difusor de opiniões;
motivar a CE para a realização de eventos de carácter formativo
proporcionando oportunidades de tarefas alternativas; facilitar à CE o
contacto com novas formas de comunicação procurando acompanhar o
vanguardismo nesta matéria; promover junto dos alunos a oportunidade de
confrontar trabalho individual/colectivo, gestão de recursos e
capacidades de organização, foram os objectivos desta Semana.
Das actividades em geral destaco a tentativa de
equilibrar a participação externa/interna, isto é, actividades
desenvolvidas por agentes externos e internos (alunos e professores).
Resumindo, a SM foi um êxito se atendermos a que foram levadas a cabo
todas as tarefas a que se propôs a organização. A verdadeira avaliação
fica ao critério de todos os participantes, se nela encontraram
elementos enriquecedores e suficientes para a sua formação. .
(José Manuel Reis Caseiro)
|