Joaquim José de Queirós, nasceu nas
Quintãs a 9 de Janeiro de 1774. Casou no Brasil com D. Teodora
Joaquina de Almeida, da qual teve seis filhos, evidenciando-se entre
eles, José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, pai do escritor José
Maria Eça de Queirós.
A actividade política deste liberal
estava bastante interligada à história de A veiro e à sua casa de
Verdemilho, onde passou alguns dos seus dias...
Era membro (Irmão Rosa Cruz) da Loja
Maçónica dos Santos Mártires, situada no Alboi, da qual faziam parte
outros intelectuais da época (desembargadores, bacharéis,
provedores, juízes de fora) .Esta casa, divulgadora de ideais
revolucionários, fez de A veiro "o Baluarte da Liberdade" , apesar de
ser olhada com algum "horror" pelos aveirenses, pois ali, dizia-se, os maçónicos davam
tiros na imagem do Nosso Senhor Jesus Cristo. O ambiente político
vivido nesta altura no país era de grande instabilidade... D. Miguel
regressara de Viena em 1828 (notícia recebida com frouxo
entusiasmo em A veiro), proclamara-se monarca absoluto, revogando a
carta constitucional de 1826 e dissolvendo as câmaras. Pertencendo o
Conselheiro Queirós à Câmara dos Deputados, tentou levar os seus
colegas a um protesto enérgico e global contra a política
anticonstitucional do regente, o que não conseguiu. Regressou a
Verdemilho, onde, juntamente com outras pessoas filiadas em lojas
maçónicas, começou a traçar o plano da revolução liberal, que haveria
de eclodir em Maio, nos dias 16 e 17, em Aveiro e no Porto
respectivamente.
Daqui mesmo fez expedir emissários de
confiança para diversos pontos do país, onde se achassem estacionados ou
já em marcha batalhões de caçadores liberais. Ele próprio se encarregou
de escrever a maior parte da correspondência.
A revolução teria como objectivos
derrubar o regime absoluto de D. Miguel e restaurar a Carta Constitucional. A nível militar, teria o
apoio do Batalhão de Caçadores 10.
Chegou a 16 de Maio e em Aveiro, logo
pelas 7 da manhã, o Batalhão estava formado e por todas as ruas se
ouviam "vivas à Carta", a D. Pedro IV e à Rainha D. Maria II. Os
primeiros gritos levantou-os o Conselheiro Queirós na praça do Comércio.
Mas a revolução, apesar de tudo, ia fracassar; nos Paços do Concelho,
alguns oficiais dos caçadores 10 e liberais proclamavam D. Maria II, depunham a vereação camarária e
elaboravam um auto que seria assinado por todos, enquanto os miguelistas silenciavam o quartel do
Carmo e prendiam nas suas casas o Tenente Coronel Silva Pinto, o Juiz de Fora Ribeiro Pinto...
entre outros.
De imediato, Aveiro iria sofrer com o
avanço das tropas miguelistas vindas do sul, que aqui lançaram o pânico
entre os aveirenses, com perseguições, prisões e forcas.
Francisco Manuel Gravito Veiga e Almada,
Francisco Silveira de Carvalho, Manuel Luiz Nogueira, Clemente da
SilvaMelo Soares de Freitas e outros companheiros da revolução de 16 de
Maio serão condenados à morte.
A sentença, dada a 25 de Novembro ao
Conselheiro Queiros, não era de modo nenhum mais leve, pois devia ser
conduzido pelas ruas do Porto com baraço c pregão, subindo depois a um
alto cadafalso e ser-lhe-ia decepada a
cabeça, sendo depois o corpo reduzido a cinzas.
Este clima de tensão e medo irá conduzir
o conselheiro ao exílio, primeiro em Inglaterra, depois na Bélgica; só
regressará um pouco antes de ser assinada a Convenção de Évora-Monte em
1834.
Vai assumir o cargo de "Desembargador
da Relação do Porto", e em 1847, será Ministro da Justiça.
Maria Albertina Nunes Santos.
Professora de História
Escola Secundária José Estêvão
Aveiro
BIBLIOGRAFIA
Arquivo do Distrito de Aveiro, volumes XI, XVI e
XL.
Boletim da ADERAV
Gomes, Marques, Aveiro Berço da
Liberdade.
A Revolução de 16 de Maio de 1828, Aveiro, 1928.
Idem, Memórias de Aveiro.
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