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N.º 13

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Junho de 1972 

Novas achegas para a personalidade literária de Júlio Dinis e para a sua obra

Por Dr. António Tavares Simões Capão

Egas Moniz, na sua obra sobre este autor, informa-nos que D. Ana Gomes Coelho da Silva teve sempre por seu tio a maior dedicação e a mais devotada estima. Que, após a morte do escritor, ela, seu irmão, o almirante Guilherme Gomes Coelho, sua esposa e seu tio, formaram um pequeno círculo em que o culto pela memória de Júlio Dinis era avigorado nas conversas de todos os dias. (1)

Claro que não foram só estas as pessoas de família que continuaram a alimentar o culto pelo escritor, como já o demonstrámos em artigo nosso (2), uma vez que seu primo, Dr. António Zagallo Gomes Coelho, veio a possuir os livros da sua biblioteca.

Escrevemos então no nosso ensaio (3) que Anitas promovera uma edição das suas obras que levaram impresso na capa o nome de cada pessoa de família a quem foram oferecidos os volumes publicados: Alberto, Rosa, Laura, Beatriz, Eduardo e Matilde (vid. foto n.º 1). Dissemos ainda que seu primo viera a herdar a biblioteca do Autor, de cujos livros apresentámos dois exemplares que estão na posse de seu neto, Arnaldo Zagallo Gomes Coelho Duarte Silva.

 Ora, relativamente à primeira parte das nossas afirmações, vimos fazer uma ligeira correcção, tentando esclarecer melhor o que dissemos: o conjunto das obras de Júlio Dinis saiu da tipografia «A Editora» – Largo do Conde Barão, 50 – Lisboa, em edições correspondentes, com o ano 1911 em todas as capas, variando numa das primeiras páginas entre 1909 e 1910. Assim, «As Pupilas do Senhor Reitor» apresentam 1911 e 1909, 14.ª edição, são prefaciadas pelo romancista portuense Alberto Pimentel, cujo artigo é precedido pela «Carta ao Editor» que serviu de prólogo à edição portuguesa de Leipzig, em 1875, levada a efeito por Brockhaus, da autoria do ilustre aveirense e erudito professor do Curso Superior de Letras, Augusto Pereira de Vabo e Anhaya Galego e Soromenho, nascido em Aveiro em 1834 e falecido em Lisboa a 9 de Janeiro de 1878, insigne tipo de intelectual que defendia intransigentemente as suas convicções. «Uma Família Inglesa», com os anos 1911 e 1909, 9.ª edição, sem prefácio. «Poesias», 1909 e 1911, 4.ª edição com uma «Advertência do editor» e um prefácio de A. X. Rodrigues Cordeiro. «Os Fidalgos da Casa Mourisca», 1911 e 1910, 9.ª edição, com dois volumes reunidos num tomo, sem prefácio. «Serões da Província», 1911, sem data interior, 8.ª edição, com uma «Advertência» do editor A. R. da Cruz Coutinho, «A Morgadinha dos Canaviais», 1911, 10.ª edição, «Inéditos e esparsos», 1911 e 1910, sem indicação da edição, mas sabe-se que é a 1.ª, com «Palavras Preliminares» de Sousa Viterbo e uma carta do Visconde de Castilho dirigida a Júlio Dinis sobre o romance «Uma Família Inglesa» (4).

Partindo, pois, desta edição conjunta das obras de Júlio Dinis, dela teriam saído os volumes especiais, com o nome de cada um dos irmãos indicados e com o oferecimento exarado de Ana Gomes Coelho da Silva.

Foi-nos gentilmente permitido compulsar cada uma destas obras oferecidas a ROSA, verificando nós que somente o volume «Serões da Província» não possui a oferta interior manuscrita que, aliás, é igual em todas as outras. Nelas pegámos quase religiosamente, congratulando-nos com o actual possuidor pelo carinho com que têm sido guardadas através dos tempos. O conjunto tem o seu quê de delicado: capa mole cor de vinho, nalguns livros já desbotada, com gravura de flores dourada, em cuja base se ostenta o título de cada uma e a um terço da gravura o pseudónimo do autor; mais abaixo o nome ROSA também dourado, bem como a data ao fundo: Junho de 1911; já sabemos que na página inicial interior não há correspondência com as datas da capa, de acordo com as citações que fizemos atrás.

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Da esquerda para a direita, de pé: Alberto Lamas Zagallo Gomes Coelho e Eduardo Lamas Zagallo Gomes Coelho. Sentadas: Matilde Lamas Zagallo Gomes Coelho Picciochi, Beatriz Lamas Zagallo Gomes Coelho Picciochi, Laura Lamas Zagallo Gomes Coelho Picciochi e Rosa Lamas Zagallo Gomes Coelho Duarte Silva.
 

Facilmente se deduz que as três primeiras irmãs casaram com três irmãos da família Picciochi de origem italiana. De todos os irmãos, Matilde, que é a mais nova, é a única que ainda vive. Rosa é a mãe do Snr. Arnaldo Duarte Silva, várias vezes citado por nós.

