HOMEM  CRISTO E O LICEU DE AVEIRO
(actual Escola Secundária Homem Cristo)

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O  texto termina com a assinatura de todos os membros da comissão, entre os quais se encontra o nome de Manuel Homem de Carvalho Cristo, um familiar de Francisco Homem Cristo.

A defesa de Homem Cristo prosseguiu pelos números seguintes do jornal dominical “O Povo de Aveiro”, até que, no número 308, de 8 de Janeiro de 1888, deu um especial destaque ao problema do liceu. Neste número, o artigo de defesa ocupa três das cinco colunas, quer da primeira, quer da segunda página. Nele apresenta uma memória descritiva do edifício, indicando a sua estrutura, as dimensões das salas e as suas funções. O artigo é completado com uma «separata» onde se apresenta toda a «planta interna do edifício do largo municipal, com as modificações que lhe introduz a benemérita comissão José Estêvão...»

Comparando essa planta com a actual, verificamos que as salas tinham o dobro do tamanho, tendo posteriormente cada sala sido dividida em duas, tal como hoje se nos apresenta. Por exemplo, o espaço actualmente correspondente à sala de professores e à sala n.º 1 constituía, na época, uma sala única, de enormíssimas dimensões. Foi esse tamanho demasiado grande que levou a que as salas fossem divididas, permitindo ao edifício ficar praticamente com o dobro da capacidade em turmas. Apenas correspondem à forma actual a secretaria e a sala do conselho directivo, no piso térreo, e a biblioteca, no primeiro andar. Este problema da divisão das salas é especialmente focado em artigo posterior, no n.º 313, de 12 de Fevereiro de 1888.

A sequência de artigos de Homem Cristo em torno da polémica do liceu e sua defesa termina no número 314, de 19 de Fevereiro de 1888, perfazendo um total de 12 extensos artigos que, a serem reunidos numa única publicação, dariam um extenso opúsculo.

Para um leitor interessado em reviver toda a polémica travada na época — curiosamente tão actual no presente momento —, para um leitor interessado em saber as posições do vários jornais de Aveiro — “Correio de Aveiro” e “Campeão das Províncias” —, bem como as posições assumidas por figuras políticas da época e quais as respostas que Homem Cristo lhes deu, tem no quadro apresentado a listagem de todos os artigos, com a indicação ordenada dos números e datas da sua publicação.

Esperamos com este trabalho ter aqui prestado uma pequena homenagem à figura de Homem Cristo, fazendo com que a sua voz se faça de novo ouvir, num momento em que a sua presença tão útil voltaria a ser para ajudar a afastar nuvens revoltosas que pairam sobre o antigo liceu de José Estevão, curiosamente hoje baptizado com o nome do nosso homenageado. Que o seu nome e a sua memória prote­jam devidamente este edifício, deixando-o continuar a desempenhar as funções para que foi criado, estes os sinceros votos de um aveirense com amor à terra onde vive. 

Henrique J. C. de Oliveira