|
História de uma paixão
Macedo Pita *
Reservei a última página do
nosso Boletim para a publicação de textos e informação fornecida pelos
nossos associados, se assim o desejarem. Referi, no anterior número, que
esperava que o Boletim se transformasse na "revista do Clube" e esperava
também que os números seguintes "fossem mais elaborados e mais
enriquecedores". Isso só será possível se os sócios do CAAA nele
participarem. Participação que pode ser feita através do envio de
histórias relacionadas com a nossa paixão ou através da informação sobre
assuntos de interesse geral para o Clube e seus associados. Deixo assim
o apelo a essa participação, numa tentativa de aumentar o interesse dos
nossos sócios pelo Clube. É nesse âmbito que aqui deixo a primeira
história, esta relacionada com o meu "menino".
Já lá vão 47 anos, mas as
imagens continuam na minha memória visual como se tivesse sido ontem.
Tinha eu sete anitos quando me apercebi que meus pais andavam a juntar
algum dinheirito para algo que eu ainda não percebia. Diziam-me que era
uma surpresa.
Depois de quase um ano a
poupar lá veio o dia em que os ouvi dizer que já tinham os 51 contos de
que necessitavam. Para quê? –
perguntava eu entusiasmado.
A resposta lá vinha: é surpresa. E a surpresa chegou um dia. O meu pai
dava aulas na antiga Escola Comercial e Industrial de Aveiro, hoje
Escola Secundária Mário Sacramento, e nós vivíamos em Sangalhos, a 25
quilómetros de Aveiro. O comboio era o meio normal de transporte
para o meu pai. Mas esse hábito alterou-se de repente e meu pai, nesse
dia, não chegou à hora habitual a que chegaria se viesse de comboio.
Decorria o mês de Março de
1961, mais concretamente o dia 16, e estava eu a brincar com uma galinha
–
o meu animal de estimação a que dei o nome de Poulli Poullete, em
homenagem a uma personagem da banda desenhada de então, quando ouvi
minha mãe chamando-me, pois, dizia, "vem aí o pai". De facto o pai vinha
lá. Só que em vez de vir a pé da estação da CP, que se situava no
Paraimo, a cerca de 3 quilómetros de casa, vinha de... carro... um
brilhante Volkswagen 1200 azul estava parado à porta de casa.
Um modelo "De Luxo", segundo
a designação do livrete. E, por isso mesmo, apresentava as borrachas dos
estribos e os frisos dos guarda-lamas da mesma cor do carro. Um extra
que fez com que os meus pais tivessem que vender as árvores de um pinhal
para arranjar mais mil escudos para pagar a viatura. É que o preço
original era de 50 contos, mas o tal "extra" encareceu-o em mil escudos.
Um carro novo que ainda
existe. É hoje o meu "menino", tratado com todo o carinho e nada lhe
faltando para que se sinta bem. Até a garagem tem desumidificador..
* Editor
 |
|