Damos em reprodução fotográfica a capa das «Pupilas» (foto n.º 2) e da página interior com a oferta manuscrita por Anitas (foto n.º 3); outrossim, uma / 54 / reprodução de uma fotografia do Dr. António Zagallo Gomes Coelho, mais jovem do que naquela que publicámos no citado artigo, e que é o ANTONINHO a que se refere na carta a Anitas, datada de Ovar, 9-8-63: «Chegou já de Coimbra o primo do Antoninho e por aqui está quase sempre. Agora mesmo, 4 horas da tarde, lá está nos Campos, onde dorme todas as noites». (5) Interessa acrescentar aqui alguns dados biográficos sobre esta personagem da família Gomes Coelho, que foi um pai bastante austero, sobretudo para com as filhas.

O Dr. António Zagallo Gomes Coelho, primo de Júlio Dinis, nasceu em Ovar em 6 de Junho de 1847, oito anos depois do Autor das «Pupilas», filho de António (ou José?) Gomes Coelho e de Rosa Zagallo Gomes Coelho, de Ovar. Formou-se na Escola Médica do Porto, posteriormente ao primo (6). Com medo à tuberculose, a doença devastadora da família, aceitou um partido médico na Barquinha, onde exerceu clínica mais ou menos durante três anos, dedicando-se, depois do casamento, à agricultura. Casou com Maria Luísa Lamas, ao tempo filha do dono da Quinta da Cardiga, nas margens do Tejo, que pertenceu ao Convento de Cristo de Tomar. Foi pai de seis filhos, entre os quais Rosa Lamas Zagallo Gomes Coelho Duarte Silva, mãe de Arnaldo Zagallo Gomes Coelho Duarte Silva, residente em Nampula. Morreu em Vila Velha de Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha, em 22 de Novembro ele 1913. (foto n.º 4).

*

É do conhecimento geral que Júlio Dinis se mostrou fortemente atraído e impressionado pelo «Pároco da Aldeia» de Alexandre Herculano; mas recebeu também com júbilo «Os Contos do tio Joaquim» de Rodrigo Paganino, obra a que se refere na «Carta ao redactor do Jornal do Porto acerca de várias coisas, assinada com o pseudónimo Diana de Avelleda e publicada nesse jornal a 28 de Maio de 1864; volta a ser reproduzida em «Inéditos e Esparsos» (7) e alguns excertos ligados a este problema em «Júlio Dinis e a sua obra» de Egas Moniz (8). Fazemos agora uma transcrição mais longa para verificarmos em que conta tinha Júlio Dinis o seu colega médico e literato:

«Apareceu um finalmente, um livro, cujo autor abençoarei com todas as veras do meu coração. Infeliz! Morreu já.

A meu ver desapareceu com ele um dos mais prometedores talentos de romancista popular, que têm surgido entre nós. O autor era Rodrigo Paganino, o livro «Os Contos do tio Joaquim».

A imprensa havia recomendado pouco este livro (9). Tem desses descuidos a imprensa. Li-o por isso sem a menor prevenção favorável. Mas era justamente um livro assim que Reine Garde pedia; é deste género de literatura que o povo precisa; é por esta forma que se resolve a importante questão das subsistências intelectuais, não menos valiosa, do que a que ocupa as atenções dos economistas.

Ora quando eu li o livro de Paganino pareceu-me encontrar nele justamente tudo o que debalde os críticos procuravam nos outros. Aquele, sim, era um livro verdadeiramente escrito para o povo e para as crianças. Livro em que a atenção se prende pela verdade, em que o gosto se educa pelo estilo, em que o sentimento se cultiva por uma moral sem liga, porque é a moral do decálogo e do evangelho; livro escrito segundo o programa estabelecido por Lamartine naquele belo prefácio da «Genoveva» e talvez mais / 55 / fielmente observado ainda por o nosso romancista do que por o próprio legislador.

Lembro-me bem que o li a um rancho de raparigas do campo e pude observar como elas o compreendiam sem custo. Não havia uma palavra que ignorassem, uma maneira de dizer que lhes causasse estranheza, as imagens faziam-nas sorrir pela exactidão, como sorrimos ao ver o retrato fiel de uma pessoa conhecida; não eram caracteres extravagantes, paixões excepcionais, situações inesperadas e únicas o que assim lhes absorvia a atenção; pelo contrário, era por aqueles personagens pensarem, sentirem e viverem como elas, que tanto lhes interessava o livro.

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Foi uma grande perda, a de Rodrigo Paganino! E, vejam; aquele volume, escrito para se ler no campo, como eu o li, junto à fogueira que crepita no lar, sobre a ponte rústica que atravessa o ribeiro ou no degrau da ermida que, elevando-se no topo do monte domina a aldeia toda, passou quase despercebido no mundo das letras. Não suscitou esse murmúrio literário, que acompanha certas obras felizes, murmúrio em que se reúne o louvor à maledicência, a hipérbole laudatória à calúnia escandalosa, os guindados elogios às censuras exageradas. Foi um livro anunciado apenas, lido por poucos, comprado por menos, livro cujo autor não tem o seu retrato gravado na «Revista Contemporânea» e que portanto quem quer tem o direito de desconhecer.

