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Sérgio Paulo Silva, Memórias da Feira de St.º Amaro, 2ª ed., Estarreja, C. M. Estarreja, 2008, 84 págs.

Posfácio à 2ª Edição

A Feira de Stº Amaro acabou. Foi-se extinguindo como uma árvore velha. Hoje uma pernada, amanhã outra, enquanto as raízes teimavam, em vão, defender a planta.

Insensivelmente foi-se extinguindo e, quando a página estava voltada, já ninguém poderia dizer ao certo quando se dera o passamento porque o tempo tecera tudo na sua paciência de silêncios: as gerações de pessoas que a tinham feito ou sustentado, de igual maneira tinham desaparecido e, com elas, os seus animais, os seus hábitos e utensílios. Não vale a pena fingir vidas que já não existem. Já era assim quando fiz a primeira edição deste livro.

Quis então, como quero hoje, resguardar a memória, dar às novas gerações de Estarrejenses um pouco da nossa história, da vida dos seus mais antigos, quer valendo-me de imagens, quer valendo-me de textos. Nesta 2.ª edição incluo, entre outros, um texto que fala por si.

Na sua leitura atenta fica um precioso retrato de quanto animava a feira. Escrito por ardor político não podia tornar-se mais transparente após a peneira dos anos. No rebusco foi-me ainda possível encontrar mais algumas imagens, sempre preciosas, e penso ser igualmente de grande importância referir o achamento de sinais de vida primitiva no local, aquando das obras recentes na capela, o que nos leva já não para a suspeita mas para a certeza de ser a nossa região habitada por um povo anterior à idade dos metais. Finalmente, resolvi incluir duas crónicas que escrevi no Jornal de Estarreja apenas para servirem de amostra da miríade de estórias que a feira gerava, também elas, como o bafo do gado, concorrendo para a ambiência que enfeitiça a memória dos mais idosos.

Resta-me reiterar o apelo inicial, esperar que no futuro alguém, com melhores recursos e o saber que não alcancei, possa refrescar e tornar mais viva a memória da nossa Feira de

Santo Amaro, o que equivale a dizer da nossa gente e de quantos, por muitas léguas em redor, nos tinham por farol.

S. P. S., Outono de 2007

 
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