Natal!… Natal!... Nata… a… a… al!!!

In memoriam patris mei

Amanhece.
Nasce a Aurora,
radiosa,
por sobre um mar
de ondas róseas.
Nele se espelham,
curiosas,
a cantar,
esperançosas,
ledas crianças
de então.

(Ah! Natal da minha infância,
cheio de AMOR, LUZ e COR,
em que as notas de mil danças
saltitavam em redor,
sob os olhos da Família!)

E a tarde avança
num instante.
O sol doura
as águas vivas.
Nelas navegam,
sedentos,
rapazes e raparigas.
Cabelos soltos ao vento,
correm a abrir horizontes,
à aventura da Vida.

(Ah! Natal de adolescentes,
onde a palavra AMIZADE
soldava os corações,
enlaçando-os de Saudade
numa Família crescente!)

Mas o crepúsculo
não tarda
a cobrir o aquoso plasma
com seus tons alaranjados.
Surgem, num ecrã gigante,
recém-Papás, enlevados,
desdobrando-se em cuidados,
para afastar de traquinices
seus delicados rebentos.

(Ah! Natal de casais jovens,
lutando no dia-a-dia
por difundir ALEGRIA
e vontade de acertar,
com os vizinhos a ajudar!)

Desce a noite,
prateada,
com seu manto
de invernia.
No palco do Universo,
vai subindo, lentamente,
uma branda calmaria.
É que, agora, mais experientes,
como Avós, sorridentes,
dão outro valor à vida.

(Ah! Natal de alguns de nós,
como buscávamos PAZ
na ternura de um Presépio
ou em cânticos harmónicos
de uma Comunidade com voz!)

Clic... clic.
No meu terraço p’ró mar,
saio da «minha Internet»,
desligo o «computador».
A meu lado, mavioso,
Alguém sussurra comigo:
— Evocações agridoces,
trazei à HUMANIDADE
Aquela TRANQUILIDADE
que todo o Mundo precisa!
Iluminai cada um
para um FUTURO MELHOR,
fazendo brotar de si
uma flor que anda indecisa
— a flor da FRATERNIDADE!

Maria de Fátima Rocha Bóia, Barra de AVEIRO, 19/XI/2005 (ao sulcar uma rota de vinte e cinco anos de Saudade e gratas recordações).

 
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