Foto n.º 2

E, apesar de tudo isso, aquele livro, como disse não sei a que respeito de não sei que obra, era alguma coisa mais do que um bom livro, era uma boa acção!

Aceitem-se estas palavras, – não a título de crítica literária – Deus me defenda de pretensões a esse género – mas como um tributo rendido à memória de um escritor infeliz, a quem sou devedora (10) de algumas horas de incomparável prazer, que a sua leitura me proporcionou.» (11).

Fizemos intencionalmente esta longa transcrição, porque o autor, para além da crítica literária que faz ao livro de Paganino – embora não a queira considerar assim! – explana todo um programa que se encontra implícito na sua obra: uma tendência democrático-social em que a exigência da educação do povo se manifesta concretamente; a necessidade de uma moral baseada no DECÁLOGO e no EVANGELHO, donde tem que irradiar um conjunto de tipos humanos em que a bondade e a tolerância são obrigadas a aplanar caminhos; uma concepção de vida em que o homem, colocado no agregado familiar e rodeado de uma natureza sã só pode viver pelo amor manifestado em todas as circunstâncias, ainda que os defeitos venham à superfície, mas sempre com possibilidades de correcção; uma comiseração premente pelos infelizes; e um delicado mas generalizado humor crítico que faz sorrir com amargura e fere sem causar sangue.

Seja qual for a obra do autor que tenhamos presente, não lhe escapam estas características e não há dúvida de que ele era uma sensibilidade muito apurada.

Ora, para além das ideias expendidas e da intercomunhão de ideais, havia naturalmente uma coincidência temperamental entre Herculano, Paganino e Júlio Dinis. Não nos parece que a carta de Gomes Coelho a Alexandre Herculano, de agradecimento pela saudação elogiosa às «Pupilas» (12) e pela oferta destas ao considerado mestre das letras pátrias, mostrasse a subserviência com que especularam alguns críticos mal intencionados. Herculano era homem capaz de, com sinceridade e abertura, apreciar e fazer um julgamento cabal da obra; e, quando fez isso, quando saudou o talento do jovem escritor, não foi por qualquer imperativo estranho ou de pedido; não precisava e, além disso, que razões há para denegrir o carácter do recolhido de Vale de Lobos? Por seu lado, Gomes Coelho ter-se-á sentido com razão lisonjeado e, no entusiasmo da sua sensibilidade, agradeceu como o coração lhe ordenava; não há, pois, o rastejar de quem solicita benesses, há o agradecimento sincero e justificado de uma alma delicada que se via aplaudida por quem considerava de valor. Vale a pena, a este respeito, ler a carta de A. Soromenho a Brockhaus, de 1874, onde se faz uma ligeira apreciação do carácter de Júlio Dinis. / 56 /

No balanço das críticas da sua obra, o número das positivas sobreleva em quantidade as menos favoráveis; mas foram estas totalmente prejudiciais? Não foram. Ajudaram a apurar a obra, até a dar ao autor uma noção mais exacta da sua responsabilidade literária; algumas, diga-se de passagem, foram mesmo justas.

Note-se também que não se entendendo com Camilo Castelo Branco, o aparecimento das «Pupilas» obrigou o grande escritor a curvar-se, como ressalta da carta que escreveu a Castilho, afirmando que iam nova progenies aparecia e que era altura de arrumarem as coisas para lhe dar lugar. Aliás Castilho, mestre puritano, não foi da mesma opinião.

O Dr. Egas Moniz chama a atenção para a crítica feita a este autor em geral e acentua que «o sucesso foi espontâneo, dizem os coevos e atestam-no os testemunhos insuspeitos da maioria dos seus críticos. Nem todos, porém, fizeram coro». (13)

Efectivamente, houve alguns que encontraram muito que apontar negativamente. Se Sampaio Bruno oferece um dos melhores ensaios críticos, um dos melhores estudos publicados sobre a obra de Júlio Dinis no séc. XIX (14), o mesmo já não se pode dizer de Andrade Ferreira (15), Fernandes Costa e Pinheiro Chagas, que, a propósito do estilo é rebatido – e muito bem quanto a nós – por Guilherme Braga. Mas há um dos grandes críticos desse mesmo século que também não alinhou com certos aspectos da obra de Júlio Dinis e que não tem sido indicado como de facto era merecedor, pois parece até ter passado despercebido: é Barreto Moniz. Nesta ordem de ideias, passamos a transcrever a crítica que extraímos de um dos seus ensaios:

