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Lançamento
e edição do jornal escolar
A
FOLHA
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Que
dizer acerca de uma iniciativa que é uma das mais interessantes,
motivadoras e formadoras dos alunos que frequentam uma escola? É talvez
um dos melhores meios de motivação e uma das melhores formas de treinar
a expressão escrita, permitindo que os alunos possam aprender os mais
diversos géneros utilizados no jornalismo, sem deixar de lado a
produção de índole literária.
Tirando
a colaboração indispensável dos professores, quer sugerindo temas, quer
ensinando a estruturar a informação e a corrigir e melhorar os textos, a
principal fonte de alimentação do jornal "A Folha" residiu
essencialmente nos próprios alunos.
Para
falarmos especificamente deste jornal, será talvez mais interessante a
transcrição integral do texto enviado há anos para uma exposição de
jornais escolares.
«O
meu nome é "A FOLHA". Nasci
na Escola Secundária Homem Cristo, em Aveiro, durante o segundo período
do ano lectivo de 1988/89. É
certo que as minhas sementes começaram a germinar alguns tempos antes. A
ideia da minha criação surgiu de uma actividade complementar de apoio às
aulas de Português realizada pelo professor Henrique J. C. de Oliveira.
Juntamente com os alunos do 9º ano de escolaridade, pensaram na minha
criação e nas vantagens da minha existência, não só para a Escola,
mas também para a comunidade.
A
ideia da minha criação foi de imediato aprovada pelos grupos de estágio
e pelos restantes elementos da Escola e, sobretudo, pelo Conselho
Directivo, que desde logo me acarinhou, regando-me com todo o carinho e
providenciando para que as minhas folhas crescessem cada vez mais
vigorosas e cheias de seiva.
A
origem do meu nome já é antiga. Em tempos idos, tive um antepassado que
se ocupava de problemas culturais essencialmente ligados à literatura.
O seu jardineiro chamava-se João Penha e tinha, para além do
título "A Folha", o subtítulo "Microcosmo Literário".
Isto por alturas de 1868. Claro
está que não me quero comparar a ele. A minha posição é muito mais
modesta. No entanto, salvaguardadas as distâncias, procuro seguir os bons
exemplos traçados pelo meu antepassado e, sobretudo, espero ter uma vida
longa. Tenho fé em que os elementos da minha Escola me não deixarão
estiolar.
As
minhas primeiras folhas, surgidas no ano lectivo de 1989/90, eram ainda
muito tenras e diminutas. O meu primeiro exemplar apenas continha quatro páginas,
ou seja, uma folha de formato A3 dividida ao meio. A qualidade da minha
impressão era fraquita. Os meus jardineiros utilizaram um programa de
computador ainda um pouco primitivo - o NEWSMASTER - e a fotocopiadora da
Escola também não era das melhores. Nesse ano apenas floresci duas
vezes: no segundo e terceiro período.
No
final desse mesmo ano, o professor Henrique foi a Lisboa, a um encontro do
Projecto Minerva, na Faculdade de Ciências dessa cidade. Apresentou-me
aí juntamente com algumas experiências pedagógicas por ele
realizadas. Foi-lhe então fornecido um editor electrónico, aparecido por
essa altura. E, no ano lectivo seguinte, os meus amigos, professores e
alunos, começaram a utilizar esse novo programa - o FIRST
PUBLISHER.
No
primeiro período de 1989/90, não tive hipóteses de ver a luz do Sol.
Durante todo esse período, a Escola esteve sem fotocopiadora. E como eu
sou feito integralmente com os meios da casa, fiquei à espera da
Primavera, para voltar a florescer e a dar saborosos frutos.
Em
finais do segundo período, surgi com novo aspecto gráfico, com mais páginas
e com melhor qualidade de impressão, graças à nova fotocopiadora que
agora serve a Escola.
O
meu quarto número surgiu em finais do terceiro período, muito mais
volumoso e com diversos artigos de alunos e professores.
Como
podem verificar, se me quiserem consultar, sou essencialmente alimentado
com trabalhos realizados pelos alunos da Escola. E procuro manter um certo
nível cultural, apresentando, além da página de passatempos, artigos
ligados ao campo das ciências e da tecnologia, à literatura e às
actividades escolares. Em suma, procuro ser uma forma de diálogo cultural
na área da escola a que pertenço.
A
minha tiragem é de 350 exemplares. É muito pouco em relação ao número
total de alunos da escola, que anda na casa dos mil. Sou vendido a um preço
simbólico que não dá para cobrir nem 25 % das despesas efectuadas. A
falta de subsídios e os reduzidos recursos económicos não permitem à
Escola um aumento da tiragem e, o que é muito pior, impossibilitam que a
minha distribuição seja gratuita. Esperemos que melhores dias económicos
surjam, para que possa ser oferecido a todos os elementos da Escola, que
tanto me têm acarinhado e alimentado com saborosos artigos, que fazem a
delícia de quem os lê.
Aqui
termino a breve história da minha igualmente breve existência, esperando
que muitos sóis possam ainda brilhar para todos nós.
E
com os melhores cumprimentos, aqui fica a minha assinatura e a da
Presidente do Conselho Directivo da Escola Secundária Homem Cristo.»
O
texto transcrito termina com a assinatura da Presidente do Conselho
Directivo e com a assinatura do próprio jornal, que não é mais do que o
desenho de uma larga folha de árvore frondosa caída num começo de
Outono.
Embora
pequeno, o jornal é feito, como se pôde deduzir do texto anterior,
totalmente com os meios humanos e materiais da Secundária Homem Cristo,
tendo tido sempre o apoio do Conselho Directivo, dos colegas que trabalham
no projecto Minerva, da funcionária da reprografia e, como nem podia
deixar de ser, dos alunos da escola; e tem também tido o apoio da Associação
de Pais da Escola. Apesar de todas as dificuldades, o jornal tem vindo a
melhorar sensivelmente de ano para ano, como poderá ser verificado
consultando-se os exemplares apresentados e agora reconvertidos para a
Internet.
Henrique J.
C. de Oliveira |