Maria Albertina Nunes Santos, Joaquim José de Queirós, In: Aveirenses Ilustres. Retratos à minuta, Edição do X Encontro de Professores de História da Zona Centro, Aveiro, 1992, pp. 45-46.


Joaquim José de Queirós, (Conselheiro Queirós) (1774-1850)

Joaquim José de Queirós, nasceu nas Quintãs a 9 de Janeiro de 1774. Casou no Brasil com D. Teodora Joaquina de Almeida, da qual teve seis filhos, evidenciando-se entre eles, José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, pai do escritor José Maria Eça de Queirós.

A actividade política deste liberal estava bastante interligada à história de A veiro e à sua casa de Verdemilho, onde passou alguns dos seus dias...

Era membro (Irmão Rosa Cruz) da Loja Maçónica dos Santos Mártires, situada no Alboi, da qual faziam parte outros intelectuais da época (desembargadores, bacharéis, provedores, juízes de fora) .Esta casa, divulgadora de ideais revolucionários, fez de A veiro "o Baluarte da Liberdade" , apesar de ser olhada com algum "horror" pelos aveirenses, pois ali, dizia-se, os maçónicos davam tiros na imagem do Nosso Senhor Jesus Cristo. O ambiente político vivido nesta altura no país era de grande instabilidade... D. Miguel regressara de Viena em 1828 (notícia recebida com frouxo entusiasmo em A veiro), proclamara-se monarca absoluto, revogando a carta constitucional de 1826 e dissolvendo as câmaras. Pertencendo o Conselheiro Queirós à Câmara dos Deputados, tentou levar os seus colegas a um protesto enérgico e global contra a política anti­constitucional do regente, o que não conseguiu. Regressou a Verdemilho, onde, juntamente com outras pessoas filiadas em lojas maçónicas, começou a traçar o plano da revolução liberal, que haveria de eclodir em Maio, nos dias 16 e 17, em Aveiro e no Porto respectivamente.

Daqui mesmo fez expedir emissários de confiança para diversos pontos do país, onde se achassem estacionados ou já em marcha batalhões de caçadores liberais. Ele próprio se encarregou de escrever a maior parte da correspondência.

A revolução teria como objectivos derrubar o regime absoluto de D. Miguel e restaurar a Carta Constitucional. A nível militar, teria o apoio do Batalhão de Caçadores 10.

Chegou a 16 de Maio e em Aveiro, logo pelas 7 da manhã, o Batalhão estava formado e por todas as ruas se ouviam "vivas à Carta", a D. Pedro IV e à Rainha D. Maria II. Os primeiros gritos levantou-os o Conselheiro Queirós na praça do Comércio. Mas a revolução, apesar de tudo, ia fracassar; nos Paços do Concelho, alguns oficiais dos caçadores 10 e liberais proclamavam D. Maria II, depunham a vereação camarária e elaboravam um auto que seria assinado por todos, enquanto os miguelistas silenciavam o quartel do Carmo e prendiam nas suas casas o Tenente Coronel Silva Pinto, o Juiz de Fora Ribeiro Pinto... entre outros.

De imediato, Aveiro iria sofrer com o avanço das tropas miguelistas vindas do sul, que aqui lançaram o pânico entre os aveirenses, com perseguições, prisões e forcas.

Francisco Manuel Gravito Veiga e Almada, Francisco Silveira de Carvalho, Manuel Luiz Nogueira, Clemente da SilvaMelo Soares de Freitas e outros companheiros da revolução de 16 de Maio serão condenados à morte.

A sentença, dada a 25 de Novembro ao Conselheiro Queiros, não era de modo nenhum mais leve, pois devia ser conduzido pelas ruas do Porto com baraço c pregão, subindo depois a um alto cadafalso e ser-lhe-ia decepada a cabeça, sendo depois o corpo reduzido a cinzas.

Este clima de tensão e medo irá conduzir o conselheiro ao exílio, primeiro em Inglaterra, depois na Bélgica; só regressará um pouco antes de ser assinada a Convenção de Évora-Monte em 1834.

Vai assumir o cargo de "Desembargador da Relação do Porto", e em 1847, será Ministro da Justiça.

Maria Albertina Nunes Santos.
Professora de História
Escola Secundária José Estêvão
Aveiro

BIBLIOGRAFIA

Arquivo do Distrito de Aveiro, volumes XI, XVI e XL.
Boletim da ADERAV
Gomes, Marques, Aveiro Berço da Liberdade.
                   
            A Revolução de 16 de Maio de 1828, Aveiro, 1928.
Idem, Memórias de Aveiro.


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