«Não tendo nos olhos o estonteamento da visão, nem sentindo nas mãos o temor da paixão, Júlio Dinis pôde observar e descrever com verdade aspectos da vida e contornos de almas a que uma sensibilidade delicada e vibrante dava interesse e comoção. A sua convivência com escritores ingleses, psicólogos por educação e gosto, levou o mesmo a entremear as suas narrações de comentários em que a seriação dos pensamentos e as metamorfoses dos sentimentos eram objecto de observações exactas e finas. Incapaz, porém, de grandeza pela mediocridade dos seus talentos e dos seus desejos, excluído, pela pusilanimidade da sua imaginação, da pintura da realidade crua e feia, encerrado num optimismo de convenção e numa espécie de snobismo de felicidade burguesa e usando, além de tudo, de uma língua desleixada e pobre, a sua importância é secundária. Os seus romances são quadros amáveis em que sobre um fundo verosímil se movem figuras plausíveis, mas a timidez e as lacunas da pintura impedem que sejam considerados como reproduções cabais da Vida Humana.» (16)

Barreto Moniz, que nem ao próprio Eça, de quem era amigo, agradou com o seu estudo crítico onde inclui este parágrafo, criando uma situação de afastamento entre si e o criador do nosso romance realista, não pode também agradar-nos. Se bem repararmos, descobrimos o velho sistema de crítica, começando pela apresentação das virtudes para depois se carregar a tinta dos defeitos! Na verdade, começa por apontar as facetas positivas, para, no fim do segundo período, afirmar que a sua importância é secundária, deduzida da mediocridade dos seus talentos e desejos e da utilização de uma língua desleixada e pobre; deste modo, enquadra-se na linha dos críticos negativos acima apontados; finalmente, conclui que os seus romances não podem ser considerados como reproduções cabais da Vida Humana.

Respeitamos as opiniões do prestigioso crítico, mas não as aceitamos, por não concordarmos, nem em relação a Júlio Dinis (negativas) nem em relação a Teófilo Braga sobre «Miragens Seculares», em que nos parece apresentar-se subserviente perante o seu antigo professor.

Da crítica que transcrevemos, concluímos, salvo melhor opinião, que Barreto Moniz não conhecia Júlio Diniz nem os ambientes e tipos descritos e se limitou a seguir críticas anteriores; observando bem, há uma certa contradição implícita que nos desagrada. Barreto Moniz estaria já profundamente integrado na escola realista, naturalista até, e daí torcer-se perante ambiências que o ferem pela pureza e simplicidade, por traços precisos, e em que se movem personagens envoltas por um amorável clima de doçura que os espíritos agrestes e acicatados pela filosofia positivista insistem em não compreender. Fica, com efeito, excluído da pintura da realidade crua e feia, não por falta de talentos, mas porque, nas suas intenções, não havia lugar para essa crueza e fealdade. É quanto a nós um acto de vontade própria de Júlio Dinis, não de impotência literária ou intelectual, ou de insuficiência como quer Fernandes Costa.

Quanto ao facto de usar uma língua desleixada e pobre, lembramos a opinião de Andrade Ferreira ao afirmar que o seu estilo era repintado e lambido; poderíamos transcrever muitas outras frases em que se propõem denegrir a simplicidade e a facilidade de expressão; mas nós continuamos a preferir esta linguagem (não Língua) apreensível por todos, aos arrebicados jogos de conceitos dos críticos intelectuais; e consideramos que, na maioria das deficiências então destacadas, topamos nós muitas das suas vantagens e virtudes. Não se pense, no entanto, que ilibamos de defeitos toda a obra do nosso Autor; não; isso seria / 57 / tomar uma atitude de repulsa pela capacidade dos outros e de desconhecimento de alguns passos menos felizes da sua obra; mas, como até nesses pontos ela se torna simpática e atraente, nós não queremos atinar senão com uma crítica equilibrada e justa, nada tendenciosa.

Eça de Queirós, aliás, não foi da mesma opinião nas «Farpas», ao pedir tréguas por um momento na sua cruzada de ironia; mas lastimou que Júlio Dinis não se tivesse tornado popular: «Tanto é o nosso mal que esse espírito excelente não ficou popular». Não acreditamos que assim fosse; a obra de Júlio Dinis já estava largamente difundida entre o povo como ainda hoje está. Eça é que não teria conhecimento disso. «As Pupilas do Senhor Reitor» são uma das obras mais divulgadas entre o povo português, como já confirmámos por meio de um inquérito nosso.

Com efeito, a resposta a todas as críticas que foram feitas a Júlio Dinis foi dada pela massa popular; poderão os intelectuais ter abandonado a obra por não corresponder às suas aspirações e julgá-Ia até comezinha; poderão achar nela grandes defeitos de tessitura, de linguagem raffiné, com que se esconde muitas vezes o balofo da intelectualidade. O que é certo é que a obra de Gomes Coelho tem saído em edições sucessivas e os leitores sentem nela figuras e linguagem com que se identificam. Em verdade, não podem ser os actos violentos nem a realidade crua e feia o que os atrai; não é esse o vínculo que irmana; isso afasta. Porque é que «O Barão de Lavos» de Abel Botelho, que podemos enquadrar, à maneira francesa do Naturalismo, nos estudos amplos de análise de Patologia Social, como queria o seu autor, morreu? Porque é que foi restrita a divulgação desta obra quando o romance realista de Eça abriu caminho e venceu?

