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André Ala dos Reis, Vida. Poemas, Coimbra, Coimbra Editora Ldª, 1963, pp. 26 e 27.

LINES FROM MY LOVE SONG

 

Quando ela se esquece,
não resta mais que jantar e ir pró parque.
(Lá a música van-gogheia pelas árvores)

«Você é a causa do meu pranto...»

Quando ela foge,
até a brasileira do disco parece falar por mim.
(Aquele grupo de cinco raparigas de ballet,
raparigas de ballet,
raparigas de ballet
já vai tomando o recinto
e rodando com o disco.)

«Você é a causa do meu pranto...»

Não vale a pena chorar. . .
(Não é então grande o amor)
O grupo deixou de andar da esquerda prà direita.
Parou.
(E roda ao contrário agora
aquele grupo de cinco raparigas de ballet,
raparigas de ballet,
raparigas de ballet.)

«Oh yes, I'm a great pretenderI»

O disco mudou também
e vai repetindo o mote.

(– Let us go then, you and I» (*)
– Yes, yes, Mr. Eliot!)


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(*) – Do início de «The Love Song of Alfred Prufrock» de T. S. Eliot.

 

 

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