CANTADO PELO ORFEÃO DO LICEU DE AVEIRO, SOB A REGÊNCIA DO REV.
ANTÓNIO GONÇALVES ESTÊVÃO, 1909, DURANTE AS
COMEMORAÇÕES CITADINAS DO 1º CENTENÁRIO DO
NASCIMENTO DO TRIBUNO E EXPRESSAMENTE POR OCASIÃO DO
DESCERRAMENTO DA LÁPIDE AFIXADA NO ÁTRIO DO LICEU,
ALUSIVA À SUA EDIFICAÇÃO. (27-XII)
Acesa andava a guerra ao despotismo
A livre ideia impávida se erguia
O homem que não quer o servilismo
Por ela com denodo combatia.
Heróico defensor da liberdade!
Coração português tão verdadeiro!
Em vida foste amparo da cidade
E lídima glória hoje és d' Aveiro!
Os livros põe de lado e tão ousado,
Fazendo do seu peito um baluarte,
Na plêiade dos bravos alistado,
D'espada em punho surge em toda a parte.
Heróico, etc. …
Audaz o bravo herói se mostra e bate,
Nos pontos onde a luta é mais terrível,
Na Serra do Pilar vence o combate,
na Flexa dos Mortos
invencível.
Heróico, etc. …
Termina a guerra, cessa a mortandade,
A espada arruma a um canto, e o orador
Protege a todo o transe a liberdade
A voz ousada erguendo com ardor.
Heróico, etc. …
Discursos cuja frase retalhava,
Palavras vergastando a aleivosia,
Em prol desse ideal que tanto amava
Do cimo da tribuna despedida.
Heróico, etc. …
E esta tão linda terra em que nasceste
Orgulha-se de ti, oh lutador!
Conserva bem na mente o que valeste
Venera-te a memória com amor.
Heróico, etc. …
In: «Arquivo do Distrito de Aveiro»,
vol. XXVIII, 1962. |