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Foto n.º 3 – A sua prima Rosa, como lembrança de muita amizade, Junho de 1911, offce A.G.C.S. (Ana Gomes Coelho da Silva)

Qualquer resposta a estas perguntas traria consigo o desenrolar de variadíssimas justificações; mas para nós basta-nos isto: é que não podia sentir o apoio de um consenso comum, porque não era portador de uma moral; ainda que nela se encontrem tipos verdadeiros, infelizmente, a obra é imoral e, mais do que isso, amoral. Teve que ser lançada fora da família portuguesa, onde não encontrou nem podia encontrar lugar; melhor, a família portuguesa afastou-a do seu convívio propositada e deliberadamente.

O veredicto da crítica da obra de Joaquim Guilherme Gomes Coelho foi dado pelo povo. Por isso, o editor de «Inéditos e Esparsos» (17) diz, em nota nesta obra, o número das edições e os milhares de exemplares saídos até 1900:

«As Pupilas do Senhor Reitor» –– 14 ed. – 28000 ex.

«Uma Família Inglesa» –– 9 ed. – 16 000 ex.

«A Morgadinha dos Canaviais» –– 9 ed. – 14 000 ex.

«Serões da Província» –– 7 ed. – 12 000 ex.

«Os Fidalgos da Casa Mourisca» –– 8 ed. – 13 000 ex.

«Poesias» –– 4  ed. – 7 000 ex.

Estes números parece que nos dizem qualquer coisa. São bastante elucidativos. Eça de Queirós não tinha razão. Alberto Pimentel, em 1872, arriscara uma opinião que o futuro tem confirmado: «De Gomes Coelho só morrera o homem; o escritor ficara». (18)

*

Este livro de «Inéditos e Esparsos» apresenta um conjunto de trabalhos verdadeiramente dignos de interesse pelo muito que nos dão a meticulosidade de Júlio Dinis, da sua maneira de pensar e agir quer do ponto de vista privado, quer do ponto de vista político-social e literário, quer do ponto de vista humorístico, sentimental e muito íntimo. É uma obra apaixonante para os estudiosos da personalidade do autor, pois que confirma muitas opiniões expressas a seu respeito / 58 / e nos revela facetas do seu carácter muito esclarecedoras.

Achámos a primeira parte do livro, isto é, a que apresenta as NOTAS do escritor, muito reveladora do seu método de trabalho: o «Índice das cartas literárias a propósito dos meus livros», o «Rendimento das minhas obras», as «Ausências», além de curtas transcrições de autores estrangeiros, ingleses e franceses, breves opiniões sobre críticos e críticas das suas obras, etc. – tudo isso faz parte de um espólio maravilhoso aí reunido, digno de estudo com maior profundidade.

A propósito das «Ausências» quero somente recordar aquelas em que menciona Aveiro –1864 e 1867 se bem que o autor se refira a esta cidade num maior número de cartas e nestas nos dê por vezes as suas impressões sobre a povoação e as suas gentes.

Para o aveirense menos dedicado a estas leituras, as suas citações terão o valor de curiosidades bairristas que o devem desvanecer.

Das cartas apresentadas na 1.ª edição de «Inéditos e Esparsos», duas são datadas de Aveiro (1864 e 1866); em seis fala da cidade ou refere-se a ela ligeiramente (5 de 1863; 1 de 1864).

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Foto n.º 4 – O Dr. António Zagallo Gomes Coelho, pujante de vida, numa fotografia pouco posterior à sua formatura.

Apresentamos cronologicamente as citações de algumas e, quando for necessário, faremos os comentários que acharmos convenientes; interessa desde já saber que Júlio Dinis costumava deslocar-se e permanecer durante algum tempo em Aveiro – porque aí possuía uma pessoa de família, como veremos numa das cartas, – procurando o melhor clima para a sua doença.

Na carta datada de Ovar, 11 de Maio de 1863, dirigido ao seu amigo Custódio Passos, diz-lhe: «Falei aqui com o José Correia, que me pareceu um tanto arrependido de ter deixado Aveiro». Ainda a Custódio Passos, de Ovar, 11 de Maio de 1863: «Conto por toda a semana que vem partir para Aveiro.» e, quase na parte final da mesma carta, depois de escrever que está fatigado da monotonia das planícies, afirma: «– Uma montanha, pelo amor de Deus! // Aveiro julgo que é a mesma coisa. Se for ao Bussaco, o contraste deve fazer-mo apreciar ainda mais».

