Oráculo da Esperança

 

Rasgo a cortina do tempo presente
Debruço-me na janela lateral norte
E atento, oiço o matraquear alternado
Do martelo e do malho do ferreiro
A bater o aço a rutilar na bigorna
Espalhando pelo ar ígneas centelhas
De mistura com os sons plangentes
Como errantes estrofes dos poetas
Ecoando pelos valados e outeiros
E fluindo como rio do pensamento
Em demanda do mar das emoções
Nele naufragando como num ritual
Sob o peso silábico das metáforas,
Mas ao emergirem com a pitada
Do saboroso sal de toda a Verdade
E abençoados com a luz da Razão
Serão o menu do ágape da dádiva
O sublime oráculo da esperança
Da justiça social, da paz e do amor.
 

                        Novembro de 2022

 

 

06-11-2022