A REFORMA
Mote:
A vida dum reformado
Se não há ocupação...
É meio caminho andado
Na rota da solidão.
Nunca mais chega até mim...
Dizemos com ironia
No trabalho dia-a-dia
Em constante frenesim
Aliviando-se assim
O desespero tomado,
Ao ver um aposentado
Invejando essa pessoa,
Julgando ser coisa boa
A vida dum reformado
Só quando nos reformamos
Temos tempo p'ra pensar...
Vemos os anos passar
Para mais novos não vamos!
P'rà velhice caminhamos
Sem lhe podermos ter mão,
Há também a percepção
que o descanso é merecido
Mas é tão aborrecido
Se não há preocupação...
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A quem pode e nada faz
Lhe chamamos preguiçoso,
Ou então de ocioso
Rotulado de incapaz!
É consequência que traz
De um ou doutro ser chamado...
Bom é não estar parado
Se é que ainda vigor tem,
Que isso é rumar p'ró além,
É meio caminho andado.
Eu já sei avaliar
Tudo quanto escrevo e digo;
Se outra coisa não consigo
Vou teimando em versejar...
Procurando improvisar
Sem ter jeito, mas então...
Cá vou indo em contramão
Movendo as pernas e braços,
Caminhando a largos passos
Na rota da solidão.
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