Na carta de Ovar, 14 de Maio de 1863, para D. Rita Cassia Pinto Coelho, sua prima e madrinha do baptismo, que ele trata familiarmente nas cartas por Ritinha, quase no fim, escreve: «Não sei quando partirei para Aveiro; em todo o caso escreva-me a Ritinha para aqui que é mais que provável encontrar-me ainda.» Ao seu amigo Passos, de Ovar, 16-5.º-1863, informa: «Para falar a verdade, nem sei bem o que me obriga a demorar-me ainda; é certo porém que, tencionando partir para Aveiro no domingo que passou, ainda para domingo que vem tenho um passeio projectado com a família Correia e não posso dizer em que dia da semana próxima seguirei viagem.» Ainda a Custódio Passos, de Ovar, 12 de Junho de 1863, diz-lhe a finalizar a sua carta: «Parece-me que já não vou a Aveiro. Um parente meu em casa de quem tencionava hospedar-me, tem de partir para Lisboa. Mandou-me dizer que ficava a casa às minhas ordens; ora isto é motivo para nem entrar na cidade, pois teria de aceitar o convite, o que, na ausência dele, me não convém.» E de Ovar, 3 de Julho de 1863 escrevia-lhe ainda sobre o mesmo assunto: «Em primeiro lugar, desde que principiei a sentir que robustecia em Ovar, fui adiando a minha partida intimidado pelas descrições tétricas que os facultativos daqui me faziam de Aveiro; em segundo lugar concorreram cartas de família em que se me pedia que me demorasse até que se pusesse em exploração o caminho de ferro, para me visitarem; em terceiro, a saída de Aveiro de um primo em casa de quem de tinha de hospedar, porque na ausência, dele seria eu obrigado a aceitar a hospitalidade da família, que conheço pouco ou nada e, por isso, a viver pouco à vontade, condição indispensável para eu viver bem».

Note-se desde já que, no final deste trecho transcrito, Júlio Dinis não exprimiu bem as suas ideias, querendo dizer uma coisa absolutamente diferente do que escreveu; fez uma ligação de pensamento não de expressão, pois a condição indispensável para ele / 59 / viver bem não era o que lhe saiu da pena; e estes defeitos de escrita acontecem a toda a gente, quando se escreve sem preocupações de carácter literário a um amigo ou a uma pessoa de família.

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Foto n.º 5

As duas cartas mais interessantes sobre Aveiro são de 1864; a primeira, escrita de Aveiro, também a Custódio de Passos, dá-lhe conta das suas impressões sobre a cidade e do que pensa fazer. Vale a pena transcrevê-Ia quase na totalidade para regalo dos amantes de Aveiro:

«Aveiro, 28 de Setembro de 1864

Meu Passos

Escrevo-te de Aveiro. São 7 horas da manhã do histórico dia de S. Miguel. Acabo de me levantar. Acordou-me o silvo da locomotiva. Abri de par em par as janelas a um sol desmaiado que me anuncia o inverno.

A primeira coisa que este sol alumiou para mim, foi a folha de papel em que te escrevo; aproveito-a como vês, consagrando-te neste dia os meus primeiros pensamentos e o meu primeiro quarto de hora.

Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da Gafanha para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali.

Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela.

Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana (19) e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui.

A casa em que eu moro fica fronteira à que pertenceu ao José Estêvão. Há ainda vestígios das obras que ele projectava fazer-lhe e que, por sua morte, ficaram incompletas. Tudo isto se vendeu, e dizem-me por uma ninharia. (20)

Cheguei a Aveiro um pouco dominado pela apreensão de que talvez viesse a ser infeccionado pelos eflúvios pantanosos da terra e cair atacado pelas sezões, circunstância que não obstante o colorido local que me havia de dar, nem por isso me havia de ser muito agradável.

Nada porém de novo me tem por enquanto sucedido, e continuo passando bem, e, o que é mais, engordando.

...         ...         ...         ...         ...         ...         ...         ...         ...         ...         ...         ...         ...

Tua mana continua melhor?

O Eugénio de quem fui companheiro de viagem de Ovar até Aveiro, deu-me notícias favoráveis dela e espero que melhor as daria hoje se a visse.» Etc., etc.

Como vemos, a carta dá-nos pormenores curiosos através de uma pessoa que sabia observar e para quem a região pantanosa em que foi edificada a cidade e que a rodeia não seria propícia ao seu estado de saúde. Tem o seu interesse. / 60 /

A que escreve do Porto a Eugénio Luso, em 27 de Outubro do mesmo ano, dá-nos o pormenor atraente de imagens fixadas durante uma digressão, onde se completam as impressões sobre Aveiro e em que nos dá um tema seu preferido que irá fixar nas «Pupilas do Senhor Reitor» em 1866 (folhetins), ao falar da Chiquinha do João da Esquina, a trigueira dos versos de Daniel.

Vejamos esse belo passo da carta, em que recorda a excursão:

«A catástrofe do caminho na estrada de Pombal a Leiria, os esquecimentos e abstracções de Manuela Rey e as efusões de incómoda amizade daquele espirituoso alcobacense, os sorrisos da sua inocente patrícia; a cerveja de Bass, o arrebatamento amoroso do jumento que eu cavalguei; os percevejos da Batalha e a lâmpada romana que tanto sorria a seu mano Augusto, aquelas barbacãs arruinadas do castelo de Leiria, donde caíam pedras de instante a instante; tudo isto e outras muitas coisas se me renovam na memória, sem que as possam ofuscar as outras recordações, embora mais recentes, que me ficaram de Aveiro, da sua ria, do seu mexilhão, dos seus ovos moles e sobretudo das suas belas trigueiras. Porque de facto, não sei se concorda comigo, em Aveiro há trigueiras como em parte nenhuma.»

