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Poderíamos começar a
abordagem deste meio audiovisual repetindo as palavras
iniciais utilizadas quando falámos do quadro de pregas. Como
o anterior, é de elevada utilidade, mas possui todo um
conjunto de características que o tornam superior ao
anterior: é de confecção muito mais fácil, mais económico
na sua realização, muito mais leve e resistente e muito
mais versátil, podendo ter múltiplas funções: como suporte
de informações, substituindo os vulgares painéis
informativos que encontramos, por exemplo, nas salas de
professores, e como excelente meio de ensino. À semelhança
do anterior, é praticamente desconhecido. Em toda a nossa
existência[1],
só o encontrámos em situação de discente, durante o nosso
período da escola primária, em que o professor utilizava um
exemplar para diferentes objectivos: ensinar e desenvolver a
leitura, para exercícios de aritmética e, inclusive, para
deixar os alunos que quisessem brincar com ele, durante os
intervalos, escrevendo e fazendo jogos de palavras, utilizando
para isso a grande quantidade de letras e de números
existentes numa caixa, que nos permitiam escrever os nossos
nomes e jogar com palavras.
Feita esta pequena apresentação preambular, vejamos
em que consiste e como construir um quadro de fios.
Tal como acontece com o quadro de pregas, a designação
provém-lhe do facto de ser constituído por uma série de
fios esticados horizontalmente e distribuídos de maneira
uniforme e paralela, tendo como função suportar as informações.
A leveza, facilidade de construção, baixo custo e
potencialidades de utilização fazem-nos considerar o quadro
de fios superior ao anteriormente referido, sendo, a nosso
ver, também superior aos outros tipos de quadros existentes,
tais como o quadro magnético e o flanelógrafo. Relativamente
ao quadro preto e ao quadro branco, a afirmação tornar-se-á
bastante discutível e relativa. Se o compararmos com o quadro
branco, o quadro de fios é indubitavelmente muito mais acessível
do ponto de vista económico, dado que os marcadores próprios
para escrever nele são extremamente caros e de duração
reduzida. Mas ficará a perder em facilidade de utilização,
dado que, tal como o tradicional quadro preto, a informação
pode ser criada no próprio momento da aula, eliminada e
rapidamente substituída por outra, em função do desenrolar
das actividades. O quadro de fios exigirá, tal como o de
pregas, o flanelógrafo e o quadro magnético, uma preparação
prévia do material, que poderemos e deveremos ir arquivando
funcionalmente, de modo a permitir posteriores utilizações.
Vejamos como construir um quadro de fios, tarefa esta
que poderá ser realizada pelos próprios alunos em
determinadas disciplinas, permitindo-lhes, deste modo, um
apetrechamento fácil e económico da escola.
O tamanho do quadro pode ser variável, ficando ao critério
dos professores que o irão utilizar. As medidas por nós
indicadas são meramente exemplificativas e baseadas em experiências
anteriormente por nós realizadas. Podemos indicar as mesmas
medidas do quadro anterior, ou seja, 120 cm de largura por 90
cm de altura. Como material, necessitaremos apenas de quatro réguas
de madeira, com 2 centímetros de largura por um de espessura
e pregos finos e pequenos de metal amarelo e uma bobina de fio
de nylon transparente, do tipo do utilizado na pesca,
com 0,25 mm de diâmetro. Se quisermos tornar a estrutura
ainda mais leve e económica, poder-se-ão dispensar os
pregos, sendo, em substituição, feitos pequenos orifícios
com uma broca das mais finas, apenas na dimensão necessária
para permitir passar o fio de nylon. Esta segunda técnica,
aliás a que aconselhamos na figura 6, é a mais aconselhável,
permitindo um quadro com melhor estética, mais leve e
mais fácil de realizar. No quadro que inicialmente construímos,
a fixação dos pregos colocou algumas dificuldades, na
medida em que as réguas de madeira tinham tendência para
abrir, inutilizando-as. Com o sistema de broca fina, a realização
foi mais rápida, não tendo colocado qualquer dificuldade na
construção, além de que o quadro ficou com melhor apresentação.
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Figura
1:
Quadro de fios. 1ª fase na sua confecção. |
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Vejamos, então, as etapas necessárias para a construção
do quadro de fios.
A primeira etapa consiste em formar o aro rectangular
de suporte nas medidas pretendidas, com quatro réguas de
madeira com 2 cm de largura e 1 cm de espessura. Em seguida,
teremos de marcar, de um lado e outro, os pontos onde iremos
efectuar os furos com uma broca das mais finas, com espaços
rigorosamente iguais e paralelos de meio centímetro, tal como
se mostra na figura 1.
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Figura
2:
Aspecto
do quadro de fios uma vez construído. |
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A segunda fase consiste em fazer passar o fio de
nylon
com a espessura de 0,25 mm
através dos orifícios, devendo o fio ficar bem
esticado. Para maior segurança, poderão ir sendo dados nós
resistentes pela parte posterior, conferindo-lhe assim maior
resistência e durabilidade.
Uma vez preenchidos todos os orifícios, obter-se-á
uma superfície de fios de nylon prontos a suportar os
cartões com as informações pretendidas, ficando o quadro
com um aspecto idêntico ao documentado pela figura 2. Bastará
pendurar o quadro numa parede da sala e teremos um valioso
auxiliar à disposição do professor.
De que modo se confecciona o software educativo
para utilizar com o quadro de fios e quais as suas
potencialidades e inconvenientes?
O único inconveniente do quadro de fios, como o de qualquer meio audiovisual, à excepção do quadro preto e
do quadro branco, é que o software terá de ser
previamente elaborado pelo professor. Tirando este, será
muito difícil encontrarmos outros inconvenientes. Pode
servir o quadro de fios para múltiplas finalidades, estando
os seus limites em função da capacidade criadora do
utilizador. Pode servir de painel de informações, mas pode
sobretudo funcionar como uma alternativa interessante ao tradicional
quadro preto. O material utilizável é variado: recortes de
figuras ou cartões com as imagens ou elementos que se
pretendam mostrar. Estes são pendurados nos fios do quadro,
no local pretendido, bastando fazer uma pequena dobra para
trás na parte superior.
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Figura
3:
Maneira como se fazem os cartões para o quadro de
fios. |
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As potencialidades do quadro de fios são imensas. A
limitação, como já dissemos, está na capacidade de imaginação
do professor. Pode servir para o ensino de vocabulário, para
o estudo das estruturas gramaticais, para a escrita de fórmulas
químicas, para a aprendizagem da escrita e da aritmética,
para o ensino da tabuada, para a redacção de frases a partir
de blocos de cartões com palavras, para efectuar a combinação
de estruturas sintagmáticas, para escrever poesia, para
painel de informações numa sala, pode servir ...
em suma, para tudo aquilo que a nossa imaginação
permitir. E todo o material criado pelos utilizadores poderá
ir sendo arquivado e catalogado por ordem alfabética,
constituindo-se deste modo uma base de dados para posteriores
utilizações.
In:
Henrique J. C. de Oliveira, Meios audiovisuais e
tecnológicos aplicados ao ensino, Aveiro, 1992, pp. 33-37.
(edição limitada do autor)
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