é uma linha
imaginária
chamaram-lhe
fronteira
do lado
de lá
o
fascismo em armas musculado e cruel
do
outro
o de cá
o mesmo
mas encapotado
brandos
costumes
do lado de cá
da fronteira
alguns
resistentes sérios
generosos e sabedores
acobertam refugiados
acreditando que outro futuro é possível
metralha e barbárie
do lado de lá
da fronteira
violência
violações
razia e
medo
fome
e uma
revolta sem paralelo
fátima
a poente da
fronteira
hipócritas orações
para
uns barriga cheia
para
outros
quase
todos
frustração e fome de tudo
estremadura e andaluzia
para além da
fronteira
meus
irmãos
aqui
tão perto
raiva e
morte
traições
e um
horizonte tão negro
rio
escondido
atravessando
a fronteira
guadiana
vindo
de espanha
trazendo sangue e mágoa
flagelado alfange alentejano
luta em
surdina
e um
abril tardando
dos dois lados da fronteira |