Nesse desafio, os aveirenses
perderam por um resultado volumoso mas, mercê de uma «azelhice» minha,
lograram o «ponto de honra».
Valadas disse-me depois: – Já
sei: como és da terra quiseste brindar os teus com um golo de favor.
Não o fiz propositadamente; mas
se o fizesse, alguém me poderia levar a mal essa pequenina desonestidade
desportiva? Quer-me parecer que não.
*
Foi portanto há uma vintena de
anos que tomei contacto directo com o futebol de Aveiro. A impressão que
me ficou dessa visita – devo confessá-lo com sinceridade – sobre o valor
do futebol local foi bastante desagradável; jogava-se pouco... e mal.
Esperei, no rodar dos anos, que
o futebol no Distrito progredisse, vivendo na esperança de um dia saudar
o representante da região pela sua subida à primeira divisão do
Campeonato Nacional. Mas o Destino, até à data, ainda não o permitiu.
Será que a nossa rapaziada não tenha tendência e gosto para a prática do
popular desporto? Quando me lembro do Dr. Mário Duarte, Dr. Rui Cunha e
outros mais convenço-me não ser essa a razão primordial por que o
futebol aveirense não progride.
É pena que tal facto se
registe, pois Aveiro lucraria muito se tivesse um clube na Divisão
Superior. Afigura-se-me que actualmente uma boa equipa de futebol é um
dos melhores elementos de propaganda da sua região. E Aveiro, pelas suas
características geográficas, pela sua indústria e pelos seus produtos
bem merecia ser visitada por muitos forasteiros. Mas enfim, à falta de
eventos no desporto-rei, orgulho-me com as vitórias dos «Galitos» no
remo.
E a superioridade aveirense nos
desportos náuticos mais me enraízam no espírito a ideia romântica
adquirida na mocidade, aguando da minha visita. Aveiro permanece ainda
uma cachopa de cara limpa enamorada do mar... |