Já lá vão umas boas dezenas de anos, um dos
melhores colaboradores, se não o melhor que o espaço «Aveiro e
Cultura» teve o prazer de conhecer – que é como quem diz a minha pessoa
– entrou-me pela porta do gabinete da Secundária José Estêvão, onde em
Aveiro mantenho desde 2001 este projecto. Trazia debaixo do braço um
volumoso dossier de calendários ilustrados de bolso, que um amigo
dele coleccionava e tinha o cuidado de arquivar metodicamente em folhas
plásticas transparentes, com bolsas para guardar os exemplares.
Colocou-mo em cima da mesa e perguntou-me:
– Professor, isto tem interesse para o
projecto que colocou na Net?
Na altura, perante aquele inesperado arquivo
tão bem organizado, lembro-me de lhe ter dito:
– Isto é seu? Também se interessa por este
tipo de colecções?
Respondeu-me que não, que era de um amigo
que coleccionava selos, moedas, postais ilustrados e calendários de
bolso.
Folheei demoradamente o volumoso arquivo,
deliciado com o que estava na minha frente.
– Nunca me tinha passado pela cabeça
coleccionar calendários destes. Em miúdo um professor primário
entusiasmou-me com a colecção de selos, oferecendo-me vários exemplares
e ensinando-me a guardá-los, construindo um álbum a partir de folhas
brancas de papel, que designávamos por «papel cavalinho», próprias para
a prática do desenho geométrico e manual.
E acrescentei, após uma análise que me
despertou o desejo de aproveitar aquele interessante espólio:
– Deixe-me que lhe diga que considero este
espólio extremamente interessante, mas, de momento, não será possível
pegar-lhe, porque andamos ocupados com os postais ilustrados que nos têm
chegado, mandados por diversos coleccionadores do país e trazidos também
por si. O amigo poderá deixar aqui o espólio, mas não lhe posso dizer
quando é que poderemos começar com ele. Mas como poderá fazer falta ao
seu amigo, penso que será melhor levá-lo por agora; e ou o traz de novo, se ele o confiar à
nossa guarda, ou trá-lo-á um dia mais tarde, quando o afluxo de postais
ilustrados tiver diminuído.
Esta conversa que aqui procurei reconstituir
ocorreu lá pelo ano de 2003. Para sermos mais exactos, por meados de
Abril desse ano, quando o projecto dos postais ilustrados estava lançado
e a fazer sucesso.
Mais de vinte anos estão decorridos desde
aquela manhã em que tive o prazer de conversar com o amigo Henrique
Neves. E como gostaria de o voltar a ter aqui comigo! Infelizmente,
quando a nossa validade se esgota, não há nada a fazer. Deixei de o ter
no meu convívio em Maio de 2021.
Agora, em princípios de Setembro de 2024,
uma colega de profissão de Lisboa surge-me a
dizer que, embora não seja coleccionadora, tem diversos calendários de
bolso com vários temas. E pergunta-me, à semelhança do que fez o meu
amigo Henrique Neves, se estes calendários poderão ter interesse para
juntar ao espólio cultural do espaço «Aveiro e Cultura».
Lembrei-me do que ocorreu com o magnífico
álbum desperdiçado, porque desconheço quem era o amigo que o possui ou
possuía; e não hesitei. Em 30 de Setembro de 2024 nasceu esta nova
rubrica intitulada: «Calendários Ilustrados de Bolso»
Seria agora o momento de explicar como estão
estruturadas e funcionam estas páginas. Mas não! Não vamos aqui explicar como funcionam as
páginas deste arquivo. Por esta altura, com as novas tecnologias já
sobejamente conhecidas, poucos serão os que desconhecem como se navega na
Internet.
Deixo aqui apenas uma breve anotação para os
que começaram há pouco a familiarizar-se com estas tecnologias. Os
modernos browsers, isto é, as ferramentas para navegação na Net
não são mais o que foram em tempos que já lá vão. Para aumento da
rapidez, reduziram-se à expressão mais simples, deixando de apresentar
recursos que eram valiosos, tais como fundos musicais das páginas,
utilizando ficheiros compactos no formato midi, etiquetas
suplementares de informação, utilíssimas para consulta pelos invisuais,
efeitos de transição das páginas, etc. Nós, por uma questão de princípio
e porque prezamos a qualidade, mantemos a programação em HTML tal como a
ensinávamos aos nossos alunos do ensino superior, embora nos dê um pouco
mais de trabalho. Se tiverem um browser antigo instalado (p. ex.,
Internet Explorer 8 ou anterior), que poderá ser instalado mantendo
simultaneamente os modernos, poderão usufruir desses antigos recursos.
Para os que utilizam os modernos browsers, se quiserem saber qual
a música escolhida por nós para fundo da página, cliquem na hiperligação
colocada a seguir a este texto, em letra de tamanho 8. Descarreguem o
ficheiro, que não gasta espaço quase nenhum, e apreciem a música. Para
os melómanos, até aconselho a que descarreguem o ficheiro e o juntem aos
outros em formato mp3. Verão que, com um centésimo ou milésimo do espaço
utilizado pelos ficheiros actuais de música, terão uma audição com
elevadíssima qualidade, graças às interpretações de músicos que as
tocaram e gravaram utilizando os modernos sintetizadores.
Resta-me deixar aqui o meu agradecimento à
colega Maria João Dias Pimenta, não só pela colaboração que começou a
prestar-nos a partir de meados deste ano, mas sobretudo por esta valiosa
sugestão.
E que outras pessoas que consultam a Net e
se interessam pelas coisas da nossa cultura tenham também a boa ideia de
colaborar connosco.
Aveiro, 2 de Outubro de 2024
Henrique J. C. de Oliveira
PS – Se
quiserem saber os nomes das composições, os autores, o nome dos
intérpretes, os instrumentos utilizados, o número de pistas e o nome das
firmas que forneceram os ficheiros musicais MIDI, instalem, por exemplo,
o programa WINAMP. Com esta aparelhagem virtual de música, poderão ver a
ficha técnica que geralmente acompanha este ficheiros, clicando na opção
intitulada: «View file info [Alt+3] - NOTA: Não aderi ao
acordo ortográfico de 1990. Se o fizesse estaria a passar a mim próprio
um atestado de incompetência. Respeito profundamente a minha língua; e as
palavras têm do direito de não ser foneticamente mutiladas. |