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                 Foto n.º 6

Por fim, como não podia deixar de ser, temos uma carta datada de Aveiro, 17 de Setembro de 1866, e dirigida à sua sobrinha Anitas que ele tanto estimava e com quem tão frequentemente se correspondia. É uma carta simples que fala de si próprio, do prazer de receber notícias dela, do interesse pala saúde das pessoas de família, do aniversário do Guilherme e da saúde do Alberto, cuja tosse anunciava a doença de família de que viria a morrer.

Vamos transcrever a parte inicial da missiva, por apresentar o único vínculo de pensamento com a cidade:

«Recebi a meia carta que me escreveste, inspirada por um pouco de mau humor imperdoável. Eu por aqui tenho andado e passeado com o fim de me curar, como um presunto. O certo é que graças ao vento, sol e ar do mar que tenho apanhado, estou negro, vermelho e feio de meter dó. Quando chegar ninguém me há-de conhecer.»

Depois das considerações que temos vindo a expor e de uma ou outra circunstância menos conhecida dos amantes da personalidade dinisiana, apresentamos seguidamente uma obra – «Tratado Elementar de Medicina Legal» – que foi manuseada por ele para a preparação do seu Acto, como deduzimos de ligeiras anotações a lápis da página 437 e da data que firmou junto da sua assinatura na primeira página do «Tratado» e que interpretamos como 8/1.º/61. Da dificuldade de interpretação de alguns passos escritos à pressa, talvez ao ouvir a exposição do professor da respectiva cadeira, não nos podemos admirar, pois a nossa própria experiência nos diz o que, com o estudante Gomes Coelho, teria acontecido. Quantas páginas nossas, rabiscadas em aulas universitárias, se tornaram para nós próprio difíceis de compreender, quanto mais para estranhos! Julgamos, no entanto, estar no caminho da boa interpretação.

Para além de tudo isso, confessamos a profunda emoção que nos abala ao folhearmos uma obra que sabemos ter sido objecto de leitura cuidada e de profundo estudo do nosso Autor, emoção que ficamos mais uma vez a dever à gentileza do Sr. Arnaldo Zagallo Gomes Coelho Duarte Silva.

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Passamos, pois, a transcrever as ligeiras considerações que o manuseamento da obra citada nos proporcionou. / 61 /

Galvão, Januário Peres Furtado – «Tratado Elementar de MEDICINA LEGAL – coordenado, segundo a legislação portugueza, para uso da mocidade estudiosa, e dos senhores facultativos, advogados, magistrados, militares, jurados, etc.» Na typographia de Sebastião José Pereira, Praça de S. Thereza, n.º 28, Porto, 1855.

Da obra atrás citada vamos dar três fotografias:

a) Uma da primeira página com o nome da obra, com a assinatura J. G. Gomes Coelho e uma data comprovativa, talvez 8/1.º/61; o primeiro traço de separação entre o algarismo 8 e o ordinal 1.º fica ligado aos dois, o que é normal na escrita cursiva; um traço mais alto, completamente isolado, separa o numeral ordinal do ano: 61 (1861); e nós sabemos que era seu hábito datar muitas das suas cartas com os ordinais correspondentes aos números dos meses.

Como acontece normalmente com o tempo, a tinta da assinatura de Júlio Dinis e a data perdeu a cor inicial e apresenta-se acastanhada (foto n.º 5).

Clicar para ampliar.
Foto n.º 7

b) Uma outra fotografia com o título da obra, fins a que se destina, nome do autor e credenciais académicas, uma transcrição em francês de Mahon, um desenho da casa editora, a designação desta, localidade e ano da edição (foto n.º 6).

c) Uma terceira mostrando a lombada da obra em causa indicando dois autores – Galvão e Macedo Pinto e em baixo o número 1, o que indica que havia outros tomos; este é da autoria de Galvão, como se pode ver pela fotografia anterior (foto n.º 7).

A obra apresenta algumas anotações a lápis que nos afirmam ter sido compulsada por um aluno de medicina, neste caso o estudante Gomes Coelho.

Logo na folha de protecção à capa, encontramos, também a lápis, a seguinte definição: «Responsabilidade em geral é a possibilidade phsicologica de julgar as nossas acções seg.do as disposições das leis» (sic). E depois de parágrafo: «Respon. Médica = é a obrigação q. teem de responderem pelas acções que praticam em foro médico como perito» (sic).

Das falhas de português verificadas nestas frases, nada temos a dizer, pois correspondem ao rabiscar rápido a lápis, sem qualquer pretensão de pureza da língua; é um mero e ligeiro rascunho de utilidade prática e imediata.

