Sabes como nasceu esta cidade?
Como todas as cidades, a sua história é feita de lendas, pequenas histórias que
vêm sendo contadas, passando de geração em geração, tentando explicar as
transformações que os espaços e a vida dos homens sofreram, através dos tempos.
Não é por acaso que a cidade tem o nome de VISEU.
Conta-se que, nos tempos da reconquista, os guerreiros cristãos chegaram perto da
cidade, pelo lado do Nascente. Desse local, onde se dividem as águas dos rios Pavia e
Dão, avistaram uma localidade pendurada num alto e um deles perguntou:
-Que viso (vejo) eu?
Desta pergunta surgiu o nome Viseu.
Como vais ver, esta cidade atravessou vários períodos da nossa História.
Diz a lenda que, muito antes de se ter constituído o reino de Portugal, havia em Viseu
um rei chamado D. Ramiro II.
Um dia, este rei partiu em viagem para outras terras. Nessa viagem, conheceu Sara,
irmã de Alboazar, rei do castelo de Gaia, por quem se apaixonou.
Quando voltou da viagem, a sua paixão por Sara era tão grande, que nunca mais se
importou com a sua esposa D. Urraca. Perdido de amores, resolveu raptar Sara.
Entretanto, o irmão de Sara, ao saber do que aconteceu, ficou furioso e resolveu
vingar-se. Então raptou D. Urraca e levou-a para o seu castelo.
D. Ramiro, ferido no seu orgulho, regressou à cidade de Viseu e aí escolheu alguns
dos soldados mais valentes. Ao chegarem ao castelo de Gaia, os soldados esconderam-se num
pinhal e o rei, disfarçando-se de peregrino, escondeu-se no castelo.
Como Alboazar tinha ido à caça, o peregrino encontrou o caminho livre e chegou
facilmente junto da rainha D. Urraca, a sua verdadeira esposa. Ao vê-la, D. Ramiro despiu
o disfarce e tentou abraçá-la. D. Urraca, como sabia que tinha sido traída pelo marido,
afastou-o furiosa. Começaram a discutir. Nesse momento chegou Alboazar da caçada. Como
D. Ramiro não podia fugir, D. Urraca, confusa, escondeu-o num armário; todavia, ao ver
entrar Alboazar, resolveu vingar-se, abrindo as portas do armário.
D. Ramiro foi levado para ser executado.
Ao chegar ao lugar da execução, pediu que o deixassem despedir-se dos sons da sua
buzina, antes de morrer.
Como o deixaram realizar o desejo, D. Ramiro pegou na buzina e tocou três vezes, com
todas as suas forças. Era este o sinal que ele tinha combinado com os seus soldados para
que estes, ao ouvi-lo, lhe acudissem imediatamente.
Assim, de repente, saindo do pinhal onde estavam escondidos, os soldados cercaram o
castelo e incendiaram-no. Alboazar morreu às mãos dos soldados de D. Ramiro.
Esta lenda ficou lembrada para sempre na história de Viseu, representada no campo
(centro) do Brasão da cidade.
Tudo o que acabaste de ler são histórias
que o povo conta; mas a verdade histórica desta cidade foi investigada por estudiosos que
se interessaram por reconstituir os acontecimentos relacionados com o seu espaço e as
suas gentes. |