Alberto Ribeiro Soares, Companhia de Artilharia N.º 106. História das Operações em Angola - 1961/63, Coimbra, 2001, 26 pp.

10-OUT-1961 — CATETE passa a ser ocupada pela CCE 1963. A sede da CART 106 muda para VIANA.

Continua a depender operacionalmente do Comando do Sector 5 (LUANDA) e a ocupar as povoações de BOM JESUS e FAZENDA EXPERIMENTAL (FUNDA); destaca 1 Pelotão para CALUMBO, junto do Rio CUANZA e deixa de ocupar CABIRI.

Detectado mais um movimento subversivo, desta vez em CALUMBO, em ligação com o do BOM JESUS de 31 de Agosto, que é então completa e definitivamente dominado.

Mantêm-se os postos de controlo de viaturas e pessoal em diversos pontos da ZA. Prossegue a Acção Psicossocial nas regiões ocupadas. Fundam-se escolas e presta-se assistência sanitária às populações nativas.

28-OUT-1961 — A CART 106 volta a ser comandada pelo CAP MOURISCA.

10-NOV-1961 — Passa a depender operacionalmente do Comando do Sector 3 (sede na FAZENDA TENTATIVA) através do BCAÇ. 137, que guarnece o Subsector (SUBSEC) SUL-BENGO.

07-DEZ-1961 — Recebe ordem de marcha para a região do ÚCUA.

 

 

RESUMO

 Durante os primeiros 7 meses de comissão, esteve a CART 106 empenhada operacionalmente nas regiões de CATETE, CASSONECA e MUXIMA, zonas altamente contaminadas por ideias subversivas, facto já constatado muito antes dos acontecimentos de Março de 1961. Zona muito extensa e de itinerários difíceis (com excepção da estrada de CATETE) foi inicialmente ocupada apenas por 1 Pelotão, numa altura em que a rebelião estava no auge.

Só uma repressão enérgica e pronta pôde evitar o pior, que seria a sublevação e a fuga das populações numa zona muito populosa, evoluída e próxima de LUANDA. Organizações bem montadas e dirigidas foram abortadas a tempo e evitados muitos ataques a Fazendas e a povoações desprotegidas.

Nos casos em que tal não foi possível dada a extensão da ZA — como sucedeu na região de CASSONECA — foi sempre apanágio da CART 106 comparecer nos locais mais afectados em tempo oportuno, não regateando esforços, e perseguir e castigar os responsáveis o mais severa e rapidamente possível.

Foi assim que a CART 106, ao sair da região de CATETE, nessa altura já dividida por 6 Companhias — CCS/BCAÇ 137, CCAÇ 139, CCAÇ 140, CCAÇ 170, CCE 1963 E 11B. CCEv — deixou a zona completamente calma, o que ainda hoje se verifica, sendo a região considerada pacificada.

Pôde ainda a CART 106, logo após a chegada de 2 Companhias (que ocuparam CASSONECA e MUXIMA, o que reduziu consideravelmente a sua ZA), dedicar-se a uma Acção Psicossocial intensa e profícua, fundando escolas e prestando assistência sanitária às populações nativas e ainda protegendo as mesmas populações nos seus trabalhos agrícolas, nas regiões mais afectadas.

Actuou a CART 106 em bastantes operações, principalmente na região de CASSONECA, juntamente com Unidades de POLÍCIA MILITAR, PÁRA-QUEDISTAS, CCE 1963, CCAÇ 190 (“OP. CASSONECA”), BCAÇ 159 e BCE 21961. Efectuou também rusgas e prendeu numerosos suspeitos de actividades subversivas, além de ter capturado várias armas e documentos de grande interesse. Na região de CASSONECA destruíu 5 acampamentos.

A CART 106 sofreu 3 feridos em acidentes de viação, sendo um deles o seu Comandante. Está desfalcada de 3 Sargentos evacuados para a Metrópole e o seu pessoal acusa o efeito do clima, que é muito quente e doentio. Além disso, foi-lhe sido exigido grande esforço, especialmente na fase inicial, dada a inexistência de rações de combate e a grande dificuldade em obter alimentação e água potável em regiões sublevadas.


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