Na página 94, no começo do Capítulo Segundo, surgem as frases, também escritas a lápis, responsável como C e responsável como M, vindo a seguir um conjunto de números citando artigos e parágrafos da lei em vigor a que na obra se faz referência. Nota-se a mesma despreocupação nos apontamentos.

Na página 291, a propósito do parágrafo «Ficam de parte as modificações, dependentes da decomposição putrida dos orgãos, que são estudadas no Capítulo – Putrefacção na água –», anotámos que está riscada a lápis a expressão no Capítulo e, ao lado, encontra-se o breve apontamento: / q.do tratarmos.

Ao cimo da página 437, quase no início do Capítulo Duodécimo – Exame Cadaverico – há também breves frases de palavras abreviadas que pensamos ter podido interpretar. No topo, a largura da página está dividida com um traço de lápis ao alto; do lado direito, vê-se uma frase que não compreendemos bem a segunda palavra, mas que julgamos ser ato (acto); ora a expressão seria assim: Para acto. Do lado esquerdo, encontra-se outra frase que lemos Data de exame – e por baixo 25 de Maio. Na verdade, assim pode ser, porque Joaquim Guilherme Gomes Coelho formou-se em 1861 e só depois de se ter submetido a dois concursos de provas públicas é que ingressou, em 1865, na Escola Médico-Cirúrgica, como professor.

Ora o que aqui encontramos relaciona-se, quanto a nós, com a preparação para os seus exames finais do Curso Médico.

Sentimos um prazer indescritível em acarretar mais estas ligeiríssimas achegas para a já grande fogueira dinisiana que continua a crescer a cada momento em / 62 / convívio acolhedor com Júlio Dinis; mas agradou-nos particularmente a presença de Aveiro nesta longínqua cidade de Nampula, através das suas cartas. Quereríamos que todos, ao lerem estas notas, sentissem o mesmo júbilo que nos vai na alma, a mesma tranquilidade de espírito que vem do optimismo moral de uma obra que continua a ser viva e atraente.

Nampula, Páscoa de 1972.

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NOTAS

(1) – «Júlio Dinis e a sua obra», 1º voI. 1924, p. 174.

(2) – «Júlio Dinis – o médico das almas simples», in «Aveiro e o seu Distrito», n.º 11, Junho de 19171, pp. 7-19.

(3) – Opus cit. p. 18.

(4) – Estranhamos que, na «Catálogo da Exposição bibliográfica de Júlio Diniz» – Inaugurada no dia 13 de Novembro de 1939, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, véspera do centenário do grande romancista – Imprensa Portuguesa, Rua Formosa, Porto, 1939, só se indique, desta edição conjunta, a obra «Inéditos e Esparsos», na página 12.

(5) – «Inéditos e Esparsos», 1911, p. 291. O primeiro período citado na obra de Egas Moniz, voI. I, p. 152, apresenta o advérbio de tempo já antes do verbo e diz o primo Antoninho.

(6) – Corrija-se a minha afirmação, in «Aveiro e o seu Distrito», n.º 11, pág. 18.

(7) – Opus cit. pp. 182-195.

(8) – Opus cit. pp. 263-264.

(9) – Egas Moniz, Locus cit., não transcreve em parágrafo.

(10) – Entenda-se Diana de Avelleda, pseudónimo de Gomes Coelho.

(11) – «Inéditos e Esparsos», 1911, pp. 187-189.

(12) – «Inéditos e Esparsos», 1911, p. 327.

(13) – Opus cit., 1.º voI., p. 271.

(14) – «O romance rural», in «A geração nova», pp. 109-126.

(15) – José Maria d'Andrade Ferreira – «As Pupilas do Senhor Reitor – Crónica de aldeia por Júlio Dinis», in «Gazeta Literária do Porto», n.º 8.

(16) – «O Sr. Eça de Queirós – Estudo de psicologia», incluído em «Estudos dispersos», colecção, prefácio e notas de Castelo Branco Chaves, Portugália Editora, Lisboa, 1963, pp. 50-51.

(17) – Opus cit., 1.ª edição, p. 26.

(18) – Opus cit., 1.ª edição, p. XLVI.

(19) – Maravilhosa obra de arte, feita de mármore embutido de várias cores, que se encontra no convento de Jesus e de que a cidade de Aveiro justamente se orgulha (a nota é nossa).

(20) – A casa onde nasceu José Estêvão fica situada na antiga Rua dos Mercadores, à direita, logo a seguir aos Arcos, mas pertencendo também à Rua José Estêvão. Na fachada, a Câmara Municipal mandou colocar, no dia 18 de Julho de 1889, uma lápida que ainda lá existe, com as seguintes palavras: «Casa onde nasceu aos 26 de Dezembro de 1809 o grande tribuno parlamentar e benemérito cidadão portuguez José Estevam Coelho de Magalhães. Em honra de tão querida memória mandou a Câmara Municipal d'Aveiro fazer e colocar esta lápida por deliberação tomada em sua sessão de 10 de Fevereiro de 1887.» (A nota é nossa).

 

páginas 53 a 62

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