Um passarinho chamado Alícia

Dulce Vieira, Contos infantis, 2001

I

 

Era uma vez um passarinho que tinha um nome tão doce como o ventinho fresco das tardes quentes. Chamava-se Alícia. Era um passarinho contente, sempre contente.

 Logo que a manhã despontava, empoleirava-se num ramo bem alto e cantava... cantava: piu-piu-piu-piuuu-piu-piuuu... assim como quem diz:

- Bom dia, dia! Bom dia, sol! Bom dia, árvores amigas! Bom dia, pássaros da floresta! Bom diiiiiaaaaaaa!

 

Certa vez, aquele passarinho decidiu fazer o ninho. E pensou assim:

- Vou escolher uma árvore com muitos ramos, muitas folhas… Um lugar abrigado, onde não chegue a chuva fria do Inverno, nem o sol tão quente do meio-dia quando é Verão... Onde o vento, que despenteia as árvores, não sopre com muita força... Porque é nele que vão nascer os meus filhotes.

 

E então pôs-se a olhar para o castanheiro, onde gostava tanto de dormir a sesta, e falou sozinho:

- É mesmo nesta árvore que vou construir o meu ninho! Seria bom que eu tivesse um companheiro que me ajudasse e com quem pudesse sempre contar.

 

Ora... nem de propósito! Os seus pensamentos foram interrompidos pelo canto de um outro passarinho que tinha pousado num ramo próximo!


Também ele estava pensativo… queria tanto encontrar uma companheira!

- Olha lá – disse-lhe - queres fazer um ninho comigo e ajudar-me a alimentar os pequenos passarinhos que hão-de nascer nele e ensiná-los a voar?

- Pois – disse o outro – é isso mesmo que eu desejo.

- É?! Que bom! Como te chamas?

- Eu sou o Alceu. E tu, qual é o teu nome?

- O meu nome é Alícia.- respondeu.

- Mas que nome tão bonito!... Lembra mesmo o ventinho fresco das tardes muito quentes! É bem lindo!

- Obrigada! És gentil. Parece que nos vamos entender muito bem. Olha, vamos ficar aqui neste castanheiro e amanhã começaremos a construir a nossa casa, está bem?

- Está muito bem assim. – disse Alceu.

Adormeceram a sonhar que andavam a baloiçar no céu, ao colo de uma nuvem verde-clarinho, e acordaram de manhãzinha, quando também o dia já estava a acordar.

 

Então, meteram logo mãos à obra, que é como quem diz: meteram-se logo ao trabalho. Voaram baixinho, recolhendo com o bico alguns ramos secos e leves espalhados pelo chão, umas penas caídas de outros pássaros, que iam levando para o cimo da árvore escolhida... Arrancaram algumas das suas próprias penas... foram entrelaçando tudo... sempre muito contentes... procuraram mais.... trabalharam mais… e, por fim, ali estava um ninho tão redondinho, tão macio, que apetecia descansar dentro dele!

Agora podiam descansar. Aconchegaram-se, encolheram as patas, fecharam os olhitos e ficaram ali a dormir uma sestinha muito, muito gostosa.  » » »

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