Escola Secundária José Estêvão, n.º 1, Out.-Dez. de 1990

Avaliação da Inquietação


como os professores (não) respondem

aos inquéritos sobre a nova avaliação


E já que tanto falamos de avaliação e que toda a gente a reputa de muito importante no processo de ensino aprendizagem, vale a pena dar uma ideia da forma como o nosso corpo docente reagiu ao inquérito sobre "o projecto do novo sistema de avaliação" lançado pelo Instituto de Inovação Educacional.

A primeira constatação é que pouca gente respondeu ao inquérito, que foi entregue em mão a todos os docentes. De facto, de 196 docentes, só 57 entregaram as respostas, menos de 30%.

Uma das seguintes ilações pode ser retirada:

– os docentes acharam que era melhor não responder, para deixar clara a sua recusa ao novo sistema;

– os docentes não ligam nenhuma e que qualquer que seja o sistema está bem;

– os docentes desvalorizam toda e qualquer sua participação nos processos que lhe dizem respeito. Uma das três, ou todas simultaneamente. De qualquer modo, os docentes foram consultados e livremente decidiram não participar. Mais tarde, dirão que não têm responsabilidade nenhuma. Terão as mãos lavadas. E o resto?

Dos que responderam:

– 42 são mulheres e 15 são homens (está proporcional);

– 23 têm mais de 40 anos e menos de 50, 15 estão entre os 30 e os 40, 11 têm mais de 50 anos e da juventude só 8 responderam;

– 28 têm mais de 15 anos de experiência, 12 têm mais de 11 e menos de 15 anos de serviço, 3 têm entre 6 e 10 e os 8 representantes dos jovens tem menos de 5 anos de serviço;

– 48 são profissionalizados, 5 estão em profissionalização e os restantes 4 são não profissionalizados com habilitação própria.

E por grupos de docência – Ver o Quadro anexado

Seria interessante saber se haverá alguma relação entre a percentagem de respostas e o interesse (ou o peso) que cada grupo dá à avaliação, ou às convicções dos professores dos diferentes grupos sobre a importância que os "outros" não atribuem às suas disciplinas, no domínio da avaliação.

Na página seguinte publicamos um quadro das respostas por itens. Mas agora damos espaço às opiniões da psicóloga escolar que, não concordando com o projecto e não respondendo ao inquérito, escreveu a sua posição: "...que, algumas das modalidades de avaliação aqui apresentadas (...) têm um carácter eminentemente selectivo e normativo, modalidades de avaliação estas que não condizem com um tipo de ensino que promova o desenvolvimento de aluno e que estimule as SUQ.5 capacidades e potencialidades.

…com o ponto 6 – avaliação especializada – que nos diz directamente respeito e em relação à qual colocamos algumas reservas:

... – a avaliação especializada tem a ver com o QI? O perfil das dificuldades dos alunos? Em que momento do ano lectivo se processa?

Outras dúvidas se nos colocam relativamente aos pontos – retenção e retenção repetida – o parecer dos serviços de psicologia educativa só deverá figurar nos casos em que o aluno tenha sido acompanhado pelos serviços e não somente a partir de um diagnóstico ou avaliação, – este parecer nunca deverá ser utilizado como elemento para decidir da retenção de um aluno num ano;

... em que consiste a avaliação interdisciplinar?

… gostaríamos de frisar que não somos contrários ao diagnóstico psicológico (salvo nos casos em que ele serve para estigmatizar o indivíduo e encerrá-lo ainda mais no seu problema)…"

Arsélio Martins

(a partir de dados recolhidos por António Luís Matos dos Santos)

 

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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