Almanaque Desportivo do Distrito de Aveiro 1950, pág. 31.


À semelhança de todos os exercícios naturais, as origens do pugilismo perdem-se na imperscrutável névoa do passado mais longínquo.

Na antiga Grécia, o pugilato, irmão mais velho do boxe, começou a ser incluído no programa dos Jogos Olímpicos a partir de 688 A. C..

A história do boxe moderno principia com James Figg, que foi considerado em 1719 como o primeiro campeão britânico, disputando-se os combates a punhos nus... As luvas só muito mais tarde apareceriam, quase no final do século XIX.

Em Portugal, a prática da chamada «nobre arte» é algo mais recente. Embora já anteriormente cultivado, pode dizer-se que só a partir de 1913 o pugilismo ensaiou entre nós seguros voos, sendo Silva Ruivo o primeiro a abraçar o profissionalismo.

José Santa, campeão nacional de todas as categorias, durante uma sessão efectuada no Campo Pequeno.


B O X E


No Distrito, salvo algumas tentativas depressa malogradas, e as que se verificaram em Aveiro e em Espinho foram as mais curiosas, nada de notável se registou.

Desporto de combate, com uma ou outra raiz mais profunda somente nos grandes centros, o boxe não passou de qual outro efémero clarão no firmamento regional.

Todavia, dois dos maiores pugilistas portugueses de todos os tempos, que figuraram à cabeça de sugestivos cartazes em celebrizados ringues da Europa e das Américas, nasceram em Ovar José Santa e em Ílhavo Horácio Velha. Ambos tiveram à mão, por assim dizer, cobiçados títulos de glória. Apenas lhes faltou saberem estender os braços, se é que, mundo além, indivíduos dos mais baixos escrúpulos não chegaram a desviar os de José Santa do próprio título mundial!

Se no país o boxe parece estar agora em eclipse parcial, no nosso Distrito não resta dúvida de que o pugilismo se encontra há muito em total eclipse.


Na imagem, José Santa, campeão nacional de todas as categorias, durante uma sessão efectuada no Campo Pequeno.


 

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