David Paiva Martins,
Aradas. Um olhar sobre a primeira metade do século XX (Da Junta de
Parochia à Junta de Freguesia). 1ª ed., Aradas, Junta de Freguesia
de Aradas, 2008, 268 pp. |
Terminou aqui o mandato de Bernardo Alves Pereira como
presidente da Junta. Foi a pessoa sobre quem houve maiores dificuldades
em colher dados identificativos. Nas actas, evidenciaram-se quatro
detalhes a seu respeito: que era proprietário, morava em Arada, era
genro de Manuel Simões Maia da Fonte, que fez parte da Junta no tempo do
Vigário Pato, e que ainda era vivo em 14 de Maio de 1946, altura em que
apresentou na Junta uma exposição-queixa onde denunciava – aliás
justificadamente – o alinhamento dum muro que o seu vizinho João das
Neves, dito o “Pragas”, estava a construir num terreno que, afinal, não
era dele mas sim pertença da Junta. E isso era tudo o que se sabia
acerca dele.
Interrogadas dezenas de pessoas, pouco se adiantou. No
registo paroquial de óbitos, não consta o seu nome. Até que,
relacionando dados dispersos de várias conversas, se concluiu que havia
ainda em Aradas uma filha dele. Mas a filha, de 86 anos, com as
limitadas faculdades próprias da sua avançada idade já não se lembra da
data de nascimento do pai, nem da da sua morte. Também não tem nenhuma
fotografia dele. Tudo o que soube dizer é que nasceu em Ancas, casou em
Aradas, era proprietário duma bela casa na antiga Rua Cega, agora
chamada Rua João Gonçalves Neto, onde residia e actualmente existe o
Museu Dr. Hermes. Está sepultado no nosso cemitério. Contudo, a campa
onde repousa não tem nenhuma indicação a seu respeito, refere só que foi
erigida à memória de Vicência Braga Chaves - que era sua sogra.
Essa campa, que é um sarcófago, constitui uma das mais belas
obras de arte existentes no nosso cemitério: no cimo dum elegante plinto
em pedra de Ançã, ergue-se a estátua duma linda mulher jovem, de joelho
em terra, debruçada sobre si mesma, em atitude de desespero absoluto.
Posteriormente, veio a descobrir-se casualmente uma pessoa
das relações de amizade dessa filha. O pouco que se conseguiu adiantar
mais foi que o Sr. Bernardo casou em 1914, que após isso emigrou para
Moçambique (onde em solteiro tinha estado como soldado) e regressou
cerca de 1933. Faleceu em 1951.
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