Avaliação da Inquietação
como os professores (não) respondem
aos inquéritos sobre a nova avaliação
E
já que tanto falamos de avaliação e que toda a gente a reputa de muito
importante no processo de ensino aprendizagem, vale a pena dar uma ideia
da forma como o nosso corpo docente reagiu ao inquérito sobre "o
projecto do novo sistema de avaliação" lançado pelo Instituto de
Inovação Educacional.
A primeira constatação é que pouca gente respondeu ao
inquérito, que foi entregue em mão a todos os docentes. De facto, de 196
docentes, só 57 entregaram as respostas, menos de 30%.
Uma das seguintes ilações pode ser retirada:
– os docentes acharam que era melhor não responder, para
deixar clara a sua recusa ao novo sistema;
– os docentes não ligam nenhuma e que qualquer que seja o
sistema está bem;
– os docentes desvalorizam toda e qualquer sua
participação nos processos que lhe dizem respeito. Uma das três, ou
todas simultaneamente. De qualquer modo, os docentes foram consultados e
livremente decidiram não participar. Mais tarde, dirão que não têm
responsabilidade nenhuma. Terão as mãos lavadas. E o resto?
Dos que responderam:
– 42 são mulheres e 15 são homens (está proporcional);
– 23 têm mais de 40 anos e menos de 50, 15 estão entre os
30 e os 40, 11 têm mais de 50 anos e da juventude só 8 responderam;
– 28 têm mais de 15 anos de experiência, 12 têm mais de
11 e menos de 15 anos de serviço, 3 têm entre 6 e 10 e os 8
representantes dos jovens tem menos de 5 anos de serviço;
– 48 são profissionalizados, 5 estão em
profissionalização e os restantes 4 são não profissionalizados com
habilitação própria.
E
por grupos de docência – Ver o Quadro anexado
Seria interessante saber se haverá alguma relação entre a
percentagem de respostas e o interesse (ou o peso) que cada grupo dá à
avaliação, ou às convicções dos professores dos diferentes grupos sobre
a importância que os "outros" não atribuem às suas disciplinas, no
domínio da avaliação.
Na página seguinte publicamos um quadro das respostas por
itens. Mas agora damos espaço às opiniões da psicóloga escolar que, não
concordando com o projecto e não respondendo ao inquérito, escreveu a
sua posição: "...que, algumas das modalidades de avaliação aqui
apresentadas (...) têm um carácter eminentemente selectivo e normativo,
modalidades de avaliação estas que não condizem com um tipo de ensino
que promova o desenvolvimento de aluno e que estimule as SUQ.5
capacidades e potencialidades.
…com o ponto 6 – avaliação especializada – que nos diz
directamente respeito e em relação à qual colocamos algumas reservas:
... – a avaliação especializada tem a ver com o QI? O
perfil das dificuldades dos alunos? Em que momento do ano lectivo se
processa?
Outras dúvidas se nos colocam relativamente aos pontos –
retenção e retenção repetida – o parecer dos serviços de psicologia
educativa só deverá figurar nos casos em que o aluno tenha sido
acompanhado pelos serviços e não somente a partir de um diagnóstico ou
avaliação, – este parecer nunca deverá ser utilizado como elemento para
decidir da retenção de um aluno num ano;
... em que consiste a avaliação interdisciplinar?
… gostaríamos de frisar que não somos contrários ao
diagnóstico psicológico (salvo nos casos em que ele serve para
estigmatizar o indivíduo e encerrá-lo ainda mais no seu problema)…"
Arsélio Martins
(a partir de dados recolhidos por António Luís Matos
dos Santos)
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