XIII ANTOLOGIA do Círculo Nacional d'Arte e Poesia, 2015, 72 páginas.

 

JOSÉ DA SILVA MÁXIMO

2/10/1925 – PONTE VELHA (MARVÃO)

 
A REFORMA

 

Mote:

 

A vida dum reformado

Se não há ocupação...

É meio caminho andado

Na rota da solidão.

 

Nunca mais chega até mim...

Dizemos com ironia

No trabalho dia-a-dia

Em constante frenesim

Aliviando-se assim

O desespero tomado,

Ao ver um aposentado

Invejando essa pessoa,

Julgando ser coisa boa

A vida dum reformado

 

Só quando nos reformamos

Temos tempo p'ra pensar...

Vemos os anos passar

Para mais novos não vamos!

P'rà velhice caminhamos

Sem lhe podermos ter mão,

Há também a percepção

que o descanso é merecido

Mas é tão aborrecido

Se não há preocupação...

A quem pode e nada faz

Lhe chamamos preguiçoso,

Ou então de ocioso

Rotulado de incapaz!

É consequência que traz

De um ou doutro ser chamado...

Bom é não estar parado

Se é que ainda vigor tem,

Que isso é rumar p'ró além,

É meio caminho andado.

 

Eu já sei avaliar

Tudo quanto escrevo e digo;

Se outra coisa não  consigo

Vou teimando em versejar...

Procurando improvisar

Sem ter jeito, mas então...

Cá vou indo em contramão

Movendo as pernas e braços,

Caminhando a largos passos

Na rota da solidão.

 

 

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